Alvo de críticas da torcida, o alto número de contratações diminuiu em 2016 no Paraná. Com o anúncio do atacante Núbio Flávio nesta quarta-feira, fechando o elenco para a Série B, o clube paranaense terminou o ano com 25 reforços desde o início da temporada - cinco a menos desde o final de março do ano passado, no início da gestão "Paranistas do Bem".
Tentando manter uma base de 2015, mesclando com jovem revelados no CT Ninho da Gralha, o Tricolor não trouxe uma grande quantidade de jogadores para o Campeonato Paranaense deste ano, contratando somente nove atletas. O resultado foi liderar a fase de grupos e chegar à semifinal do Estadual, algo que não acontecia desde 2008 - a equipe foi eliminada dos pênaltis pelo campeão Atlético-PR, na Vila Capanema.
O discurso da diretoria era de que o investimento estava sendo poupado para ser feito no Campeonato Brasileiro, com o objetivo de conquistar o acesso à Série A. Assim, foram totalizadas 16 contratações - o prazo para trazer reforços expira nesta quinta-feira. O superintendente de futebol, Durval Lara Ribeiro, afirmou que era "um dos melhores elencos da Série B" - atualmente e oficialmente, ele está afastado do cargo, apesar de ainda ser visto no clube. Ex-ídolo do clube e também ex-empresário, Hélcio Alisk comanda o departamento agora.
Na prática, entretanto, a luta em cima da tabela não é o que está acontecendo dentro de campo. Atualmente na décima terceira colocação, com 33 pontos, o Paraná está a cinco pontos do sonhado G-4, local em que nunca ficou no torneio de 2016, e seis pontos acima da zona de rebaixamento.
Dentro da competição, passadas 25 rodadas, o time paranista só esteve próximo do seleto grupo em três rodadas consecutivas (14, 15 e 16), na quinta colocação, ainda no primeiro turno. Depois disso, o desempenho varia entre se afastar da ZR e sonhar com uma proximidade na briga pelos quatro primeiros.
- Hoje, infelizmente, nossa situação nos permite um tiro. Se a gente não acertar o leão em um tiro, vamos ter que cansar o leão até o fim do ano. Nossa situação não nos permite trocar o elenco no meio do ano - analisou Leonardo Oliveira, presidente do clube após a derrota por 2 a 1 para o Vila Nova-GO, na última rodada.
Apesar de diminuir o número de reforços, criticando diretorias passadas, o mandatário paranista eleito em dezembro do ano passado já fazia parte do grupo que tomou posse do Paraná em março de 2015, após a renúncia do então presidente Rubens Bohlen, que acusa sair por um golpe liderado pelo empresário Carlos Werner. O vice-presidente Luis Carlos Casagrande, o Casinha, assumiu a presidência na ocasião.
E o número de reforços apenas para o Campeonato Brasileiro foi maior que o de 2016. Como comparação, "Paranistas do Bem" contrataram 30 jogadores somente para a Série B daquela temporada - uma média de um reforço anunciado a cada quatro dias, entre a primeira e última contratação dentro do prazo. O Tricolor terminou na décima terceira colocação, com 47 pontos, muito mais próximo da ZR (quatro pontos) do que do G-4 (19 pontos). Outros sete atletas chegaram antes para o Campeonato Paranaense, quando foi eliminado pelo campeão Operário nas quartas de final, sob gestão de Bohlen.
- Eu saí de casa um ano e meio atrás porque não aguentava mais ver 80 jogadores passarem no Paraná por ano. Não vou fazer o mesmo que foi feito no passado. Não vamos mandar jogador embora a torto e a direito, prejudicar o clube com situações que só vão agravar o problema do clube sem pensar no amanhã - finalizou Oliveira.
Jogadores utilizados
Com o discurso de utilizar o um elenco enxuto, de até no máximo 33 jogadores,
o grupo que assumiu o Tricolor há um ano e meio não vem cumprindo com a promessa. O número de 2015, por exemplo, é maior que o de 2013 - ano em que o Paraná mais ficou próximo se subir, com 21 rodadas no G-4 e terminando na oitava colocação.
Em levantamento do portal Bem Paraná, o clube paranaense utilizou 47 jogadores em 2013, 64 atletas em 2014 e 53 profissionais em 2015. Como ainda há competição em 2016, o número final não foi finalizado.
Técnicos
Após Luciano Gusso começar 2015, sob a gestão antiga, o grupo "Do Bem" trouxe Nedo Xavier. Depois pulou para Fernando Diniz e fechou a Série B com o auxiliar-técnico Fernando Miguel. Nesta temporada, iniciou com Claudinei Oliveira e agora mantém Marcelo Martelotte. Ou seja, cinco treinadores em um ano e meio.
Em 2014, com Bohlen no comando, o Tricolor conseguiu chegar à marca de cinco técnicos no mesmo ano: Milton Mendes, Claudinei Oliveira, Ricardinho, Luciano Gusso e Ricardo Drubscky - esses dois últimos comandaram apenas uma partida. Já em 2013, na mesma gestão, outros três: Toninho Cecílio, Dado Cavalcanti e Ednélson - esse também só fez um jogo.
Confira os reforços do Tricolor em 2016
Zagueiros: Demerson, Pitty, João Paulo, Leonardo e Leandro Silva
Laterais: Dick, Nei, Diego Tavares, Henrique Gelain e Lucas Taylor
Volantes: Lucas Otávio e Wellington Reis
Meias: Nadson, Valber, Eliton, Murilo Rangel, Marcelinho e Cristian
Atacantes: Robson, Toni, Henrique, Robert, Fernando Karanga, Guilherme Queiroz e Núbio Flávio
Confira os reforços do Tricolor somente para a Série B de 2015
Goleiro: Felipe Alves
Zagueiros: Léo Coelho, Rodrigo, Rodrigo Sabiá, Luciano Castán e Zé Roberto
Laterais: Danilo Baia, Crystian, Elbis e Fernandes
Volantes: Jácio, Washington, Anderson Uchoa, Hélder e Rosinei
Meias: Éder, Marcos Paraná, Rafael Carioca, Rafael Costa, Danielzinho, Thiaguinho, Nathan, Gustavo Sauer e Gabriel Leite
Atacantes: Fernando Viana, Henrique, Wanderson, Carlão, Danilo e Lúcio Flávio