O Botafogo, definitivamente, se vê em maus lençóis no Campeonato Brasileiro. A derrota para o Cruzeiro, nesta quinta-feira, no Nilton Santos, pela 29ª rodada, colocou a equipe a 3 pontos da zona de rebaixamento. Em campo, uma equipe que tentou, a todo tempo, o gol, mas que parou na falta de criatividade e foi castigada por um Cruzeiro com uma estratégia defensiva. O LANCE! analisa a atuação do Glorioso.
JOGO AMARRADO
Era um jogo coberto de tensão. Quatro pontos separavam o Botafogo, 13º, do Cruzeiro, primeiro clube da zona de rebaixamento. Por isto, a partida começou bastante estudada e com as equipes tomando poucos riscos. Seja por cautela ou medo de se jogar no ataque pela necessidade do resultado, foi difícil ver triangulações, laterais avançando ao mesmo tempo e ataques organizados.
O Botafogo, por exemplo, apenas ameaçava quando tinha uma oportunidade de bola parada. Foi assim no começo, quando Carli resvalou uma falta, mas nenhum jogador completou para o gol. Foi assim também que o Cruzeiro, com Cacá, abriu o placar: o zagueiro subiu mais que todo mundo e completou um escanteio para o fundo das redes. Depois do tento, Abel Braga recuou o time. O resultado já estava ali.
NÃO FALTOU VONTADE, MAS...
Imediatamente após o gol, a torcida do Botafogo, que esgotou o setor Leste, começou a cantar. O time, dentro de campo, pareceu sentir a vibração que veio das arquibancadas e sobrou em transpiração. A qualidade técnica, porém, não apareceu no mesmo pacote.
Não falou vontade. Quando tinha a bola, o Botafogo tentava acelerar o jogo com os pontas, principalmente por meio de lançamentos de Gabriel. Contudo, isto não era suficiente. Faltou jogo coletivo: o meio-campo não se aproximou do ataque e o sistema ofensivo do Alvinegro se tornou monótono. Não houveram triangulações, o que facilitou a defesa do Cruzeiro. No geral, a etapa inicial foi marcada por um jogo tecnicamente ruim, com mais correria do que jogadas trabalhadas.
MUDANÇA DE POSTURA
Alberto Valentim voltou do intervalo com uma alteração: Igor Cássio entrou no lugar de Victor Rangel. O Botafogo melhorou no segundo tempo e iniciou a etapa no campo de ataque, pressionando em busca do gol. As ações ofensivas, porém, ainda foram muito guiadas pelos sons que viam das arquibancadas. O Glorioso chegava em forma de empolgação, mas não empolgava tecnicamente.
A mudança de postura foi positiva. O Botafogo estava incomodado e assustou - principalmente, em uma finalização de longa distância de Marcinho, que passou perto do gol de Fábio. Incomodado com o resultado negativo, a conversa no vestiário fez bem para a equipe.
VIBRAÇÃO
Em certo momento, o segundo tempo se tornou uma partida de uma única nota, com o Botafogo atacando. O Cruzeiro, portanto, resolveu esfriar o jogo. Seja segurando a bola enquanto podia ou por meio de certa cera, a Raposa teve o claro objetivo de deixar o tempo passar. O resultado de 1 a 0 era apenas favorável ao time mineiro e a equipe comandada por Abel Braga se garantiu em uma atuação defensiva acima da média - neste contexto, Cacá, além do gol marcado, se destacou.
O Alvinegro, porém, não freou. Tampouco, parou de tentar. Ao todo, foram 20 finalizações e, pelo menos, três oportunidades em que a bola passou perto do gol adversário - todas por meio de bolas paradas ou cruzamentos. A vibração se fez presente, mas o máximo que o Alvinegro conseguiu foi chegar próximo.
GOLPE FATAL
Com a chegada da reta final da partida, o Botafogo se lançou ao ataque. Sem ajustes táticos ou padrões estratégicos, Joel Carli virou centroavante e Alberto Valentim tirou Gustavo Bochecha para a entrada de Vinícius Tanque, um atacante. Era tudo ou nada. Nada mais justo para uma equipe que necessitava, dentro de casa, de um resultado positivo.
O Botafogo teve 34 cruzamentos ao longo da partida, mas apenas sete destes foram corretos. No último lance, com a maioria dos jogadores no ataque e exaustos, o Cruzeiro garantiu a vitória: Ariel Cabral saiu sozinho na entrada da área e rolou para Éderson, que completou para o gol. A Raposa conseguiu a vitória fora de casa e saiu da zona de rebaixamento.