Imbróglio entre Fla e famílias das vítimas ganha novo capítulo. Lembre
Na última terça-feira, advogados que representavam comissão que defende nove das 10 vítimas acusaram Rubro-Negro de não procurar familiares para negociar indenização
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O imbróglio envolvendo o Flamengo e as famílias das vítimas ganhou mais um capítulo na última terça-feira, cerca de 40 dias após o incêndio no alojamento das categorias de base, no Ninho do Urubu, que matou 10 jovens e deixou mais três feridos.
Até o momento, apenas uma família chegou a um acordo com o Rubro-Negro. A tragédia aconteceu no dia 8 de fevereiro e ainda deixou mais três feridos.
PRONUNCIAMENTOS
Os primeiros pronunciamentos feitos pela diretoria do Flamengo logo após o incêndio, tanto poucas horas depois da tragédia como nos dias seguintes, dava conta de que a prioridade da cúpula rubro-negra seria o auxílio às famílias das vítimas.
- Queria dizer para vocês que estamos todos consternados. Essa é certamente a maior tragédia pela qual esse clube já passou nos últimos 123 anos com as vidas dessas 10 pessoas. O mais importantes agora é a gente se dedicar a tentar minimizar o sofrimento e a dor dessas famílias que certamente estão sofrendo muito e fiquem certos que o Flamengo está cuidando disso e não vai poupar esforços para que isso seja minimizado ao máximo - disse Landim, ainda no dia do incêndio.
SEM ACORDO
No dia 19 de fevereiro, 11 dias após o incêndio, o Ministério Público Estadual, em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, divulgaram uma nota afirmando que não havia sido possível chegar a um acordo com o Flamengo pelas indenizações das vítimas. Segundo o documento, os valores não foram aceitos porque não condiziam com um número que os órgãos acreditavam como justos para as famílias das dez vítimas fatais e as de outros jogadores que sofreram algum tipo de lesão.
EXPLICAÇÕES
No dia seguinte, o Flamengo emitiu uma nota oficial e afirmou que "após reunião com autoridades daqueles órgãos, o Flamengo - independentemente de processo judicial - ofereceu, por fim, um valor que está acima dos padrões que são adotados pela Justiça brasileira, como forma de atender com brevidade as famílias de seus jovens atletas". Além disso, o Rubro-Negro apontou que "teve o cuidado de oferecer valores maiores dos que estão sendo estipulados em casos similares, como, por exemplo, o incêndio da boate Kiss, ocorrido em 2013. Até hoje, vale lembrar, famílias não receberam a indenização"
VALORES REVELADOS
Ainda no dia 20, em entrevista coletiva, Danielle Cramer, procuradora do Ministério Público do Trabalho e integrante da Câmara de Conciliação, revelou valores das propostas que haviam sido colocadas à mesa. Segundo ela, a sugestão do Flamengo girou em torno de R$ 300 a R$ 400 mil por família e um salário mínimo por 10 anos às famílias das vítimas. Por outro lado, o Ministério Público, o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública demonstraram a intenção de que as indenizações fossem no valor de R$ 2 milhões e salários de R$ 10 mil até os 45 anos.
REUNIÃO E REVOLTA
No dia 21, uma reunião na sede do Tribunal de Justiça juntou familiares das 10 vítimas fatais e advogados com o vice-presidente geral e jurídico Rodrigo Dunshee. Porém, o encontro - do qual Dunshee saiu no meio - terminou sem acordo e, na saída, familiares se mostraram revoltados com a postura do Flamengo.
- Atitude do Flamengo é uma falta de respeito conosco. Eles estão brincando com a vida dos nossos filhos. Queria saber se não são pais, pelo que estão fazendo com a gente, a tortura que estão fazendo conosco. Não definiu nada, estamos aqui como bobos, palhaços. Fomos desamparados por todos, não nos sentimos acolhidos por ninguém, principalmente pelo Flamengo. Eles não têm resposta para nós - disse Cristiano, pai do goleiro Christian Esmério.
DISSE TER SIDO PROCURADO
O presidente Rodolfo Landim, o vice Rodrigo Dunshee e o CEO Reinaldo Belotti concederam entrevista coletiva no dia 24, na Gávea, sede do Flamengo. Na ocasião, o mandatário afirmou que, após o anúncio por parte de algumas famílias de que não haveria mais negociações com o Flamengo, o clube já foi procurado e as conversas retomadas pela direção.
- Nesse processo, nós pedimos a mediação da Justiça, Cesar Cury estava lá e abriu o processo. Todas famílias concordaram. Houve um momento em que pediram para conversar entre eles. Se dependesse do Flamengo, e foi o que sugerimos, elas teriam o auxilio da Defensoria Pública. Infelizmente, soubemos que duas famílias já vieram representadas por advogadas. A informação é que nessa reunião em separado, após a saída do desembargador, que se mostrou confiante em um término breve, o que vimos foi uma reversão total daquele quadro. Soubemos que houve a participação muito forte dessas duas advogadas, uma delas representando uma das pessoas que fez as declarações. Isso foi muito doloroso para gente, em falar em falta de respeito por parte do clube - disse.
PRIMEIRO ACORDO
No dia 1 de março, o Flamengo fechou o primeiro acordo com familiares de uma das vítimas fatais do incêndio no Ninho. O nome e os valores foram mantidos em sigilo.
ADVOGADOS RECLAMAM
Na última terça-feira, Arley Carvalho, Paula Wolff e Mariju Maciel, advogados que representava uma comissão que defende nove das 10 famílias - exceto a de Athila Paixão - criticaram a postura do Flamengo e garantiram que nem eles e nem familiares foram procurados pelo clube para que uma negociação fosse aberta.
Segundo eles, o advogado que representa Bernardo e Vitor Izaias entrou em contato com o Rubro-Negro para negociar, mas ainda não houve acordo.
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