Dois anos sem Fernandão: ‘Sem dúvida, o maior da história do Inter’
Ícone das grandes conquistas do Inter em 2006 sofreu acidente de helicóptero em junho de 2014. Dois anos após sua morte, figuras coloradas relembram importância do capitão
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Há dois anos, o Internacional se despedia do ícone das maiores conquistas de sua história. No dia 7 de junho de 2014, Fernando Lúcio da Costa, o Fernandão, faleceu aos 36 anos em um acidente de helicóptero nos arredores de Aruanã (GO), deixando milhares de colorados - e apaixonados por futebol - de luto.
A importância do craque pôde ser vista logo nas primeiras horas da manhã daquele dia trágico, em que centenas de colorados rumaram ao Beira-Rio para prestar suas últimas homenagens ao jogador. Flores, mensagens, bandeiras, fotos e camisas foram deixadas nos arredores do estádio, em uma espécie de memorial improvisado ao capitão da Libertadores e do Mundial de 2006.
Formado nas categorias de base do Goiás, Fernandão passou alguns anos no futebol francês até fechar com o Inter, em 2004. O atacante mostrou, desde o início, que estava "predestinado" a ter sucesso no clube gaúcho. Em sua estreia, no dia 10 de julho de 2004, foi acionado por Joel Santana no Gre-Nal 360. Além de sofrer a falta que originou o gol número 999, entrou para a história ao marcar o milésimo gol da história do clássico.
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- É a história da predestinação. No Inter, sempre que um jogador estreia e faz gol, acaba tendo uma sequência exitosa. Nós depositávamos grande esperança no Fernandão, mas não imaginávamos que começaria tão com o pé direito assim - lembrou o ex-presidente Fernando Carvalho, ao LANCE!.
O feito foi apenas uma mostra do que viria pela frente. O camisa 9 ajudou o clube a seguir sua "senda de vitórias", como diz o hino. Depois da frustração do vice no polêmico Campeonato Brasileiro de 2005, tornou-se um dos líderes do elenco que conquistou a Libertadores e o Mundial no ano seguinte. Ele foi o responsável por erguer as taças mais importantes da história colorada. Também foi bicampeão gaúcho, em 2005 e 2008. Com ele, o time ainda conquistou a Recopa Sul-Americana em 2007, fechando a Tríplice Coroa, que rendeu a alcunha de "Campeão de Tudo".
- Fernandão é nada menos que um ídolo eterno. A trajetória dele e a história que ele construiu falam por si só. Um cara com uma identificação incrível com um clube e sua torcida, que fazia tudo pelo bem de todos que ali estavam. O futebol precisa de mais gente como ele - afirmou Rafael Sóbis, que atuou ao lado do camisa 9 nas conquistas de 2006, ao L!.
Em 2008, Fernandão decidiu que era hora de mudar de ares. Assinou com o Al-Gharafa, do Catar, mas não se adaptou ao Oriente Médio e voltou ao Brasil no ano seguinte. Estudou o retorno ao Inter, mas um mal-entendido com a diretoria levou o craque de volta ao Goiás, que o formara. Ele ainda defendeu o São Paulo em 2010 - ano em que a equipe perdeu a semifinal da Libertadores para o Colorado. Decidiu que era hora de deixar os gramados em 2011.
Após pendurar as chuteiras, o atacante arriscou-se como dirigente e depois treinador do clube gaúcho, mas não repetiu o sucesso dos tempos de atleta. A decepção, contudo, esteve longe de manchar a imagem do ídolo no Beira-Rio.
- Ídolo é ídolo. Não tem torcida chateada com ídolo. Se chateia com dirigente. Fernandão, como ídolo, está em outro plano. Não é terrestre. Esquece o passado, o presente e o futuro. Ele ultrapassa o nosso conhecimento, nossa vã filosofia - resumiu Vitorio Piffero, atual presidente colorado.
Às vésperas do acidente, Fernandão se preparava para dar início à carreira de comentarista esportivo na cobertura dos jogos da Copa do Mundo-2014. Nos últimos dois anos, o jogador recebeu diversas homenagens.
Foi criado o Memorial Fernandão Eterno - que fica na parte interna do Beira-Rio e reúne itens do memorial espontâneo criado pelos torcedores no dia de sua morte. Ele foi homenageado em diversas partidas, que contaram com a presença da viúva Fernanda e dos filhos Eloá e Enzo. Foi tema do samba-enredo de uma escola de samba no Carnaval de Porto Alegre em 2015 e ganhou uma rua com seu nome nos arredores do estádio.
Mas a principal homenagem foi a criação de uma estátua de cobre que representa o momento em que ergueu a taça do Mundial em Yokohama, no Japão, há dez anos. O monumento, que levou quatro meses para ficar pronto, tem 2,50m de altura e pesa 241 kg, desde a base até o final do troféu. A inauguração ocorreu no pátio do estádio e reuniu milhares de torcedores.
- Ele liderava e fazia gols decisivos em jogos importantes e contra adversários importantes. Acabou se integrando completamente na comunidade colorada por causa de seu temperamento, postura e liderança. Conquistou o grupo de trabalho e foi fundamental para que o clube atingisse todos aqueles títulos e objetivos que havia traçado. Certamente, se o acidente não tivesse acontecido, ele acabaria voltando para o Inter de alguma forma - afirmou Carvalho.
O Internacional teve grandes ídolos ao longo de seus 107 anos, como Falcão, Carpegiani, Figueroa, Bodinho e Valdomiro. No entanto, Fernando Lúcio da Costa foi o único agraciado com uma estátua. Ele ajudou a colocar o Inter no cenário mundial. "Pintou a América e o mundo de vermelho".
- Talvez Fernandão não tenha sido o melhor, mas sem dúvida foi o maior da história do Inter - sentenciou o ex-presidente, resumindo o sentimento da nação colorada que hoje lamenta os dois anos sem o eterno capitão.
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