Em uma temporada desastrosa dentro de campo para o Manchester City, principal clube do City Football Group (CFG), a holding de investimentos no futebol também vive um cenário de alerta fora dos gramados. Isso porque um levantamento do veículo inglês The Athletic aponta um acúmulo de prejuízos que alcança a casa do bilhão para a companhia, fundada em 2013.
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Segundo o jornal, o CFG tem 972,8 milhões de euros, o que corresponde a R$ 6,1 bilhões na cotação atual, de perdas acumuladas ao longo de pouco mais de uma década. O cenário contradiz as projeções da empresa, que imaginava alcançar a lucratividade dentro de três anos, fato que nunca aconteceu desde então.
Ao analisar o prejuízo geral da temporada 2023/24, o prejuízo foi de 122 milhões de euros (R$ 775 milhões). Nos últimos três anos a barreira dos 100 mi de euros foi quebrada em perdas no grupo. A alternativa buscada pelo CFG nesta último ano foi utilizar um benefício fiscal que girou em tono de 30 mi de euros, o que reduziu o valor do prejuízo líquido.
Por outro lado, isso não significa que todas as equipes deem prejuízo. O próprio Manchester City registrou lucro na última temporada de 103 mi de euros (R$ 655 mi). A receita do principal clube do grupo atingiu R$ 4,5 bilhões no último ano e ajudou o CFG a atingir uma receita total recorde de 933 milhões de euros, ou R$ 4,9 bilhões.
Ou seja, o Grupo City consegue ter uma atuação a nível mundial, vê seus clubes registrarem receitas positivas, mas ainda precisa lidar com perdas financeiras acumuladas ao lado dos mais de dez anos de atuação. O The Athletic levanta o cenário das despesas do CFG, que tem como principal gasto os salários dos atletas. Mas custos com o pessoal já ultrapassam os R$ 290 mi, além gastos classificados como "outros encargos externos", que representam pouco mais de R$ 260 mi.
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Essas cifras têm aumentado ao longo dos últimos anos por conta da expansão da holding ao redor do mundo. Bahia e Mumbai City, da Índia, foram os últimos a entrar na "família". Essa expansão representa, claro, gastos com funcionários e mais salários dos atletas para investir. No período de um ano, o número de funcionários do CFG cresceu 56% ao redor do mundo, passando de 670 para 1.162.
Janela de transferência do Grupo City
Mais uma vez o Manchetser City lidera as estatísticas de gastos do CFG. Na última janela de transferências o clube precisou se reforçar para ajustar a rota de uma temporada ruim na Liga dos Campeões e Premier League. No período, foram gastos 218 mi de euros, ou R$ 1,2 bilhão, com reforços. No total, o grupo gastou 322 mi de euros entre as contratações de todos os times da holding, o que representa R$ 2 bilhões em novos atletas.
O relatório destaca os novo nomes do Manchester City, como o atacante Marmoush, que deixou o Frankfurt, da Alemanha, por 70 milhões de euros (R$ 445 milhões). No Bahia, o clube executou a maior contratação de sua história ao fechar com Luciano Rodríguez, atacante uruguaio de 21 anos, que custou pouco mais de R$ 65 milhões. Por mais que os números ainda estejam longe dos gastos da equipe inglesa, mostra que o CFG têm aumentado os investimentos em todos os clubes ao redor do mundo.
Apesar de ainda não conseguiu alcançar lucratividade e acumular prejuízos expressivos, o CFG segue expandindo sua atuação através do próprio endividamento e dos aportes de peso do Sheikh Mansour, príncipe dos Emirados Árabes Unidos e dono do fundo de investimentos do país que sustenta o grupo.
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O crescimento de receitas e o avanço de outros clubes do Grupo City nas vendas de jogadores são sinais positivos, mas o alto custo operacional e a crescente dependência de financiamentos bancários podem representar desafios para o futuro da holding.