A euforia tomou conta da torcida paranista. E não é por menos. Desde 2013, único ano em que o clube lutou pelo acesso após a queda em 2007, o Paraná não empolga e faz a torcida acreditar no retorno à elite do futebol brasileiro. Na próxima terça-feira, às 20h30, contra o Náutico, na Vila Capanema, o Tricolor pode ultrapassar proporcionalmente a campanha de quatro anos atrás. O cenário atual, aliás, é mais favorável que o antigo.
Para fazer esse comparativo é bom contextualizar o passado recente. Nessa mesma vigésima quinta rodada daquele ano, a equipe paranaense também era a terceira colocada e tinha 45 pontos - dois a mais que agora. Após entrar no G-4 nas duas rodadas iniciais, o Paraná retornou dez jogos depois e ficou no seleto grupo por 15 partidas consecutivas.
Foi justamente a partir do duelo seguinte que o caminho para a Série A saiu do trilho. O Tricolor perdeu dois jogos em casa (América-MG e Avaí) e levou uma goleada por 4 a 1 para o América-RN. Além da queda de rendimento e na tabela, aquele elenco convivia com atrasos salariais desde agosto e chegou a boicotar a concentração em uma ocasião. A torcida percebeu o mau momento e recebeu a delegação no aeroporto Afonso Pena com muito apoio.
O empate com o Ceará no Castelão e o triunfo na Vila diante do Bragantino, na Vila, pareciam dar um novo ânimo para a reta final, só que uma sequência de tropeços brecou a arrancada. O time sofreu dois empates nos minutos finais contra Atlético-GO e Palmeiras diante de seu torcedor, além de ser derrotado longe de seus domínios para o Joinville (com a torcida 'invadindo' a cidade) e Boa Esporte - esse último depois de estar com dois gols de vantagem.
Nas rodadas finais, o clube paranaense ainda viu a Chapecoense comemorar o acesso dentro da Vila Capanema e o Sport, outro concorrente direto, vencê-lo na Ilha do Retiro e também conseguir subir. Nas últimas 13 rodadas, o Paraná fez apenas 12 dos 39 pontos possíveis, ficando com 57 e a três pontos da volta à Série A, na oitava posição.
O panorama traçado é bem diferente do atual. Com salários em dia durante toda a temporada, o grupo paranista não precisou se preocupar com problemas fora das quatro linhas que atrapalharam o desempenho em campo em determinado momento nos anos anteriores.
Mesmo com as trocas de técnicos, sendo Matheus Costa o quarto treinador, o perfil no comando foi sempre mantido e o modelo de jogo adotado desde o início também é o mesmo, baseado em bloco baixo, defesa forte e transições rápidas para o ataque. O time-base do Estadual é visto agora no torneio nacional, com contratações que encaixaram. O reflexo vem em números: terceiro melhor ataque (36) e terceira melhor defesa (19), com segundo melhor saldo (17).
Diferente de 2013, quando o bom futebol foi apresentado no primeiro turno, o Tricolor de 2017 está crescendo perto da metade do returno. O auge tático e técnico, inclusive, aparenta ser agora. A equipe vem de três vitórias consecutivas e o último revés foi no começo do mês passado. Dos últimos dez confrontos, são sete triunfos, dois empates e apenas uma derrota.
Melhor mandante da Série B, com 80,6 % de aproveitamento, o Paraná depende apenas de si para subir. Se vencer os sete duelos restantes na Vila, por exemplo, praticamente garante o acesso. Com a quarta melhor média de público do Brasileiro, de seis mil pessoas por jogo, o elenco e a torcida mostram uma sintonia única, com grandes festas no estádio e tendo recepções seguidas no aeroporto a cada jogo fora de casa.
Mais do que os 65% de probabilidade de retornar à Série A, segundo o site Infobola, o Tricolor mostra no discurso e na bola que, apesar dos pés no chão, sonhar já é pouco. O clube acredita e aposta na volta à elite. O Paraná é o atual terceiro colocado da Série B, com 43 pontos.