Ao L!, Thiago Larghi cita falta de reforços e critica dirigentes do Goiás

Treinador comentou sua passagem de 38 dias no time Esmeraldino. Após seis jogos e suposta discordância no planejamento sobre contratações, ex-Galo deixa o clube

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O treinador Thiago Larghi, que deixou o Goiás na última semana, voltou a reclamar da ausência de reforços prometidos pela diretoria do Esmeraldino como um dos fatores que culminaram em sua saída do clube. Após ficar no comando do time por apenas 38 dias - liderando a equipe em seis jogos -, Thiago revelou ao LANCE! que não guarda nenhuma mágoa do clube de Goiânia, criticou o planejamento de dirigentes brasileiros e contou seus planos para o restante da temporada.

Ao todo, Larghi somou três derrotas iniciais, dois empates e uma vitória contra o então líder do Brasileirão, o Internacional. Superando as dificuldades com a rotina de treinos na pandemia, o treinador e sua comissão tentaram extrair o máximo dos atletas, segundo ele, mas, com a falta de novos jogadores, a mudança rápida requerida pelo clube não aconteceu como se esperava.

- Avalio a demissão como lamentável do que vínhamos implantando. A gente estava a três jogos sem perder, o que indicava que era um caminho a ser seguido. Mas, havia a necessidade da chegada de reforços para ter melhoria, porque o Brasileiro é muito competitivo, jogadores para melhorar o nível. Do primeiro ao último dia, temos a consciência tranquilo de que fizemos melhor para o clube.

'No final, o futebol brasileiro perde, a qualidade do jogo perde com a roda de demissões dos treinadores'


Nas redes sociais, após deixar o time, Thiago soltou um comunicado reclamando da ausência de novas peças que foram comentadas pela direção. Mesmo observando com uma experiência positiva, o técnico afirmou que a diretoria não executou o que foi combinado.

- Faltaram reforços sim, porque desde a primeira conversa com o Conselho, partiu deles (Goiás) a necessidade de reforçar. Cuidei de pensar os nomes, e os nomes que indicamos não foram... só o Edílson que chegou. Os outros seguiram bem, fazendo gols e boas partidas nos outros clubes, e eram indicações para chegar e somar ao grupo - disse ele, ao L!

Os torcedores do Goiás puderam acompanhar o trabalho de Larghi - que se destacou ao assumir o Atlético Mineiro em 2018 - por pouco mais de um mês, e se espantaram ao saber que, minutos depois do anúncio da demissão, Enderson Moreira estava chegando. Na visão de Thiago, o erro maior ficou na mãos dos dirigentes. Neste curto período de tempo, o treinador e outros atletas sofreram com a Covid-19, outro obstáculo do Brasileirão 2020.

- Senti que o planejamento deu errado. Havia a necessidade de ter reforços como foi combinado. Para exigirmos uma mudança mais rápida e que não seja através de treinamento, tempo e conceito, só com a vinda de jogadores ativos e em forma.

Thiago lamentou o pouco tempo de trabalho que teve no clube principalmente pela questão técnica do jogo. Afinal, para ele, uma melhor qualidade e competitividade dos próprios jogadores à uma adequação a filosofia de trabalho, é necessária uma preparação física. Diferente do que aconteceu em sua passagem pelo Goiás, a execução no dia a dia só acontece por treinos, o que demanda tempo.

Confira abaixo outras respostas do profissional:

DEMISSÕES DE TREINADORES NO BRASIL

Aos 40 anos, Thiago soma passagens como auxiliar técnico por equipes da Série A. O jovem treinador, que viveu sua grande experiência o substitui Oswaldo de Oliveira no fim de 2018 no Galo - precisou de quatro meses para mostrar aos diretores do time mineiro que poderia assumir o clube. Efetivado em junho e demitido em outubro, esta é a segunda vez que ele passa por um clube sem poder terminar o trabalho desenvolvido.

Aos 40 anos, Thiago já trabalhou no Galo (Divulgação)


Para ele, a “roda de técnicos” no Brasil precisa melhorar e já existe um consenso de que ela atrapalha a qualidade do futebol no país. Thiago Larghi defende, por exemplo, o limite de troca de comando por temporada.

- Possivelmente seria uma solução, porque dificultaria os dirigentes de trocarem com tanta facilidade. Há muitos dirigentes bons, qualificados, com visão, mas também têm os dirigentes que não são preparados, que não entendem bem o jogo, que não entendem bem o processo que envolve um time competitivo. Isso requer conceitos e tempo de trabalho bem definidos. Acho que a mudança de mentalidade vem acontecendo com o tempo, muitos debates já são feitos em tempo disso - afirmou o, agora, treinador sem clube, que seguiu:

- No final das contas, todos temos um ponto em comum: o futebol brasileiro perde, a qualidade do jogo perde com isso. Porque os jogadores precisam ser mais bem treinados para poder implantar dentro do campo aquilo que é pretendido e treinado para executar. Mas, isso é só com sequência, repetição. Futebol não se faz da noite para o dia.

FUTURO

- Ainda estou saindo de Goiânia e voltando para o Rio. Estou refrescando a cabeça. Em primeiro momento, quero dar uma relaxada, porque foram 38 dias de muito trabalho. Trabalhei junto da comissão e a gente se empenhou demais para tentar fazer as coisas acontecerem dentro daquele cenário que encontramos. É descansar nesse primeiro momento e estou vendo com meu agendo um novo planejamento para traçarmos. Ainda não recebi nenhuma proposta.

*sob supervisão de Aigor Ojêda

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