Nesta quinta-feira (22), o Cianorte recebe o Corinthians, pela primeira fase da Copa do Brasil, em Maringá (PR), após polêmicas envolvendo o preço dos ingressos para a torcida visitante. No primeiro lote, os valores cobrados, entre R$ 190 a R$ 580, revoltaram os torcedores alvinegros, que protestaram inclusive com faixas penduradas nos portões do estádio.
Esta é mais uma das recentes ocorrências em que os elevados valores dos ingressos geraram insatisfação dos torcedores, em caso que até mesmo levou o Procon da Prefeitura de Maringá a notificar o Cianorte pelos preços praticados.
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A situação não é inédita para os corintianos em 2024. Outro dos casos de destaque neste ano foi durante o Campeonato Paulista, quando torcedores alvinegros também protestaram contra o valor cobrado para acompanhar uma partida do clube fora de casa, contra o São Bernardo. O duelo era válido pela 3ª rodada da competição, e os preços das entradas eram de R$ 140.
- O que se percebe nos últimos anos é que cada vez mais as equipes têm aproveitado para elevar consideravelmente o valor cobrado pelas entradas durante os jogos de maior expressão. Nas partidas contra os principais times, com a certeza de um bom público e a alta demanda pelos ingressos, as equipes de menor expressão também costumam estabelecer preços maiores para a torcida visitante, a fim de elevar o faturamento. São jogos como esses que podem garantir cifras importantes para que a equipe se mantenha ao longo da temporada - analisa Cristiano Maschio, CEO da fintech Qesh, empresa especializada em serviços financeiros.
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Já em jogos de outras equipes, mesmo em duelos entre os principais clubes do Brasil, o preço dos ingressos para a torcida visitante também foi pauta de reclamações. Na 23ª rodada do Brasileirão 2023, por exemplo, botafoguenses reclamaram dos R$ 300 cobrados pelo Atlético-MG para confronto na Arena MRV.
A comparação se deu muito em função do jogo do primeiro turno, no estádio Nilton Santos, quando os torcedores atleticanos pagaram metade deste valor para acompanhar o time no Rio de Janeiro – com bilhetes a R$ 150 (inteira) e R$ 75 (meia-entrada).
Os registros de protestos recentes, porém, também se estendem aos jogos como mandante, com destaque para as finais da Copa do Brasil de 2023. Na época, também houve reclamações dos torcedores quanto aos valores praticados, que no Maracanã eram a partir de R$ 400,00 para não sócios, e, no Morumbi, variaram de R$ 200 a R$ 1.500, para não sócios, com camarotes chegando a R$ 2 mil.
Como reflexo do descontentamento pelos preços cobrados para a partida no Rio de Janeiro, por exemplo, o público presente no Maracanã entoou sonoras vaias após o telão do estádio anunciar a renda total de R$ 26,3 milhões, a maior da história do futebol brasileiro, em valores absolutos.
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- O preço dos ingressos para partidas de futebol das principais equipes do país já vem registrando tendência de alta há algum tempo. Conforme os clubes avançam nas competições, tornou-se praxe que se eleve ainda mais, devido à maior atratividade do jogo. Presenciamos um momento em que os clubes têm a bilheteria de suas partidas como importante fonte de receita. No caso do São Paulo, por exemplo, superou os R$ 111 milhões em bilheteria em 2023, quantia que aliviou a necessidade de vendas de jogadores e possibilitou a manutenção do elenco - comenta Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da agência Wolff Sports.
Nesse cenário, os clubes têm se mobilizado para adotar diferentes estratégias para proporcionar aos torcedores, dentre outras vantagens, valores que não tenham flutuação de preço em jogos mais decisivos. Os principais casos são do Fortaleza, vice-campeão da Copa Sul-Americana em 2023, e do Bahia.
A exemplo de outras equipes, ambos os clubes disponibilizam planos especiais de programas de sócios-torcedores, um pouco mais caros que os planos convencionais, mas garantia da compra com 100% de desconto de ingressos nos jogos da equipe como mandante, a partir de pagamentos mensais, com exigência de 12 meses de fidelidade.
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No caso, o Leão e o Bahia são os únicos a oferecer planos populares que garantem desconto total nos ingressos, para torcedores com menos condições financeiras. O Fortaleza, por exemplo, destaca-se com valor total anual de R$ 720 (ou R$ 60 por mês), o que seria equivalente a R$ 18 por partida, baseando-se no número de jogos do clube no Castelão durante o ano passado.
Sabe-se que a maior parcela dos torcedores brasileiros possui baixa renda. Logo, é vital que o clube se preocupe com este público e forneça um serviço que se equipare à sua condição financeira. O Bahia, por exemplo, é um grande case de sucesso, em que há uma diretriz clara de beneficiar o torcedor popular do clube
Henrique Borges, CEO da Somos Young, empresa especializada no atendimento a sócios-torcedores, com trabalho em clubes como Bahia, Cruzeiro e Vasco