Aos 37 anos, Terezinha Guilhermina mira pódio e recorde paralímpico
Ano passado, Terezinha teve, como guia, ninguém menos que o tricampeão olímpico Usain Bolt, no desafio de atletismo Mano a Mano, que aconteceu no Rio de Janeiro
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Em entrevista ao site do Comitê Paralímpico Brasileiro, a velocista Terezinha Guilhermina falou que sonha em subir ao lugar mais alto do pódio nas provas de 100m e 400m da categoria T11 (deficientes visuais) da Paralimpíada do Rio, em setembro. Aos 37 anos, a ela espera quebrar mais recordes em casa.
Terezinha contou como descobriu o atletismo. Em 2000, com 22 anos de idade, depois de terminar seu bacharelado em psicologia, ela teve dificuldade em conseguir um emprego:
- É realmente difícil conseguir um emprego depois de sair da faculdade.
A falta de oportunidade na cidade de Betim, perto à capital mineira de Belo Horizonte, levou-a tentar algo diferente.
- O Governo da minha cidade iniciou um programa de esportes para pessoas com deficiência e eu decidi tentar - contou.
Mas, atletismo não foi sua primeira opção.
- Comecei na natação, porque naquela época eu tinha um maiô e eu não tinha os recursos para comprar um tênis - disse.
- Quando cheguei em casa depois da minha primeira aula de natação, disse a minha irmã que queria mesmo era correr, mas que eu precisava de um tênis. Ela, então, imediatamente, respondeu que ela tinha um par e me perguntou se eu queria. É claro que eu aceitei.
No dia seguinte, Guilhermina chegou ao complexo de treinamento pronta para começar a correr.
- Disse ao treinador que eu realmente queria correr, que eu não queria mais continuar nadando. Ele me levou para a pista e foi assim que a minha carreira começou. Minha primeira competição foi uma corrida 5 quilômetros. Naquele momento, tudo o que eu queria era correr, eu não me importava com as distâncias - contou.
Guilhermina terminou em segundo lugar e ficou no pódio pela primeira vez em sua carreira. Ela se lembra do momento em que decidiu ser a melhor velocista do mundo:
- Os prêmios para os três primeiros lugares eram de 100, 80 e 60 reais, respectivamente. Eu me sentia uma milionária. Depois da corrida, fui direto para o mercado para comprar o meu iogurte favorito, porque quando eu era uma garotinha meus pais nunca tiveram os recursos para comprar minhas comidas favoritas - lembra.
- Quando comprei o iogurte, sabia que estava realizando um dos meus sonhos. Naquele momento, prometi a mim mesma treinar forte e correr o mais rápido para me tornar a melhor velocista do mundo.
Guilhermina fez sua estréia internacional no Campeonato Mundial em Lille, França, em 2002, e passou a se tornar uma das velocistas mais bem sucedidas na história do atletismo, ganhando inúmeras medalhas em Jogos Paralímpicos, Jogos Pan-Americanos, Campeonatos Mundiais, competições locais e internacionais, bem como quebrando todos os recordes nacionais e internacionais nos 100m, 200m e 400m da classe T11.
A concorrência, no entanto, está ficando cada vez mais acirrada. Uma das suas maiores rivais nas pistas é a chinesa Liu Cuiqing. Hoje, aos 37 anos, Terezinha Guilhermina admite que deve treinar mais forte, porque a nova geração de atletas é de alto nível.
- Quando eu comecei, tinha 22 anos e eu era um dos mais jovens. Hoje, muitas das minhas adversárias têm 18 anos de idade e têm excelentes tempos - reconheceu Guilhermina.
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