#VamoChape: Cinco anos após tragédia, Chapecoense lida com dívidas e amargo rebaixamento
Ao L!, presidente do clube, Gilson Sbeghen, conta razões para clube estar com dívida de R$ 120 milhões e diz que queda para a Série B gerará série de desafios em 2022
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A expectativa por "reconstrução" ganhou mais uma conotação na Chapecoense. Passados cinco anos do desastre aéreo no voo da LaMia 2933, o clube catarinense foi rebaixado à Série B com sete rodadas de antecedência (um recorde negativo na elite nacional). Já nos bastidores, os últimos anos trouxeram um acúmulo de dívidas, conforme detalha o presidente do clube, Gilson Sbeghen (veja no vídeo acima a entrevista na íntegra).
Ao LANCE!, o atual mandatário da Chape, Gilson Sbeghen, fez um panorama do que levou a esta situação.
- O ano de 2017 foi atípico em razão do acidente aéreo e de tudo. A Chapecoense teve a ajuda de muitos clubes do Brasil, que nos emprestaram jogadores... Houve acordo em relação a pagar salários e este fato abriu caminho para o nosso melhor desempenho na competição (oitavo lugar e vaga na Copa Libertadores do ano seguinte) - e detalhou:
- Já em 2018, não houve essa ajuda e, talvez, o clube não tenha conseguido entender esse processo. Achou que podia seguir com contratações que considero fora da realidade e, por isso, entrou uma espiral de dívidas. Naquela edição, se salvou nas últimas rodadas do rebaixamento. Em 2019, começou um gasto excessivo, além do que a Chape poderia, projetou um orçamento alto e que no fim não se confirmou - completou.
O salto na dívida da Chape já é bem alto, segundo o dirigente.
- Saímos de uma dívida que era de praticamente zero para R$ 120 milhões. Em 2019, tivemos de fazer reparcelamentos de folhas inclusive com ex-técnicos. Em 2020, diante da pandemia, todos entenderam a situação. Mas com a gente na Série A, a conta voltou a chegar - disse.
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A conquista da Série B, em 2020, foi vista como um ponto fora da curva.
- Foi outro ano atípico. Não imaginávamos subir para a Série A. Porém, a equipe foi se encaixando, mas vimos que tínhamos condições e fomos premiados com o título. Nosso objetivo imediato era permanecer na Série B - afirmou, frisando:
- Tivemos também um investimento alto, que acabou custando também - completou.
A mudança no planejamento após a saída do treinador campeão da Série B, Umberto Louzer, acarretou uma sucessão de desafios. A Chape teve Mozart na reta final do Catarinense, depois contou com os técnicos Jair Ventura e Pintado. Atualmente, Felipe Endres está no comando.
Sbeghen assumiu a presidência do clube no dia 4 de janeiro deste ano, no lugar de outro presidente interino. Paulo Magro no fim de dezembro de 2020, por complicações causadas pela Covid-19.
- Foi um desafio inimaginável para mim. Minha ideia era ficar na diretoria no período de transição após a saída do presidente (Plínio de Nês Filho). O Paulo Magro me convidou para, ao lado de outros vice-presidentes, fazer esse período transitório e convocar essa eleição no ano passado. Como 2020 transcorreu bem, entenderam que poderíamos ficar por mais um ano fazendo a transição. Aí veio essa infelicidade com o nosso saudoso Paulo Magro. Mas tentamos fazer o nosso melhor, que era manter o equilíbrio financeiro - destacou.
Gilson Sbeghen apontou uma das atenções do seu ciclo, que termina neste ano.
- Procuramos dar prioridade para as vítimas do acidente aéreo. Estamos cumprindo sem atrasar e esperamos continuar assim - disse.
Em entrevista coletiva na semana passada, o vice-presidente jurídico do clube, Ilan Bortoluzzi Nazário, frisou que houve busca por entrar em acordo com todas as vítimas. Destas, 83% firmaram acordos (alguns deles com indenizações já quitadas e outras pendentes). enquanto outros 23 formalizados judicialmente estão sendo pagos mensalmente.
A estimativa é que sejam quitados até 2027 ou 2028. Além disto, há outras 11 ações de sete familiares de vítimas que estão em tramitação e com as quais a Chape pretende fazer acordo.
Durante cerca de três anos e meio, foi pago em torno de R$ 20 milhões em acordos financeiros (o equivalente a 40% da dívida da Chape). O Verdão do Oeste pagou R$ 460 mil reais por mês das 23 ações. Porém, no ano no qual a equipe esteve na Série B, houve acerto com familiares para redução das parcelas R$ 250 mil. A Chapecoense ainda estima que falta o pagamento de outros 60% do valor previsto.
Enquanto o elenco "cumpre tabela" sob o comando do auxiliar Felipe Endres, Gilson Sbeghen, em seus últimos dias de mandato, já vê um 2022 complicado para a Chapecoense. Aos olhos do dirigente, disputar uma Série B requer uma nova mentalidade.
- Planejar-se neste cenário é difícil. A receita cai muito. Vamos começar esta reestruturação. Aprovamos no (Conselho) Deliberativo o clube-empresa e acho que é uma saída. Temos de fazer uma Série B muito equilibrada em 2022, pensando em não cair para a Série C - e ressaltou:
- A gente entende que não basta o clube empresa, mas também a profissionalização do futebol - completou.
O futebol já começou a passar por uma reformulação fora de campo. O atual presidente da Chape pede aos torcedores.
- A Chapecoense tem característica de se reerguer historicamente. Estamos em uma situação de recomeço, pensando em 2022. Não deixem de acreditar, não deixem de nos apoiar - destacou.
EVENTO EM MEMÓRIA ÀS VÍTIMAS OCORRE NESTA SEGUNDA
Nesta segunda-feira, às 19h, acontecerá na Arena Índio Condá o evento "Pra Sempre Lembrados". O evangelista Deive Leonardo foi convidado pelos familiares ligados à Abravic (Associação Brasileira das Vítimas com o Voo da Chapecoense), com apoio da Prefeitura de Chapecó e da Chapecoense.
Além das vítimas do desastre aéreo, a solenidade também homenageará quem morreu de Covid-19. O evento é gratuito, mas houve distribuição de ingressos para respeitar o distanciamento social. Há estimativa da presença de até 14 mil pessoas nas arquibancadas do estádio. Os ingressos já estão esgotados, segundo a Prefeitura de Chapecó.
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