Medalhista explica doença e autorização legal para eutanásia
Belga Marieke Vervoort diz que "a hora ainda não chegou" e revela planos para a aposentadoria do esporte após os Jogos Rio 2016
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Marieke Vervoort, atleta belga que ganhou a medalha de prata nos 400m classe T52, no último sábado (10/po), esclareceu que não praticará a eutanásia após os Jogos Paralímpicos Rio-2016. Desde 2008, ela tem documentos que autorizam legalmente o procedimento, permitido pela legislação da Bélgica e bastante debatido no mundo atualmente. No Brasil, é ilegal.
- Vim, primeiramente, explicar que existe um grande erro sobre o que a imprensa na Bélgica publicou. Eles disseram que eu faria a eutanásia logo depois do Rio de Janeiro. Sim, esse são os meus últimos Jogos, mas isso não quer dizer que é uma decisão para agora. A hora ainda não chegou.
A atleta explicou o processo legal a que se submeteu para obter autorização para a eutanásia. Vítima de uma doença degenerativa progressiva, para a qual até hoje os médicos não têm um diagnóstico preciso, ela sofre de intensas dores musculares, ataques epiléticos e tem a visão reduzida.
- Você precisa ir a vários médicos, se consultar com psiquiatra... Precisa provar que não pode mais viver com isso e que não tem chances de melhorar. Você precisa da assinatura de três diferentes médicos e precisa provar ao psiquiatra que é realmente o que você quer. É muito difícil. Eu tenho uma doença progressiva. Se você me visse anos atrás, eu era capaz de desenhar, de pintar obras incríveis. Eu só enxergo 20%, tenho vários ataques epiléticos… Mas os papéis me dão uma tranquilidade. Eu curto cada momento. Quando você tiver um dia ruim, aproveite o dobro. As pessoas precisam parar de reclamar. Aproveite cada momento. Por favor. Eu sou a pessoa mais rica do mundo - disse Marieke.
Ela confirmou a aposentadoria do esporte aos 37 anos, após disputar, neste sábado, os 100m T52, sua última prova Paralímpica. Disse ainda que, depois dos Jogos, tem planos relacionados ao esporte.
- Será minha última prova. Cada treino, cada corrida é muito duro para o meu corpo. São muitas dores. De qualquer forma, cada competição é como se fosse um remédio para mim. Mas agora, de certa forma, eu quero curtir cada momento da minha vida, colocando minha energia na família e nos amigos. Vai ser difícil quando terminar (a prova dos 100m T52). Acho que vou chorar muito, pois é a última vez que eu estarei numa cadeira de corrida. Depois, eu quero dar palestras, quero inspirar as pessoas para curtirem cada momento. Eu ainda quero pular de bungee jump, fazer um rali, fazer sky diving de novo... Eu já fui faixa marrom no jiu-jitsu e sinto uma enorme vontade de ir para o Japão. Eu amo viajar, amo conhecer países - completou a atleta.
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