A noite da última terça-feira está marcada na história do Paraná. Com a participação em massa do torcedor, o clube bateu o recorde de público em um jogo de futebol da Arena da Baixada (39.414 pagantes), casa do rival Atlético-PR. Mais do que isso: dentro de campo o Tricolor correspondeu a expectativa do torcedor e venceu o Internacional por 1 a 0, gol do zagueiro Iago Maidana. O triunfo levou o time paranista para a vice-liderança da Série B, com 49 pontos, e aumentou ainda mais o sonho do retorno à Série A do futebol brasileiro.
Em um cenário tão positivo, a principal função da diretoria é evitar que a euforia tome conta dos corredores do clube e atrapalhe o rendimento.
- As dificuldades que vivemos no passado nos ensinam a ter cautela na hora de surfar uma onda boa. Temos a consciência que o acesso não está confirmado, que ainda não ganhamos nada - garante o presidente Leonardo Oliveira.
MAUS MOMENTOS
O discurso pés no chão do presidente não é à toa. Desde que foi rebaixado para a Série B, em 2007, o Paraná viveu péssimos momentos. Até mesmo o melhor ano, que foi 2013, acabou de forma melancólica: a crise financeira atrapalhou o time na reta final da Série B e o acesso não foi conquistado.
- A verdade é que chegou o mês de setembro e o dinheiro simplesmente acabou. Eu e alguns outros jogadores tentamos fazer com que os outros atletas compreendessem que o acesso seria bom para todo mundo, mas infelizmente não foi possível - relembra o meia Lúcio Flávio, um dos principais nomes daquele elenco.
POLÍTICA PÉS NO CHÃO
E foi justamente essa crise financeira que impulsionou a entrada de Leonardo Oliveira na presidência. A estratégia passou a ser de pés no chão, trabalhando com uma folha salarial reduzida, mas profissionalizando o futebol. Neste setor, o homem de confiança do dirigente passou a ser o executivo Rodrigo Pastana.
- A nossa folha é uma das menores, se não for a menor, da Série B. Dentro da nossa realidade, o trabalho em 2017 é considerado bom. Nem mesmo se o acesso não vier mudará a nossa avaliação - aponta Pastana.
PLANEJAMENTO
Na somatória de elenco e comissão técnica, a folha mensal paranista é de R$ 450 mil. Sabendo da valorização de alguns nomes, devido a boa campanha, o Paraná já trabalha na manutenção de alguns nomes, como o goleiro Richard e o lateral Igor, que estão renovando o contrato.
Além disso, a permanência de Pastana em 2018 é vista como certa nos bastidores da Vila Capanema.
- Eu só saio se o presidente não me quiser mais - afirma o diretor executivo de futebol.
TORCIDA
Neste processo de reestruturação do clube, quem vem desempenhando um importante papel é a torcida. Se no início da Série B a presença do torcedor foi até criticado pelo presidente Leonardo Oliveira, nos últimos meses a relação mudou completamente.
Após a diretoria abaixar o preço dos ingressos, a presença do público na Vila Capanema aumentou sensivelmente. Além disso, o fato da torcida ter 'abraçado' o grupo em alguns momentos, especialmente após a demissão do técnico Lisca e da eliminação na semifinal da Primeira Liga, é considerado como fundamental pelo bom ambiente criado no Paraná.
A coroação deste bom relacionamento ocorreu na última terça-feira, na Arena da Baixada, com a grande festa e a quebra de recorde de público da casa do Atlético-PR.
- Foi mais uma festa linda, só temos que agradecer aos paranistas. Em dois dias foram vendidos 40 mil ingressos. Só podemos dizer muito obrigado e que amamos eles - afirma o volante Gabriel Dias.
INVESTIDORES
O jogo contra o Internacional só aconteceu na Arena da Baixada devido ao empresário Carlos Werner, parceiro do clube, que comprou o jogo em maio e negociou com o Atlético-PR o aluguel do estádio. Embora isso não tenha ocorrido apenas esta vez na temporada, o Paraná garante que consegue viver com as próprias pernas.
- A minha participação hoje no Paraná é praticamente zero. Sou um investidor da base. No profissional apenas comprei esse jogo para ajudar em um momento ruim que houve em maio, mas não é um empréstimo. É uma negociação, tem contrapartida - aponta o empresário.