Premiação da Fifa é marcada por apelo e apoio às causas sociais
'The Best' foi marcado pela representatividade do futebol feminino e também por discursos contundentes contra homofobia e racismo, além de postura enfática de presidente da Fifa
Em uma noite estrelada com os principais nomes do futebol, a premiação 'The Best', em que a Fifa aponta os melhores jogadores da temporada, foi marcada, nesta segunda-feira, por manifestações à favor de causas sociais, com o futebol como instrumento de combate contra a homofobia, racismo e outros tipos de preconceito.
Figuras importantes do esporte marcaram suas posições, como a atacante americana Megan Rapinoe, eleita melhor jogadora e o presidente da Fifa, Gianni Infantino. O Brasil foi muito bem representado pela torcedora palmeirense Silvia Grecco, que venceu o 'Fan Award' e pediu respeito às pessoas com deficiências.
AMOR DE MÃE
O 'Fan Award', que premia bonitas atitudes de torcedores mundo afora, foi concedido para SIlvia Grecco. A brasileira ficou mundialmente conhecida por ter sido flagrada narrando, no estádio, o jogo do Palmeiras ao pé do ouvido de seu filho Nikollas, que é deficiente visual e autista. O menino ficou cego por conta de complicações no parto e foi adotado por Silvia ainda bebê. Em seu discurso de agradecimento, Silvia dedicou o prêmio a Justo Sánchez, seu concorrente na premiação, que é uruguaio e torcedor do Cerro, mas que passou a torcer para o Rampla Juniors em homenagem ao filho falecido. A palmeirense pediu respeito às pessoas com deficiência e ressaltou como o futebol pode ajudar na mudança.
O QUE DISSE SILVIA
- Nikollas, aqui na frente estão muitas pessoas, muitos jogadores, muitos ídolos, estamos aqui representando nosso time, Palmeiras, e todos os torcedores do Brasil e do mundo, todos aqueles que torcem pela pessoa com deficiência. A pessoa com deficiência existe. Ela precisa ser amada, respeitada e incluída. O futebol pode transformar a vida dessas pessoas.
IGUALDADE
Rapinoe se destaca pela lucidez dentro e fora de campo. Voz ativa, a atacante chamou atenção pelo discurso na comemoração do título da Copa do Mundo feminina. Ali, a americana já fazia um apelo ao combate a homofobia, machismo e por direitos iguais entre homens e mulheres no futebol. Eleita melhor jogadora, Rapinoe não desperdiçou a oportunidade e pediu união dos atletas no combate à homofobia, racismo e pela igualdade salarial.
O QUE DISSE RAPINOE
- Se realmente queremos mudanças, precisamos de todo mundo se posicionando contra o racismo, contra a homofobia, pela igualdade salarial. Temos grandes oportunidades, temos grande sucesso, uma grande plataforma. Temos a oportunidade de usar esse jogo lindo para realmente mudar esse mundo para melhor. Temos um poder incrível nesta sala.
RACISMO
O início de temporada europeu já está marcado por inúmeros casos de racismo, principalmente na Itália. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, fez um discurso contundente contra o preconceito racial. Não é a primeira vez que o mandatário se manifesta sobre o assunto e já pediu, inclusive, punições mais severas aos racistas. No principal evento da entidade não foi diferente. Infantino fez um apelo para que o racismo seja combatido, por todos, no futebol e na sociedade de uma forma geral.
O QUE DISSE INFANTINO
- Aqui na Itália, meu país, ontem, de novo, testemunhamos no Campeonato Italiano um episódio de racismo. Isso não é mais aceitável, temos que dizer isso. Temos que dizer não ao racismo, em qualquer forma: no futebol, na sociedade. Mas não temos apenas que dizer isso. Temos que lutar contra ele, temos que expulsar o racismo de uma vez por todas, na Itália e no resto do mundo. Expulsar do futebol e da sociedade.
REPRESENTATIVIDADE
A premiação também ficou marcada pela representatividade feminina. Pela primeira vez, a Fifa premiou a melhor goleira e também elencou uma seleção com as melhores atletas por posição, assim como é feito no masculino. A seleção ficou composta por Sari van Veendaal; Lucy Bronze, Nilla Fischer, Kelly O'Hara e Wendie Renard; Julie Ertz, Amandine Henry e Rose Lavelle; Alex Morgan, Megan Rapinoe e Marta. Sari van Veendal também foi eleita a melhor goleira.
MACHISMO NO IRÃ
O presidente da Fifa também aproveitou o palanque para reafirmar o compromisso da entidade na luta para que as mulheres iranianas possam frequentar os estádios. Infantino chamou atenção para a presença do treinador e diretor técnico da seleção feminina do Irã para alertar sobre a condição no país. O Irã proibiu a entrada de mulheres em estádios em jogos masculinos, mas já flexibilizou a entrada em jogos de futebol feminino. No dia 10 de outubro, as mulheres, pela primeira vez, vão poder entrar em um estádio iraniano para acompanhar uma partida da seleção.