#VamoChape: Famílias das vítimas ainda lutam para buscar respostas e indenizações anos após a tragédia
Representantes da Afav-C, Fabienne Belle e Mara Paiva dizem que acidente foi causado por negligência e confiam em auxílio da CPI da Chapecoense para apontar culpados
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A madrugada do dia 29 de novembro de 2016 continua a trazer um misto de luto e de indignação das famílias das vítimas do acidente aéreo da LaMia 2933, que vitimou muitos integrantes da delegação da Chapecoense, além de dirigentes e jornalistas. Passados cinco anos, as representantes da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense (AFAV-C) contaram ao LANCE! a árdua luta tanto para fazer justiça quanto para saber quais foram os responsáveis pela tragédia (veja a íntegra da entrevista no vídeo).
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Presidente da Afav-C, Fabienne Belle falou sobre o sentimento nestes cinco anos. A viúva do fisiologista Luiz César Martins Cunha, o "Cesinha", apontou.
- A madrugada de 29 de novembro não acabou para as famílias (das vítimas). Continuamos dentro dela. Enquanto todas as pessoas que contribuíram para que este acidente acontecesse estiverem soltas e as questões ainda não estiverem solucionadas, vamos permanecer congelados dentro deste dia neste dia - afirmou.
Atualmente, as linhas de investigação da Afav-C percorrem diversos países: no Brasil, na Bolívia, Colômbia, nos Estados Unidos e na Inglaterra. A vice-presidente Mara Paiva, viúva do ex-jogador e então comentarista da Fox Sports Mário Sérgio, falou sobre a busca por uma indenização.
- É claro que qualquer valor não vai trazer as pessoas que perdemos de volta. Mas houve uma lacuna que se abriu em nossas famílias. A indenização é justa, pois nossas vidas mudaram completamente. Cada vítima teve sua vida tirada de maneira vil. Eram vidas que entraram em uma aeronave na qual havia uma cláusula na qual determinava que, caso o avião sobrevoasse determinados países, entre eles a Colômbia, o seguro ficaria invalidado. Esses requintes de irresponsabilidade, de falta de consideração têm de ser considerados - disse, ressaltando:
- A apólice (de seguros) não tinha o mínimo de razoabilidade para transportar times de futebol. A LaMia transportou a seleção da Argentina com o Messi! Era uma prática que vinha acontecendo com uma série de falhas. Este voo começa lá atrás quando a diretora da LaMia, Loredana Albacete, filha do senhor Ricardo Albacete, negocia com a AON, uma das maiores corretoras de seguros do mundo. Quando eles fazem um "acordo de cavalheiros"para essa aeronave sair do solo, decreta a morte de pessoas, se torna uma roleta russa - completou.
A LaMia acertou o seguro proposto pela corretora AON, pela seguradora Tokio e pela resseguradora Bisa. A apólice teve um valor menor a partir da empresa transportar equipes de futebol, um fato incomum no mercado, fatos que são contestados pelos familiares das vítimas.
Fabienne Belle viu com entusiasmo a retomada da CPI da Chapecoense, que aconteceu nas últimas semanas. Aos seus olhos, a Afav-C achou uma forma de continuar a trabalhar por justiça quando o tema foi paralisado devido à pandemia,
- A CPI tinha parado, mas nosso trabalho continuou evoluindo na pandemia. Há um mês, nos reunimos com senadores e pedimos o retorno da CPI, para que o desfecho saia o mais breve possível. Nossa esperança é que eles nos auxiliem no caso e tudo seja comprovado - destacou.
O depoimento da controladora de voo boliviana Celia Monasterio (que, após ter sido suspenso na semana passada, aconteceu na última quinta-feira, 25) teve na Afav-C
- A Celia é só a ponta de uma série de negligências. A aeronave só saiu do solo porque tinha um seguro, mas este seguro tinha uma cláusula de exclusão para a Colômbia! Além disto, a corretora (de seguros AON), não cobriria de forma adequada o "sinistro". Eram US$ 25 milhões (R$ 134 milhões na cotação atual), quando os seguros geralmente são de bilhões. E quando há um time de futebol, os valores são dilatados, porque aumenta o risco, pois se trata de um patrimônio de uma equipe. A corretora propôs um seguro que não é coerente com o previsto. Se a AON não fosse tão flexível, o voo não havia saído - disse Fabienne Belle, que frisou:
- A Celia só prova a incapacidade de gerenciamento da DGAC (Diretório Geral da Aeronáutica Civil da Bolívia). Se havia um plano de voo que não cumpria o que era regulamentado, existiu má-fé. Ela (Celia Monasterio) representa a imperícia administrativa - complementou.
Mara Paiva faz um balanço sobre estes cinco anos de batalhas após o acidente.
- A gente vai atrás do mais importante, que é nossa reparação, mas estamos vivendo pequenas vitórias neste caminho - disse.
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