Até que ponto compensa ter o uniforme repleto de patrocinadores? É melhor ter uma marca conhecida na camisa ou o porte da empresa não importa? Essas são dúvidas frequentes no mercado do patrocínio esportivo e, pelo menos no Brasil, seguem sem uma resposta definitiva. Um estudo da Pluri Consultoria, em parceria com o LANCE!, revela que os clubes brasileiros têm visões diferentes sobre o tema.
O primeiro contraste é sobre a taxa de ocupação do uniforme, conceito que analisa o percentual ocupado dentre os espaços disponíveis na camisa, calção e meiões dos clubes. Enquanto alguns oferecem apenas parte do uniforme ao mercado, outros optam por colocar mais espaços à venda em busca de mais receitas.
De acordo com o levantamento da Pluri Consultoria, quatro clubes do futebol brasileiro tiveram 100% do uniforme ocupado no mês de setembro: Atlético-MG, Flamengo, Palmeiras e Red Bull Bragantino. Fortaleza e Santos, com 98,5%, aparecem em seguida no ranking. Vale destacar que a análise considera apenas as propriedades que estão disponíveis para a venda ao mercado.
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Dentre os quatro clubes com 100%, a dupla paulista adota a mesma estratégia: disponibilizar poucos espaços no uniforme para dar maior destaque aos seus patrocinadores principais. Tanto Palmeiras quanto Bragantino têm apenas quatro marcas estampadas na camisa.
O Flamengo, com nove patrocinadores, aparece como um meio-termo. O Atlético-MG, por fim, opta por vender mais espaços e soma 13 empresas no uniforme.
De acordo com Pedro Melo, Chief Commercial Officer do Galo, o clube visa a ampliação de receitas com esta estratégia e está no top-5 do Brasil em volumes financeiros referentes a patrocínios. Ele ainda aponta a principal diferença entre o mercado brasileiro e os cenários vistos na Europa e Estados Unidos.
- O mercado brasileiro ainda está distante da realidade de outros centros, como Europa e Estados Unidos. Lá, poucas marcas são estampadas no uniforme e, as que ali estão, investem um valor financeiro mais relevante comparado ao que se investe aqui. A estratégia depende muito da intenção de cada clube, mas no Brasil, de forma geral, o objetivo é encontrar maneiras que possibilitem, ao máximo, um aumento da receita que é alcançada por meio dos acordos de patrocínio - explica Pedro Melo.
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Porte do patrocinador importa?
Outro ponto de “discórdia” entre os clubes é em relação ao porte das empresas patrocinadoras. Para avaliar este quesito, a Pluri criou o Índice de Porte das Empresas Patrocinadoras (IPEP) e classifica as marcas patrocinadoras em quatro categorias: pequena, média, grande ou mega. O critério usado na classificação é a receita bruta anual de cada uma (veja detalhes ao fim da matéria).
O índice de porte do patrocinador, inclusive, deve ser levado em consideração ao analisar o ranking de taxa de ocupação do uniforme. Alguns clubes, como Vila Nova e Paysandu, têm mais patrocinadores estampados na camisa do que São Paulo e Botafogo, por exemplo, mas com um IPEP relativamente menor.
O Corinthians é o melhor exemplo para ilustrar a relação entre os conceitos. O clube teve apenas a 27ª colocação no ranking de taxa de ocupação dos uniformes, mas teve o melhor porte médio de empresas patrocinadoras (9,2). Entre as marcas parceiras do Timão, 60% são mega empresas, e os 40% restantes são grandes.
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- O porte do patrocinador é importante, porque influencia diretamente no tipo de acordo que será feito, nos valores e até mesmo na possibilidade de participação dessa marca em outros projetos da instituição. É lógico que seguimos alguns critérios para constatar que, além da questão financeira e do porte da empresa, a parceria também possa ser benéfica para o clube em outros aspectos - analisa Pedro Melo, CCO do Atlético-MG, que tem IPEP de 7,85.
Ranking de clubes com maior IPEP:
1º. Corinthians - 9,2
2°. Flamengo - 9,1
3°. Athletico-PR - 9
4°. Palmeiras - 8,5
5°. São Paulo - 8,4
Critério para definir porte da empresa:
Pequenas: Receita bruta anual de até R$ 5 Milhões
Médias: Receita bruta anual entre R$ 5 Milhões e R$ 300 Milhões
Grandes: Receita bruta anual entre R$ 300 Milhões e R$ 2 Bilhões
Mega: Receita bruta anual acima de R$ 2 Bilhões