Qual o maior produto no futebol?

Para as marcas que patrocinam o futebol, o público é o produto mais valioso que pode ser explorado

imagem cameraJoe Hirakuri é colunista do Lance! Biz (Arte Lance!)
Avatar
Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 06/09/2023
12:10
Compartilhar

Deixando de lado o preço inflacionado pelas loucuras europeias e pelos nababescos petrodólares das terras árabes, nunca houve um consenso em definir qual o produto mais valioso dentro do futebol.

O direito de transmissão é caríssimo, os patrocínios são essenciais, a arrecadação em jogos dá sustentação à previsibilidade anual, mas qual o produto bruto mais valioso para as marcas?

+ Coluna do Joe: "Por que está tudo tão caro no futebol?"

Existe uma máxima que o mundo startupeiro adora e que preconiza uma das maiores verdades do segmento digital nos dias atuais: “Se você não está vendo o produto, então você é o produto”. Tal afirmação casa perfeitamente com as três principais propriedades que existem dentro do futebol:

✔️ O atleta, que no campo faz as vezes de outdoor com perna e braço, e que fora de campo pode ser um embaixador com quês de bom moço e pai de família.

✔️ As diversas e infindáveis propriedades de marca que nada mais são do que a troca de espaço e visibilidade por muito dinheiro.

✔️ E, por fim, o produto mais importante: você!

Futebol movimenta fortunas ao redor do planeta (Arte Lance!)

Grave bem essa palavra: dados. Tudo é dado e dado é ouro, vide a cada vez mais valorizada LGPD, cookies, os infindáveis “ACEITO” que você clica ao acessar algum formulário de cadastro.

Para as marcas que sustentam e patrocinam o futebol, o público e o seu respectivo potencial de consumo é o produto mais valioso e escalável que pode ser explorado.

+ Coluna do Joe: "Por que o Brasil está dominando a América do Sul? "

Todo mundo sabe que a quarta-feira à noite e o domingo à tarde são os horários oficiais do futebol brasileiro. Qual a sacada? Reunir o mesmo nicho de público num só lugar e com um só hábito: ficar na frente da TV e, cada vez mais, com o celular na mão ao mesmo tempo.

Daí vem o bombardeio de anúncios e inserções de marcas que possuam similaridade entre seus respectivos produtos/serviços e o público que consome futebol.

Torcedor torna-se principal produto para as marcas (Foto: Master1305/Freepik)


Se eu sei que o futebol é assistido majoritariamente por homens e os dados me mostram que homens são suscetíveis ao consumo quando estão torcendo, então durante os jogos eu vou anunciar e ofertar pneus, cerveja, serviços de seguro, itens correlatos à churrasco e por aí vai.

Se os dados me mostram que antes da transmissão do futebol o número de mulheres ligadas na novela é enorme, então no último intervalo que precede o jogo eu vou caprichar e acertar em cheio com anúncios de cosméticos, xampus e itens focados no público feminino.

Viu a magia? Soa simples, mas é tudo extremamente mapeado e sincronizado.

O time que torcemos, a região que moramos, os hábitos de consumo que possuímos, os horários da nossa rotina… Tudo isso é mapeado pelas marcas e transformado em estratégias focadas em induzir ao consumo.

Quanto mais informações a marca tiver sobre você, mais ela te cercará até te deixar suscetível ao ato da compra. Soa estranho, soa alarmante, mas não é nada diferente do que acontece em qualquer outro ambiente digital hoje em dia.

Vida que segue, apenas atenção aos limites e bola pra frente!

* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lance!

Siga o Lance! no Google News