Torcidas nas arquibancadas e times em campo. O clássico entre Atlético-PR e Coritiba, pela quinta rodada do Campeonato Paranaense, estava para começar as 17h quando o árbitro Paulo Roberto Alves Jr. relutou em apitar o início. A ordem veio da Federação Paranaense de Futebol (FPF) devido ao contrato com Rede Globo. O jogo não aconteceu.
O impasse demorou a ser explicado pela transmissão do Youtube. Após cerca de oito minutos parados, com os jogadores aquecendo e tocando bola no gramado, a informação foi repassada e divulgada.
A decisão do Atletiba ser transmitido na internet, de forma inédita no futebol brasileiro, saiu na sexta-feira, já que ambos não assinaram com a Rede Paranaense de Comunicação (RPC) - a emissora ofereceu R$ 1,5 milhão para cada. Pela lei brasileira, o direito de imagem da partida pertence aos clubes e nenhum regulamento pode ser superior.
- Eu queria explicar para as duas torcidas. Atlético-PR e Coritiba não venderam seus direitos por essa esmola que a RPC e a TV Globo quiseram nos pagar. É um direito nosso. E hoje nós queremos fazer a transmissão de forma gratuita pelo Facebook e pelo youtube. A Federação de forma absurda não quer que o jogo comece. Mas nós não vamos parar. Os dois clubes não venderam os seus direitos. A Federação de forma arbitrária quer que nós tiremos a nossa transmissão, não é ligada a nenhuma TV, é uma produtora que nós contratamos. Então não vai ter jogo. Peço desculpas as duas torcidas. Os técnicos estão de acordo. Eu já recebi o telefonema do presidente Petraglia e do presidente Bacellar que concordam com essa decisão - afirmou Mauro Holzmann, diretor de marketing do Furacão.
O locutor do estádio aproveitou para explicar a determinação aos torcedores presentes, que logo começaram a protestar contra a FPF e a Globo. Cânticos fortes contra a emissora e o presidente da entidade, Hélio Cury, além do tradicional "vergonha".
- A FPF está impedindo a transmissão. A nossa decisão é não recuar. Ele está atrapalhando o espetáculo. O Atlético-PR e o Coritiba não vão permitir isso. O árbitro tem o direito de apitar, ele é a autoridade máxima em campo e poderia contribuir. Não podemos ser reféns de ideias estreitas. É uma vergonha mundial - completou Luiz Sallim Emed, mandatário atleticano.
Dirigentes da FPF, na Arena, tentaram achar uma brecha no regulamento para que a partida acontecesse sem a transmissão online. Após 45 minutos de atraso, os jogadores do Coxa e Furacão subiram ao gramado novamente. Misturados e de mãos dadas, eles saudaram e agradeceram as torcidas presentes. Todos foram aplaudidos. Na sequência, os atletas retornaram aos respectivos vestiários.
Com quase 1h de atraso, a decisão definitiva foi cancelar o jogo. Os desdobramentos do clássico serão conhecidos no decorrer da semana.
- Não há nenhuma certeza do que houve de fato. A posição da justiça desportiva é de analisar o que aconteceu, o mais rápido possível, amanhã (segunda, 20) quem sabe. Através da súmula, que é o documento oficial, mas que pode ser constituída por outros meios de prova. Tivemos vários meios de ver o que aconteceu - disse o presidente do TJD-PR, Leandro Souza Rosa.
FPF se defende
Depois do clássico cancelado, a FPF se pronunciou através do advogado Emerson Fukushima. Em entrevista à Rádio Banda B, ele alegou que o problema era o credenciamento de repórteres.
- Não ocorreu uma determinação para suspender a partida pela transmissão por qualquer canal que os clubes combinaram. Repórteres não credenciados estavam em campo e não queriam sair de campo. Eles descumpriram o regulamento e a lei. Era só eles saírem que aconteceria a partida. Eu quero deixar bem claro porque estou ouvindo muitas mentiras da diretoria do Atlético-PR - pontuou.