Como acontece corriqueiramente na vida de qualquer pessoa há início e fim de ciclos, e nos clubes não é diferente. Agora, o Fortaleza está nesta situação após o técnico Rogério Ceni aceitar a treinar o Cruzeiro e fechar contrato até o final de 2020. Rapidamente, a diretoria do Leão agiu e já anunciou Zé Ricardo para dar sequência ao trabalho do ex-comandante no Campeonato Brasileiro.
Com isso, o LANCE! vai apresentar o legado de Rogério Ceni ao longo do vitorioso e revolucionário um ano e sete meses de vínculo com o Fortaleza. Com outros pensamentos e metodologia, a equipe terá que ser encaixar o mais rápido ao esquema de Zé Ricardo, que ainda vai ser apresentado nesta semana.
INÍCIO NO NORDESTE...
Antes de chegar ao Fortaleza, teve uma breve passagem pelo São Paulo, onde fez história como goleiro. Contudo, como técnico, não teve o mesmo sucesso pela comissão técnica. Em 37 jogos, foram 14 vitórias, 13 empates e 10 derrotas - o que resultou em um aproveitamento de 49,5%. Além disso, também não conquistou nenhum título pelo Tricolor paulista.
Ele chegou a ir à Inglaterra para aprimorar e fortalecer seus conhecimentos como treinador. Depois disso, com olhares céticos de muitos torcedores, foi contratado pelo Fortaleza, ainda em 2017, mas comandou o clube no início de 2018. Rogério Ceni teve um começo animador no Campeonato Estadual, com vitórias consistentes e estilo de jogo agressivo.
PERSONALIDADE À PROVA
A tática de Ceni causou estranheza no início de sua caminhada, mas deu certo. Na maioria das partidas utilizou o esquema 4-2-4. Visivelmente, houve diversas opções ofensivas, com dois volantes na saída de bola, dois pontas rápidos e dois centroavantes. Contudo, a fragilidade na defesa foi um problema para o comandante, porém a obediência do time facilitou a implementação desse pensamento.
Fora das quatro linhas, Rogério Ceni teve a confiança dos jogadores, o que o deixou mais a vontade. Como por exemplo, a chegada de Gustagol foi bancado por ele. O jogador chegou ao time após estar rodeado de críticas. Nesta temporada, insistiu em Romarinho, quando ele foi muito mal em alguns jogos. Ambos deram bons frutos ao Fortaleza.
TÍTULOS INÉDITOS
O esquema rendeu títulos inéditos e projeção no futebol brasileiro. Diferente do São Paulo, em 93 jogos, foram 51 vitórias, 18 empates e 24 derrotas - aproveitamento de 61,29%. Com esta estatística, conquistou a Série B de 2018, com duas rodadas de antecedência. Além disso, comemorou o Campeonato Cearense e Copa do Nordeste (2019).
O LANCE! entrou em contato com o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz. O mandatário avaliou a passagem do treinador e acredita que foi o melhor técnico que passou pelo clube.
- Rogério Ceni deixou um marco histórico de três títulos em seis meses. Dois destes, inéditos. Deixou um legado estrutural muito interessante, uma coisa que ele sugeriu. Um legado de profissionalismo no dia a dia, com obsessão pelo trabalho, apoio ao atleta e a imagem do Fortaleza cresceu muito por conta dele. Na minha avaliação, foi o melhor técnico na história do Fortaleza - disse ao LANCE!.
Vale ressaltar que durante o Campeonato Brasileiro de 2018, Rogério Ceni atingiu 10 jogos de invencibilidade com o Leão. Foi a maior marca da história da competição. Esta conquista aconteceu na reta final. Porém, no início da disputa, a equipe chegou a ficar nove partidas sem perder.
NOVO LEGADO?
Rogério Ceni deixa o Fortaleza em uma situação regular na tabela. Em 14 partidas, são 17 pontos conquistados, com 5 triunfos, 2 empates e 7 revés. Isto, não ofusca o brilho do treinador em sua passagem pelo clube. Pelo Cruzeiro, ele terá duas missões: tirar a equipe da zona do rebaixamento do Brasileiro e também conseguir uma reviravolta na semifinal da Copa do Brasil, contra o Internacional, após a derrota por 1 a 0, no jogo de ida, no Mineirão.
O treinador assinou até o fim de 2020 e traz mais três profissionais com ele: os auxiliares técnicos Charles Hembert e Nelson Simões, e o preparador físico Danilo Augusto.
