Cansada de ser ‘a menina que ganhou da Ronda’, Amanda Nunes desabafa
Brasileira busca maior reconhecimento no UFC 213, admite que ausência de Rousey faz MMA feminino perder força e garante: 'Depois dessa luta, vão me chamar de campeã'
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Os últimos 16 meses foram especiais na carreira de Amanda Nunes. No período, a brasileira foi de atleta top da divisão peso galo feminino a campeã absoluta. Isso com vitórias expressivas contra dois dos maiores nomes do MMA feminin: Miesha Tate e Ronda Rousey. Mas mesmo diante de feitos tão importantes a baiana ainda se sente incompleta. Ela busca uma espécie de reconhecimento solo.
Antes do UFC 213, que acontece neste sábado, em Las Vegas (EUA), onde defende o título contra Valentina Shevchenko, Amanda Nunes comemora seus feitos no mundo das lutas, mas esbanja sinceridade ao dizer que não quer mais ser conhecida como "aquela que venceu Ronda Rousey". Nunes quer ser reconhecida apenas como "Amanda Nunes, campeã peso galo feminino do UFC".
- Digo que (a vida) mudou (após a luta com a Ronda) porque da forma que a luta foi promovida, foi um choque o resultado. Dali em diante, quem não conhecia a Amanda Nunes, passou a conhecer. Com certeza isso mudou muita coisa, mas é um pouco triste, porque as pessoas muitas vezes ainda falam que eu sou "a menina que ganhou da Ronda". Não falam que sou a Amanda Nunes. É um pouco triste, mas está melhorando - desabafou, em conversa com a imprensa brasileira.
Nesta entrevista, Amanda Nunes comenta a vida de campeã, fala sobre sua popularidade e admite que o MMA feminino perde prestígio com a ausência de Ronda Rousey.
Confira trechos da entrevista com Amanda Nunes
Você reclamou do reconhecimento dos fãs através da Ronda. Isso só acontece nos EUA ou no Brasil também?
Acontece tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Acredito que sou uma atleta que precisa continuar sempre se provando. Tenho que lutar, ganhar e continuar assim. Essa é mais uma luta que vou continuar provando que sou a melhor. Depois dessa luta, as pessoas vão me chamar de "campeã". Tudo leva um tempo.
A vida de campeã atrapalha na organização dos treinos?
Para quem gosta de começar o treino antes, como eu - gosto de organizar tudo certinho - acaba atrapalhando, sim, um pouco. Quando se viaja tanto, tem que organizar tudo, é um pouco complicado, mas faz parte do meu trabalho e tenho que cumprir o que eles mandam. Estamos investindo para nos preparar bem sempre.
Você acha que a luta com a Ronda Rousey te abriu portas?
Sou honesta. O card com a Ronda foi incrível, enorme, o mundo inteiro estava assistindo. Estou muito feliz de ser a luta principal mais uma vez. Ninguém vai tirar isso (o cinturão) de mim, e viverei isso por muito tempo. Vou deixar meu sangue ali dentro. A Valentina não vai tirar esse cinturão de mim.
Por que você acha que o Brasil tem poucos cinturões no UFC?
Não sei. Honestamente, isso acontece. Quando você entra no cage, ou perde ou ganha, e têm sido os brasileiros. Estou aqui, estou com o cinturão e estou muito focada nisso.
Você se considera a cara do MMA feminino atualmente?
Sou a campeã, se isso faz de mim a cara do MMA, beleza. A atenção não está pra mim. Depois que Ronda acabou o que ela era, claro que deu uma caída (na força do MMA feminino), mas... Se isso faz de mim a cara do MMA ou não, não sei. Sou a campeã. Tenho que ser promovida como campeã, pelo que conquistei. Se isso faz de mim a cara do MMA, tudo bem. Mas isso não vai sair da minha boca.
Você acha que pode ser tão dominante quanto Ronda Rousey no UFC?
A Ronda foi grande na categoria, fez história, mas agora tem uma nova campeã, uma nova história. Acredito que é bom essa rotatividade para as pessoas conhecerem outras atletas. Nessa categoria, temos muitos talentos. Parecia que ela ia lutar sozinha, era só Ronda, Ronda, Ronda... Agora acreditam mais nas outras atletas. Isso é o que muda o MMA feminino. Agora o foco está na luta. Os fãs estão mais ligados na parte técnica e outras coisas.
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