Dia 14 de março de 2020. Até esta data, o Brasil tinha somente 178 casos de Covid-19, ainda sem mortes confirmadas. No entanto, já esperando a pandemia que estava por vir, a Federação Paulista de Futebol (FPF) resolveu colocar os jogos do estadual em portões fechados.
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Dessa maneira, São Paulo e Santos se enfrentaram no Morumbi, pela 10ª rodada do Campeonato Paulista, pela primeira vez na história com um San-São sem público. A partida foi movimentada, com o Santos abrindo o placar no primeiro tempo, com Arthur Gomes.
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No entanto, Jobson foi expulso ainda antes do intervalo, o que fez com que o São Paulo crescesse na partida. Pablo, duas vezes, virou o jogo para o Tricolor, que ainda contava com Antony - fazendo sua despedida - e Alexandre Pato. Depois da partida, Diniz, treinador à época do São Paulo, falou sobre o fato.
- É muito estranho sem torcida, em esporte de alto rendimento, como o futebol que a gente pratica, o torcedor é um protagonista junto com os jogadores. Temos que esperar os próximos acontecimentos, para a gente saber se o Paulista vai parar ou não, a tendência é que pare, porque o número de casos tende a piorar, aumentar, proliferar, então até por uma questão de saúde pública talvez pare - disse o então técnico do São Paulo, Fernando Diniz.
Ele estava certo. Dois dias depois, em 16 de março, o Campeonato Paulista estava paralisado por tempo indeterminado para conter os casos de Covid-19 no país.
Jogadores tiram férias e redução de salário vira problema
Com a competição parada, os jogadores tiraram férias e os clubes tiveram prejuízo financeiro, sem torcida, sem renda de transmissão e também com os valores de patrocínio caindo. Sendo assim, era preciso uma redução salarial para manter os cofres equilibrados.
Se tratando de São Paulo e Santos, as reduções viraram polêmica. No Tricolor, a diretoria chegou a um acordo com os seus jogadores quanto às férias coletivas durante a pausa dos campeonatos devido à pandemia do novo coronavírus, mas não em relação à adequação salarial durante este período. Os atletas não gostaram da proposta apresentada.
A diretoria do São Paulo propôs uma redução de 50% dos salários em carteira referentes a março, abril, maio e junho (se o cenário não mudar até lá). Os jogadores receberiam os valores pendentes em seis parcelas depois que a situação se normalizasse. Para quem ganha menos de R$ 100 mil, o clube garantiria um mínimo de R$ 50 mil mensais.
No Santos, a situação foi mais grave. A diretoria impôs um corte de 70% nos salários mesmo sem acordo com os atletas. A situação gerou até uma nota coletiva dos jogadores, que ficaram incomodados com a falta de acordo. Em julho, o goleiro Everson e o atacante Eduardo Sasha pediram a rescisão de contrato na Justiça do Trabalho por conta de atrasos salariais e direitos de imagem.
Os rivais Palmeiras e Corinthians anunciaram um corte de 25% nos pagamentos do elenco.
Clubes voltam aos treinos, mas surtos assustam
Após três meses de paralisação e alguns treinamentos em casa, os times do Paulistão voltaram a treinar com bola no dia 1º de julho, com autorização do Governador João Doria. Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo organizaram trabalhos com uma rotina bem diferente do habitual, com direito ao controle contínuo de temperatura, túneis de desinfecção e todos os protocolos.
No entanto, mesmo com todas as medidas, não demorou muito para termos surto de Covid-19 nos elencos. Antes mesmo da volta aos treinos, o Corinthians teve 21 jogadores do elenco principal contaminados com o novo coronavírus em algum momento. Naquele momento, o elenco contava com 28 atletas.
Em novembro, no meio do Campeonato Brasileiro, foi a vez do Santos ter um surto na equipe. Dez jogadores pegaram a Covid-19, além do técnico Cuca, que precisou ser internado e do seu irmão e auxiliar Cuquinha.
O Palmeiras teve um problema maior. Foram nada menos que 18 casos no elenco, também em novembro, sendo o maior número de infectados no Brasileirão. Raphael Veiga, Willian, Aníbal, Breno Lopes, Alan, Matías Viña, Alan Empereur, Danilo, Gabriel Silva, Rony, Gabriel Veron, Jailson, Vinicius Silvestre, Kuscevic, Gustavo Scarpa, Quiñonez, Pedro Acácio e Marino foram infectados.
Já o São Paulo foi o clube dos grandes paulistas que melhor conseguiu contornar a pandemia. Apenas o volante Tchê Tchê, o meia Hernanes e o atacante Toró foram contaminados.
Competições voltam sem público
21 de julho de 2020. Depois de 127 dias, o Campeonato Paulista foi retomado, sem público e com diversos protocolos. O São Paulo já estava classificado para as quartas de final, enquanto o Santos buscava sua vaga, na mesma situação que o Palmeiras. Já o Corinthians brigava contra o rebaixamento e precisava vencer o dérbi.
O Timão venceu o clássico e todas as equipes se classificaram. Tricolor e Peixe foram eliminados nas quartas de final. Corinthians e Verdão fizeram a grande decisão com o Palmeiras sendo campeão.
A toada continuou no Campeonato Brasileiro, que começou no dia 08 de agosto. Com o calendário apertado, o torneio foi acabar somente dia 25 de fevereiro deste ano. Sem pré-temporada, as equipes já começaram o Paulistão em 28 de fevereiro. O Palmeiras nem finalizou a temporada, já que ainda disputa a final da Copa do Brasil, contra o Grêmio, no próximo domingo.
Agora, no dia 06 de março de 2021, o Morumbi, palco de vacinação contra a Covid-19, recebe mais um São Paulo x Santos. Desta vez, com números piores na pandemia: já são mais de dez milhões de infectados no país, com 259.271 mortos até esta sexta-feira. No Estado de São Paulo, 2.068.616 pessoas se contaminaram, e 259.271 morreram.