O imbróglio da dívida do Corinthians junto ao Cuiabá pela compra do volante Raniele segue. O Alvinegro contratou o jogador em janeiro deste ano em um acordo que estipulava o pagamento de 2,5 milhões de euros (cerca de R$ 15,4 milhões na cotação atual) por 60% dos direitos econômicos. Esse valor seria dividido da seguinte maneira:

1ª Parcela (entrada): 800 mil euros - efetuada em janeiro
2ª Parcela: 400 mil euros - venceu dia 1º de agosto (em atraso)
3ª Parcela: 400 mil euros - vence dia 30 de novembro
4ª Parcela: 900 mil euros - vence em julho de 2025

O problema é que o Timão pagou apenas a entrada. A parcela seguinte, que deveria ter sido paga em agosto, não caiu nos cofres do Cuiabá. O clube alega que chegou a notificar o Corinthians, dando um prazo para que o valor fosse depositado. Na época, o clube paulista reconheceu a pendência e disse que a solucionaria o mais breve possível, mas isso não aconteceu.

O time mato-grossense, então, entrou com uma ação no CNRD (Câmara Nacional de Resolução de Disputas) cobrando, não somente a parcela em atraso, mas o valor total do atleta. Isso porque o contrato assinado entre os dois clubes previa que, se o Corinthians atrasasse o pagamento, ele teria que pagar uma multa de 30% sobre o valor da parcela atrasada e "perderia" o direito ao parcelamento, ou seja, teria que quitar todas as parcelas restantes no ato.

Logo que o clube entrou com a ação, o presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, chegou a fazer declarações sobre a situação e criticou a falta de responsabilidade financeira do Alvinegro.

- O Corinthians não está pagando ninguém mas está contratando jogadores, pagando R$ 4 milhões por mês por um jogador estrangeiro (Memphis Depay) e não consegue pagar o Cuiabá (por Raniele) - disse Dresch.

Dirigente do Dourado se posicionou sobre o tema (Divulgação/Cuiabá)

Como está o caso no momento?

A ação está correndo na CNRD. Segundo apuração do Lance! junto a especialistas na área, a Câmara, que é um órgão criado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para resolver conflitos e se assemelha a uma câmara arbitral, tem levado cerca de um ano para julgar casos como esse, que não são tão complexos e envolvem apenas alguns acertos como juros, correção monetária e um ponto ou outro do contrato.

Até o momento, os dois clubes seguem esperando uma decisão do órgão. Para o Lance!, o Corinthians reconheceu a dívida, afirmou que tentou resolver a questão amigavelmente no passado, mas que agora vai aguardar a tramitação do processo na CNRD.

Volante Raniele em campo pelo Corinthians (Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)

O que pode acontecer daqui para a frente? Há possibilidade de Transfer Ban?

Caso, a CNRD dê ganho de causa ao Cuiabá, o Corinthians terá que pagar o montante que ficar estabelecido pela Câmara ou entrar com um recursos em uma segunda instância, a CBMA (Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem). Mas, segundo a apuração do Lance!, os custos para recorrer ao CBMA são altos, cerca de R$ 100 mil, o que pode inibir o clube de seguir na disputa.

A possibilidade de um Transfer Ban ocorrer só se concretizaria se o Corinthians recorresse ao CBMA, também perdesse nessa segunda instância e ainda assim não pagasse a dívida. Aí então, o tribunal poderia estabelecer um prazo final para o pagamento sob pena de Transfer Ban.

Especialistas ouvidos pelo Lance!, no entanto, não acreditam que o caso chegue tão longe. Para alcançar essa etapa do processo seriam necessários cerca de dois anos.