PRIMEIRA VEZ FORA DO RIO
Zé Ricardo tem uma grande experiência em três clubes cariocas: Flamengo, Vasco e Botafogo. O técnico iniciou a sua carreira no clube rubro-negro e até que teve um sucesso inesperado. Conquistou a terceira posição do Brasileiro, em 2016, e ainda permaneceu no cargo em 2017. Neste mesmo ano, assumiu o Cruz-Maltino e fez uma campanha de recuperação - já que o time brigava para não cair. Com a equipe, alcançou o sétimo lugar e uma vaga na Libertadores. Em 2018, após resultados ruins, deixou o time da Colina.
No alvinegro, o treinador conseguiu regularizar a campanha do time no Brasileirão, e terminou em nono colocado. Contudo, após a queda na Copa do Brasil para o Juventude em abril, acabou demitido. Há quatro meses sem clube, o treinador assume pela primeira vez na carreira um clube fora do Rio de Janeiro. Ele conquistou apenas um título: Campeonato Carioca 2017, pelo Fla.
'VONTADE DE BRILHAR'
O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, elogiou e ratificou a vontade do técnico em brilhar à beira do gramado novamente depois de quatro meses sem comandar nenhum time. Ele destacou a passagem pelos três clubes cariocas.
- Zé Ricardo é um perfil interessante. É um treinador jovem, com ideias atualizadas no futebol e teve bons trabalhos em clubes de massa e de Série A. Ele estava no mercado cheio de vontade de atuar, de brilhar e recuperar cada vez mais o seu espaço. Um grande gestor de pessoa e o ambiente de trabalho com ele é maravilhoso, segundo informações que coletamos - disse ao LANCE!.
DESAFIOS
Diferente de Rogério Ceni, Zé Ricardo adota um esquema mais cauteloso. O novo comandante gosta de jogar no sistema 4-1-4-1, variando para o 4-4-2 ou 4-2-3-1, sem que seja necessário se fazer alterações de peças do time. Zé Ricardo também prefere utilizar meias de ofício, para a função específica de organizar as jogadas. Seu pensamento inicial é jogar com apenas um atacante e procura priorizar a questão defensiva.
Ele encontrará a equipe na 12ª colocação do Campeonato Brasileiro. Em 14 partidas, são 17 pontos conquistados, com 5 triunfos, 2 empates e 7 revés. Diante do momento, O LANCE! conversou com dois jornalistas: André Almeida, do O Povo, e o repóter Carlos Cassiano, da Rádio Verdes Mares, que cobre o clube diariamente.
COM A PALAVRA:
ANDRÉ ALMEIDA
Não tenho a dúvida que se ele ficasse, o Fortaleza iria conquistar bons resultados. O foco agora é a manutenção na Série A. Nos últimos 10 anos, oito na Série C, um na Série B e agora na primeira divisão, sem dúvida o pensamento é esse. Mas o Rogério Ceni passou de toda montagem do elenco e tinha até uma expectativa do Fortaleza conseguir uma vaga para a Copa Sul-Americana. Mas agora, fica aquela incógnita.
O principal desafio do Zé Ricardo é tirar o time das proximidades da zona de rebaixamento. Muitas coisas em que os torcedores se apegavam era a influência do Rogério Ceni sobre os jogadores. Isso facilitava na obediência tática ou qualquer outra coisa. Ele era um grande gestor de grupo.
Comparações serão inevitáveis e a única forma dele superar essa pressão é com resultados positivos. Mesmo com um investimento reduzido, o Fortaleza consegue resultados satisfatórios. Se pegar a tabela hoje, todo torcedor vai gostar, porque fugiu da zona de rebaixamento. Com o Rogério, era um time que tinha sempre muito brio, vontade. Esse será o desafio de Zé Ricardo, continuar com esse estilo de jogo. Para isso, não precisa mudar tanto a equipe, pois já tem um estilo de jogo enraizado.
CARLOS CASSIANO
Uma passagem Vitoriosa! É assim que nós aqui do futebol cearense definimos Rogério Ceni como treinador do Fortaleza. Foram três títulos conquistados, sendo um deles nacional, ou seja, Rogério fez muito bem ao Fortaleza, o tanto quanto o Fortaleza, fez bem ao Rogério Ceni. O treinador projetou o clube a nível nacional. Nesse início de carreira dele como treinador, ambos, venceram juntos!
E agora, chega Zé Ricardo, um treinador com bagagem no futebol carioca. Saber como ele se sairá aqui no futebol cearense, como treinador do clube no Brasileiro, é preciso, aguardar para ver.