O Lance!Biz dá sequência, nesta segunda-feira (26), à série especial sobre as finanças do futebol brasileiro. Em parceria com a Pluri Consultoria, o estudo se baseia nas demonstrações contábeis mais recentes, referentes a 2022. A quarta matéria analisa as contas do São Paulo.
Destaques:
> Tricolor arrecadou mais de R$ 660 milhões na temporada 2022 - maior faturamento na história do clube;
> Receitas foram impulsionadas pela venda de atletas (e ex-atletas);
> São Paulo volta a registrar lucro após três anos seguidos de prejuízo.
Panorama geral das finanças do São Paulo
O primeiro indicador da saúde financeira é a comparação entre receitas e dívidas. Pelo critério adotado pela Pluri Consultoria, o São Paulo terminou 2022 com uma proporção de 0,89 entre o endividamento líquido e o faturamento total - uma melhora em relação ao ano anterior, no qual o número era de 1,35.
Como o São Paulo bateu recorde de receitas?
Com R$ 661 milhões faturados, o São Paulo teve a quarta maior receita do futebol brasileiro em 2022. O faturamento do Tricolor teve um acréscimo de 39% em comparação ao ano anterior, atingindo o maior índice na história do clube.
As receitas foram impulsionada principalmente por dois fatores: (1) o retorno completo do público aos estádios e (2) negociações de atletas feitas por terceiros, sem impacto da gestão. Foram os casos de Casemiro e Antony. Ainda assim, as receitas recorrentes mostraram bom desempenho: R$ 432 milhões.
Diferente da maioria dos clubes brasileiros, a principal fonte de receita do São Paulo não foram os direitos de transmissão e as premiações dos torneios disputados. Em 2022, a maior parcela do faturamento tricolor foi a venda de atletas (35%). Um ponto negativo é a dependência além do ideal nesta linha de receita não recorrente.
São Paulo está em crise financeira ou não?
Apesar do faturamento recorde, a situação financeira do São Paulo ainda é delicada. A diretoria opta por manter o alto investimento no elenco e somou R$ 623 milhões com despesas totais em 2022 - o quinto maior valor no futebol brasileiro.
A verdade é que a crise financeira do São Paulo está longe de ser resolvida. Sem resultados esportivos condizentes com o investimento, o clube não consegue reduzir a dívida de forma relevante. Pelos cálculos da Pluri, o endividamento líquido tricolor segue em patamar próximo a R$ 600 milhões e sem perspectiva de melhora a curto prazo.
Um ponto positivo é que o Tricolor voltou a apresentar lucro (superávit) no resultado líquido após três anos seguidos de déficit. Esse número de R$ 37 milhões, no entanto, não deve ser interpretado sozinho para concluir se o ano foi positivo ou negativo nas finanças.
Análise do especialista
A receita do clube subiu fortemente e bateu recorde em 2022, puxado pelo maior volume de negociação de atletas do país. Essa melhora permitiu reduzir a relação de endividamento proporcionalmente às receitas, com uma leve queda da dívida líquida em patamares ainda acima de R$ 550 milhões, acompanhada de um crescimento controlado das despesas com futebol no ano. Permitiu também que o clube voltasse a apresentar superávit – um dos maiores do país - após três déficits. Trata-se do melhor balanço financeiro do clube em 10 anos - explica Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri, antes de completar:
Um ponto de alerta é que a maior parte deste avanço veio de receitas não recorrentes o que aponta para a necessidade de aprofundamento do ajuste financeiro, se quiser se manter competitivo frente a clubes como Palmeiras e Flamengo.
Para voltar a ser Soberano em campo, o clube precisará melhorar a qualidade e resultados dos investimentos no futebol.
Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri