A angústia que assola a reta final do Internacional no Brasileirão também é intensa entre quem já fez história no Beira-Rio. Dez anos depois de levarem o Colorado à conquista da sua primeira Copa Libertadores e ajudar o clube a alcançar o topo do Mundial de Clubes, ídolos não escondem a lamentação com o risco da equipe amargar um rebaixamento.
Ex-goleiro multicampeão e ex-treinador tanto da equipe principal quanto das categorias de base do clube gaúcho, Clemer detalhou ao LANCE! que a situação do Inter beira o incompreensível:
- A gente fica triste, porque lutou para construir uma história bonita, para uma torcida tão fanática e que tem um dos maiores números de sócios da América do Sul. Diante da estrutura que tem, o poder financeiro que tem, o Inter tinha amplas condições de não passar por isso - analisou o técnico, que teve passagem pelo Glória-VA e foi campeão estadual com o Sergipe.
Bicampeão da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana, Bolívar crê que o atual elenco "herdou" uma responsabilidade da qual está com dificuldades para corresponder:
- A nossa geração foi muito vitoriosa, e a responsabilidade sobre o próximo grupo acabaria sendo muito grande. Além disto, o atual Internacional conta com uma equipe muito jovem, a gente sabe o quanto é difícil conquistar o Brasileirão.
O ex-zagueiro crê que houve falhas de planejamento da cúpula do Inter para a temporada:
- O Internacional achou que a equipe que conquistou o Gauchão era suficiente para o fim da temporada, ainda mais por ter largado bem no Brasileirão. Mas, aos poucos, os rivais foram se reforçando, e o Colorado agora vem se ressentindo da falta, especialmente, de jogadores "cascudos" para assimilar esta situação. Outra coisa: é inadmissível qualquer clube ficar 17 jogos sem perder fica muito complicado.
Campeão brasileiro pelo Inter em 1979, Mauro Galvão também aponta a sequência de mudanças no comando como um dos vilões:
- Erros que ocorreram em termos de mudança durante o ano de treinador, mudanças no elenco... O clube não conseguiu se estruturar bem. Essas mudanças acabaram trazendo uma insegurança muito grande. Se não tem um comando e um jogador bom, isso causa uma grande confusão
O Internacional agora é um time médio, não é um time do nível que era antes. E tendo um trabalho ruim em organização é difícil ter um bom desempenho.
Repórter da Rádio Gaúcha, Rodrigo Oliveira detalha um "choque de conceitos" entre os técnicos que passaram no clube e confusões na diretoria:
- Os erros cometidos pelo Internacional são bem mais recentes. Nos últimos dois anos, passaram pelo clube cinco treinadores com estilos totalmente diferentes. Entre Diego Aguirre, Argel Fucks, Falcão, Celso Roth e Lisca há um choque de conceitos. No auge da profissionalização, o Inter ficou seis meses
sem um gerente ou executivo de futebol. Entre a saída de Jorge Macedo e a chegada de Chumbinho, não havia elo entre a comissão técnica e os dirigentes políticos.
Rodrigo ainda detalha que equipe vem pagando pela soberba:
- Em 2016, o grupo foi mal montado. Foram dezenas de reforços e apenas Danilo Fernandes é incontestável. E além disso tudo, o Inter subestimou o risco de cair. Mesmo a beira do Z4, o presidente dizia que "rebaixamento" era uma palavra que não existia no vocabulário colorado. A soberba custou caro.