Flamengo e Botafogo protagonizam neste domingo mais um duelo cheio de rivalidade, quando entram em campo pelo Campeonato Brasileiro. O clássico ganhou ainda mais hostilidade nos últimos anos, quando fatores extra-campo contribuíram para apimentar os confrontos dos times cariocas, principalmente após o Flamengo conseguir o direito de disputar seus jogos na Arena da Ilha, da Portuguesa-RJ, palco onde o Botafogo mandou seus jogos na última temporada. Por atraso no envio de documentos, a CBF não autorizou o clássico no local, a ser realizado em Volta Redonda, o que não apaga a promessa de mais uma partida acirrada e cheia de rivalidade.
Rusga com vídeo do 'Porta dos Fundos'
Há pouco mais de um ano, o canal humorístico no Youtube Porta dos Fundos publicou um vídeo chamado "Patrocínio", no qual satiriza as muitas marcas nas camisas dos times de futebol. Na gravação, que ficou no ar durante 15 dias, o Botafogo enfrentava o Flamengo e tinha, no uniforme, cerca de dez logomarcas.
A diretoria alvinegra entende que, no período, sofreu prejuízo de marca. E fez uma cobrança milionária num processo que se arrasta. Colabora para a rivalidade entre os clubes o fato de Antonio Tabet, um dos criadores do canal, ser o atual vice-presidente de comunicação do Rubro-Negro.
Caso Willian Arão
O volante, que viveu boa temporada no Botafogo em 2015, mas preferiu mudar de clube e rumar para o Rubro-Negro em 2016, é pivô de um problema que gerou desgaste entre os clubes nos bastidores. O time da Estrela Solitária trava batalha com Arão desde dezembro de 2015. As partes divergem na interpretação de renovação automática do contrato em caso de pagamento de R$ 400 mil, efetuado pelo Botafogo, mas devolvido pelo atleta duas vezes. Estendido o vínculo, o valor cobrado é no processo é o da multa rescisória: R$ 20 milhões. Flamengo e o jogador se amparam numa regulamentação recente da Fifa, que tornaria nula cláusulas do contrato de Arão com o Alvinegro. O Botafogo ainda acusa o Flamengo de ter assediado o volante quando ainda tinha contrato com o Alvinegro, e as relações entre os clubes se desgastaram desde o episódio.
Carga de ingressos de apenas 10% nos clássicos
No clássico entre Botafogo e Flamengo no primeiro turno do Brasileirão-16, na Arena da Ilha, o Alvinegro só disponibilizou 1.500 ingressos para os torcedores rubro-negros, o equivalente a 10% dos 15 mil postos à venda. Em clássicos nos outros estádios, o comum, ao longo dos anos, foi a divisão meio a meio. A questão gerou incômodo no Fla, que fez o mesmo na partida entre eles no segundo turno da competição nacional, no Maracanã.
Arena da Ilha
Por conta das rusgas, a diretoria do Botafogo deixou claro que não disponibilizaria a Arena da Ilha caso o Flamengo, que ficou sem uma casa na cidade do Rio boa parte da temporada passada, pedisse. Também foi ventilado que o Rubro-Negro tinha interesse em jogar no Engenhão, mas o Glorioso não cedeu. Assim, em 2017, o Flamengo superou os rivais e adquiriram o direito de mandar suas partidas no local. Após o término de obras, o rubro-negro deve estrear na sua nova casa contra a Ponte Preta, na 7ª rodada do Brasileiro.
Troca de alfinetadas no aniversário do Fla
No aniversário de 121 anos do Flamengo, em novembro do ano passado, o Botafogo usou sua conta oficial no Twitter para provocar o rival. O alvinegro postou imagens de matérias antigas de jornal, relembrando a goleada por 6 a 0 aplicada sobre Fla o em 1972, no dia que o Rubro-Negro completou 77 anos.
O Flamengo não deixou barato e respondeu também por meio do Twitter. O Rubro-Negro publicou imagens provocando o Glorioso pela goleada de 6 a 0 devolvida em 1981. Além disso, publicou um texto agradecendo em tom irônico e lembrando do 'chororô'.
Farpas e provocações nas redes sociais
As alfinetadas que marcaram o último aniversário do Flamengo foram só o ponto inicial de uma nova maneira dos rivais se provocarem: pelas redes sociais, os dois clubes transformaram em praxe trocar farpas após qualquer assunto envolvendo os times ganhar notoriedade. Quando o Rubro-Negro venceu o Bota pelo Estadual, eliminando os rivais na Taça Guanabara, mais uma provocação no twitter, prontamente rebatida pelos alvinegros como incitação à violência - é bom lembrar que foi num clássico Fla x Bota que um torcedor alvinegro faleceu após briga de torcidas organizadas.
Jogadores também entram na onda
Os jogadores também participam das provocações e não perdem a oportunidade de mandar indiretas aos rivais. No último mês, após o Flamengo ser eliminado da Libertadores pelo San Lorenzo, o clube alvinegro restava como último carioca na competição. Após garantir classificação às oitavas, o atacante Rodrigo Pimpão não se fez de rogado e relembrou a provocação feita pelos flamenguistas após eliminação do Bota no Carioca: "Para quem falou de não classificarmos no Carioca, agora vai ver do sofá a gente jogando a Libertadores", disparou o jogador ao fim do jogo.
Caso Sassá
O futuro do atacante Sassá é a última das disputas entre os clubes fora dos gramados. Afastado do time alvinegro por questões disciplinares, o atacante já não faz mais parte dos planos do treinador Jair Ventura, e o clube pretende negociá-lo nesta janela de transferências. O Flamengo demonstrou interesse na contratação do jogador, mas pesa contra a negociação o longo período sem atividade de Sassá, já que o acerto entre os clubes só poderia ser acertado em janeiro, quando encerra o vínculo do jogador com o Botafogo. Além disso, outras equipes já demonstram interesse em Sassá, como o Cruzeiro, e a péssima relação entre as diretorias cariocas poderia levar o atacante para BH.