A partida entre Atlético-PR e Universidad Catótica-CHI nesta terça-feira, às 21h, na Arena da Baixada, marca a estreia da equipe paranaense na fase de grupos da Libertadores e também o aniversário de um ano do técnico Paulo Autuori no clube. Um período que demonstra uma boa relação dentro e fora de campo.
Nas quatro linhas, o comandante atleticano tem 66 partidas, com 29 vitórias, 15 empates e 22 derrotas, tendo um aproveitamento de 52%. A expressividade maior vem com um título paranaense, quebrando um jejum sem troféus desde 2009, e uma vaga para a competição internacional, com a sexta colocação na Série A do ano passado.
Completar uma temporada no Furacão não é fácil. Na era de Mario Celso Petraglia, de 1995 para cá, com uma breve pausa de quatro anos fora do clube entre 2008 e 2012, a média de um treinador seguir no cargo é de apenas três meses. O último que iniciou e terminou um Campeonato Brasileiro, por exemplo, foi Vadão em 1999 - assim como o atual técnico em 2016. E o próprio profissional de 60 anos nunca fechou um ciclo de um ano em seus 14 trabalhos em equipes brasileiras.
O casamento entre Atlético-PR e Paulo Autuori mostra um salto de patamar no planejamento dentro do CT do Caju. Depois de apostar em técnicos estrangeiros, emergentes e promissores brasileiros, a diretoria rubro-negra decidiu subir um degrau. Estudioso e alinhado com a ideia do time paranaense, em valorizar as categorias de base e utilizar toda a moderna estrutura dos bastidores para potencializar o desenvolvimento, o experiente profissional assumiu o desafio. E colhe os frutos dessa troca.
- Nada me prende a função que eu estiver exercendo, a não ser a coerência e as perspectivas do trabalho que me dão em relação ao futuro. A alegria que tenho de trabalhar aqui é por causa disso. Eu tenho certeza do que estamos fazendo, acredito muito no projeto e, mesmo que eu saia, vou continuar apostando e elogiando pelas ideias e excelências que já me referi em outras vezes. No Brasil é tudo por resultados e aqui não. Ganhar é importante, para mim também, mas não é tudo na vida. Ser vitorioso é muito mais que vencer um título. Estou satisfeito com essa marca de um ano e vou dar meu máximo sempre enquanto aqui estiver, porque trabalhar aqui me dá uma felicidade - comemorou Autuori.
Futuro dirigente
A visão de futebol do técnico bate com a de Petraglia, críticos do andamento do futebol no Brasil. É comum ver o treinador se posicionando contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), reclamando do calendário, planejamento e, recentemente, do veto à grama sintética a partir de 2018. Já o dirigente tenta lutar contra a discrepância nos direitos de transmissão e bate de frente com a Rede Globo, não aceitando os valores oferecidos no Estadual deste ano e transmitindo o clássico Atletiba através do Youtube e Facebook - o Furacão também fechou com o Esporte Interativo para a TV fechada no período 2019-2024 na Série A.
Vale lembrar que Autuori já não queria mais exercer a função de treinador e vinha se preparando para assumir outra frente, a de dirigente. Por acreditar no projeto atleticano, ele adiou a nova profissão e demonstrou que a harmonia entre diretoria, comissão técnica, funcionários e torcida deu muito certo. Os elogios ao treinador de pessoas que convivem o dia a dia atleticano são constantes.
O alinhamento é tanto que a tendência é de que o fim do ciclo como comandante em campo resulte em uma vaga no departamento de futebol do Furacão. Já há conversas para isso. O raro bom relacionamento com Petraglia caminha para que o Atlético-PR aproveite toda a experiência e capacidade de Autuori para sonhar alto e começar a brigar, definitivamente, por todas as competições que disputar.