O Botafogo e a pressão no Coliseu Moderno

Estamos vivendo em um mundo de cobranças que está colocando a sanidade mental da sociedade em risco

imagem cameraBruno Lage é o atual treinador do Botafogo (Foto: Arthur Barreto/Botafogo)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 05/09/2023
17:05
Atualizado em 06/09/2023
12:03
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“O único time que não está em crise no Brasil é o Botafogo”, disse Abel Ferreira, treinador do Palmeiras no dia 9 de agosto, após jogo contra o Atlético-MG.

“Só há uma forma de libertar meus jogadores dessa pressão. Pensei muito e nesse momento coloco meu lugar à disposição do diretor e do presidente”, afirmou Bruno Lage, treinador do Botafogo após derrota do seu time para o Flamengo, menos de um mês depois da declaração de Abel Ferreira.

Não podemos nos esquecer que o Botafogo segue líder da competição, com 10 pontos à frente do segundo colocado.

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Vamos tentar ir além do óbvio e, primeiramente, buscar a origem da palavra pressão.

Segundo Michaelis, o dicionário brasileiro da língua portuguesa, temos vários significados para a palavra, entre eles:

1 - Ação ou efeito de pressionar, comprimir ou apertar;
2 - Aplicação de uma força a um corpo por outro corpo em contato com ele;
3 - Ação de uma força contra outra que se lhe opõe;
4 - Tensão do sangue nas artérias, veias etc.

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Bruno Lage relata pressão vivida no Botafogo (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

Posto isso, voltemos à declaração de Bruno Lage.

O treinador português está tentando proteger seu elenco da chamada pressão ou ele mesmo está se sentindo pressionado devido aos seus resultados pessoais frente ao comando técnico da equipe da estrela solitária?

Não tenho elementos para avaliar, principalmente do lado de fora. Mas posso afirmar que de uma forma ou de outra, estamos vivendo em um mundo de cobranças externas e internas que está colocando a sanidade mental da sociedade mundial em risco.

Especialmente no futebol, os profissionais precisam cada vez mais serem acompanhados por especialistas nesta área, para que o prazer que os levou a escolher este esporte como profissão não seja transformado em agente destruidor das suas próprias saúdes. 

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Tento sempre fugir do óbvio, mas ele também precisa ser dito: a sanidade mental (ou a perda dela) não escolhe classe social, cor, raça ou salários. 

Às vezes me perguntam qual a sensação de participar de uma partida de futebol, com um estádio lotado.

Invariavelmente respondo: é a versão moderna do sentimento que os gladiadores tinham, ao entrarem no Coliseu de Roma. Só que agora, os leões estão do lado de fora da arena. Mas sua fome por sangue segue a mesma.

Nota: Estamos em setembro, na Campanha Setembro Amarelo, mês de Prevenção ao Suicídio. Falar sobre saúde mental nunca foi tão importante. Seguindo o lema da campanha deste ano: Se precisar, peça ajuda!

* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lance!

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