Sonho Dourado! Saiba como o Cuiabá conseguiu o inédito acesso à Série B
Prestes a completar 17 anos de sua fundação, Dourado se prepara para encarar Botafogo-SP na semifinal da Série C e já colhe louros de planejamento a longo prazo
As semifinais da Série C do Brasileirão contam com um integrante ainda "jovem", mas que já deu muito o que falar. Prestes a completar 17 anos, o Cuiabá desbancou clubes como Joinville, Luverdense e Atlético-AC e, agora, visa degraus mais altos em sua história. Além de seguir na luta por uma vaga na final (precisa de uma vitória simples no jogo de volta da semifinal contra o Botafogo-SP neste sábado, em Ribeirão Preto), o Dourado disputará em 2019 a Série B nacional pela primeira vez em sua história.
- A nossa primeira meta é ser campeão da Série C. A vaga para a final ainda está aberta, jogamos de igual para igual na ida e vamos jogar da mesma forma com o Botafogo-SP em Ribeirão Preto. Mas, claro, já visamos o planejamento de 2019. - explicou ao LANCE! o atual dirigente do Cuiabá, Alessandro Dresch.
APÓS RETOMADA DO FUTEBOL, UM ACESSO À SEGUNDONA MUITO ESPERADO
Fundado em 2001 com a estrutura de um clube-empresa por Gaúcho (centroavante de sucesso em Palmeiras e Flamengo morto em 2016, aos 52 anos), o Cuiabá teve um início promissor e com dois títulos estaduais. No entanto, a insatisfação do ex-jogador com a Federação Mato-grossense de Futebol (FMF) o fez desistir do projeto em 2005, alegando falta de recursos.
Quatro anos depois, os empresários Aron e Cristiano Dresch retomaram o projeto do Cuiabá. A atual estrutura do clube, que conta com um Centro de Treinamento próprio, refeitório e academia, é elogiada pelos jogadores do elenco:
- A diretoria dá respaldo de salário em dia e condições de trabalho para nós. São muito honrados quanto a isto - afirmou o meia Eduardo Ramos.
No entanto, mesmo toda a estrutura, conquistando seis títulos estaduais e uma Copa Verde, além de obter dois acessos, o atual dirigente faz uma ressalva sobre o período que a equipe ficou na Série C:
- Foram sete anos lá. Já queríamos ter subido antes (para a Série B), mas por alguns erros nossos de planejamento, lidamos nos anos anteriores com luta para não sermos rebaixados.
Em relação à Série B de 2019, Alessandro Dresch mostra-se otimista, mas adota um tom cauteloso:
- A gente está conversando ainda. Com a Série B, vamos ter cotas de TV, o que nos ajuda a negociar questões de valores de patrocínio. Temos de dar todas as condições ao elenco de uma forma que antes não conseguíamos. Mas nosso objetivo será manter a equipe na Série B.
A MONTAGEM DA EQUIPE DO ACESSO
O planejamento para obter uma das quatro vagas da Série B começou ainda em 2017. Treinador com passagens pela Chapecoense e clubes de menor investimento no Sul, Itamar Schülle foi responsável por formar o elenco. De acordo com Alessandro Dresch, a comissão técnica contribuiu para dar fôlego ao Cuiabá em uma Série C tão disputada:
- Ele (Itamar Schülle) é sério, tem um conhecimento muito bom de futebol. Junto com ele, ainda veio uma comissão técnica empenhada, que nos ajudou bastante, em especial na preparação física. Em outros anos, a gente jogava bem mas, na reta final, o time ficava "sem gás".
Titular da meta do Dourado desde o início da temporada, Victor Souza destacou como a comissão técnica capitaneada por Schülle soube montar a equipe:
- Foi um planejamento a longo prazo para as quatro competições que a gente teria no ano. Aos poucos, foram chegando mais jogadores que ajudaram a encorpar o grupo. E sempre jogadores experientes, que não vieram por estrelismo, mas sim para buscar o acesso.
Em sua segunda passagem no clube, Bruno Sávio reconheceu que houve uma mudança significativa com o atual treinador:
- No ano passado era uma outra equipe. Mas acredito que estes jogadores sejam mais rápidos. Além disto, no ano passado, jogamos bem, mas empatamos muito. Acho que, neste ano, aproveitamos melhor as oportunidades - apontou o atacante, que voltou ao Cuiabá depois de defender o Bragantino.
ALTOS, BAIXOS E, ENFIM, ARRANCADA ATÉ A VAGA
A intensidade de emoções vem marcando a trajetória do Cuiabá desde o início da Série C. A equipe chegou a ter a liderança no Grupo B da competição, mas lidou com uma turbulência antes da arrancada para a fase final:
- Depois que a gente começou bem e chegou a liderar o grupo, veio um momento muito ruim. Foram três derrotas seguidas, caímos para o sétimo lugar. Foi um período muito incerto, de cobrança. Chegaram a especular a entrada de outros jogadores e mudança da comissão técnica. Mas o presidente manteve a comissão e nós decidimos nos mobilizar para buscar o resultado contra o Luverdense fora. Tivemos problema na viagem, mas em campo vencemos por 3 a 1. Ali, voltamos ao G4 e conseguimos união para ter uma arrancada, vencendo cinco jogos e, com o empate com o Operário-PR, conseguimos a vaga com três rodadas de antecedência - contou Victor Souza.
Nas quartas de final, a equipe despachou o Atlético-AC, ao obter uma vitória por 2 a 0 na Arena Pantanal e arrancar um empate em 2 a 2 no Florestão. Autor de um dos gols do jogo de volta, Bruno Sávio não esconde sua emoção por fazer um gol marcante:
- Ah, você sempre busca fazer gols importantes. O Cuiabá nunca tinha subido para a Série B, fazer este gol que ajudou no acesso ficou para a história e vai ficar marcado para sempre na minha carreira. Foi um momento de muita felicidade pelo gol mas, também, pelo jogo que nossa equipe fez, por todo o trabalho que vem sendo feito.
Aos olhos de Eduardo Ramos, a confiança passada com a união do grupo foi crucial para a vaga:
- Sempre acreditamos, pelo nível de jogos que a gente fazia. Foram raras vezes que saímos do G4 (do Grupo B). Além disto, a gente tem um comandante que cobra muito. não deixa "baixar a guarda", sabe o time que tem nas mãos e, com humildade, conseguimos.
AGORA, BUSCA POR SONHO MAIOR E BRIGA POR ARTILHARIA DA EQUIPE
O desejo de deixar o inédito acesso ainda mais marcante no coração do torcedor paira entre os jogadores do Cuiabá. Às vésperas do jogo de volta contra o Botafogo-SP, no Estádio Santa Cruz, os jogadores mantêm a confiança, mesmo precisando de uma vitória simples fora de casa. No jogo de ida, houve empate em 0 a 0 na Arena Pantanal.
- Temos consciência de que fizemos um grande jogo lá em Cuiabá, buscamos o gol sempre e eles se fecharam demais. Agora, temos 90 minutos para fazer história e conseguir uma medalha. Sabemos que o Botafogo é um dos favoritos, porque está acostumado a jogar contra times fortes do Paulistão. Mas vamos dar o nosso melhor e, se eu fechar o gol e a gente marcar, garantirmos um resultado que vai engrandecer ainda mais este acesso - afirmou Victor Souza.
A motivação para balançar as redes fica ainda maior para dois jogadores: o volante Marino e o meia Eduardo Ramos estão com sete gols na Série C. Porém, não há clima de disputa pela artilharia entre os jogadores.
- Graças a Deus, tive a oportunidade de brigar pela artilharia aqui no clube, jogando dcomo segundo volante. Mas a gente não tem vaidade, o importante é ajudar o clube - declara Marino.
Eduardo Ramos também diz que a artilharia está em segundo plano:
- Encaro com tranquilidade. Artilharia nunca foi meu forte, Nosso intuito é disputar o título, não importa de quem seja os gols, vou comemorar de quem fizer. Por mim, podem ser todos dele (Marino) - garante.
Segundo Victor Souza, garantir uma vaga na decisão da Série C é um sonho tanto para o Cuiabá quanto para cada os atletas:
- Jogar a final é maravilhoso para todo atleta. Tínhamos o sonho de subir, para elevar o clube que sonha com isso há anos, mas também temos de partir par nosso sonho pessoal. Estar numa decisão engrandece o currículo de qualquer jogador. Conseguir o acesso e vencer uma competição nacional torna ainda melhor nossa história.
Mesmo ainda "jovem", o Cuiabá quer mostrar que tem maturidade para disputar qualquer título.