Uma das lutas mais aguardadas da próxima edição do BJJ Stars, que acontece no dia 14 de novembro, será o duelo feminino entre Gabi Garcia e Claudia do Val. Gabi Garcia dominou o cenário do Jiu-Jitsu feminino por muitos anos, quando conquistou também quatro títulos do ADCC e oito títulos do Pan-Americano. Após migrar para o MMA, viu a faixa-preta Claudia do Val passar a dominar a sua categoria e por isso o duelo ganhou status de “tira-teima”.
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- A Claudia do Val é a atual número 1 do ranking na minha categoria. Ela sempre lutou na minha categoria. Eu sei que ela tem uma boa omoplata, que ela joga pra frente, que ela ataca bastante, que a guarda dela é muito boa. Mas eu ainda não assisti nenhuma luta dela completa, nem das outras meninas que eu possa a vir lutar. Na verdade, eu me preocupo com o meu jogo, eu entro na luta para impor o meu jogo - disse Gabi.
Atualmente a faixa-preta da Alliance mora nos Estados Unidos, onde abriu a sua academia em janeiro. A pandemia atrapalhou os planos de Gabi, que ainda passou por uma cirurgia e um divórcio conturbado. Mesmo com todos os problemas, Gabi foi resiliente, e ela garante que está motivada para lutar no Brasil após cinco anos sem competir em solo verde e amarelo.
- Estou muito feliz. Lutar no Brasil, perto da minha família, dos meus amigos… Infelizmente não vai ter público, mas lutar em casa já é diferente. Faz cinco anos que não luto no Brasil. E meu último campeonato de quimono foi o Pan-Americano. Fiquei muito feliz com o convite do BJJ Stars. Estou treinando muito e esse evento veio para me ajudar nessa fase que estou passando na minha vida - analisou a faixa-preta.
Na entrevista a seguir, Gabi Garcia fala sobre a expectativa de lutar no BJJ Stars, analisa o jogo de Claudia do Val e garante: “Eu tenho plano A, B, C, mas meu plano A é diferente de tudo o que as pessoas já viram. Mas vai ser a mesma Gabi, com a mesma agressividade, eu vou para pegar nessa luta, para ganhar o prêmio de melhor luta e melhor finalização da noite”.
Confira a entrevista na íntegra com Gabi Garcia:
– Qual a expectativa para a sua luta no BJJ Stars? Já tem um tempo que você não luta no Brasil…
Estou muito feliz. Lutar no Brasil, perto da minha família, dos meus amigos… Infelizmente não vai ter público, mas lutar em casa já é diferente. Faz cinco anos que não luto no Brasil. E meu último campeonato de quimono foi o Pan-Americano. Fiquei muito feliz com o convite do BJJ Stars. Estou treinando muito e esse evento veio para me ajudar nessa fase que estou passando na minha vida. Abri a minha escola e estou em contato com o Jiu-Jitsu 24 horas por dia. Tenho outras coisas no meu dia, mas estou focada só no BJJ Stars. Será muito gratificante voltar a lutar no Brasil. Seria a minha despedida de competições de quimono no Brasil, mas como será sem público, vou deixar para uma próxima oportunidade.
– Você está acostumada a lutar com casa cheia. Como você está vendo esse novo “normal” dos eventos?
Eu sempre lutei com torcida contra e a favor. No MMA também, e com um público muito maior. Eu gosto do show como um todo, da parte da entrada, do evento como um todo. Eu lutei em abril aqui nos Estados Unidos um evento sem público, e é diferente, porque você escuta o seu córner, o câmera etc. Por gostar dessa parte do show, eu sinto falta das pessoas, mas quando a luta começa, não me importa se tem uma pessoa ou cem mil olhando, eu fico concentrada apenas na minha adversária e na vitória. Acho que isso tudo está sendo um recomeço pra gente. Então, as pessoas que foram resilientes nesta pandemia irão se dar bem neste novo formato. Pra mim não muda nada, o foco é o mesmo. Eu vou em busca da vitória. Mas que é estranho, é estranho (risos).
– Você terá pela frente a Claudia do Val, que tem conquistado tudo e tem lutado mais assiduamente de quimono do que você. Isso pode fazer alguma diferença? O que espera dessa luta contra ela?
A Claudia do Val é a atual número 1 do ranking na minha categoria. Ela sempre lutou na minha categoria. Eu sei que ela tem uma boa omoplata, que ela joga pra frente, que ela ataca bastante, e que a guarda dela é muito boa. Mas ainda não assisti nenhuma luta dela completa, nem das outras meninas que eu possa a vir lutar. Na verdade eu me preocupo com o meu jogo, eu entro na luta para impor o meu jogo. Tem algumas meninas no cenário que acompanho, que eu gosto de ver lutar. Mas voltando a Claudia do Val, ela vem lutado bastante, mas tem campeonato que não tem luta. Ela vai pontuando bastante, mas tem campeonatos que não tem adversárias. As meninas precisam entrar mais nos campeonatos. Mas números por números, eu estou na frente. Não me apego ao fato dela estar lutando mais do que eu, porque o peso, pela questão dos títulos que tenho, vai cair sobre mim.
Agora vou enfrentar a menina que é a número 1 do ranking na minha categoria, não tem desculpa nenhuma, porque ela luta de super-pesado. Ela poderia lutar na categoria dela, mas como ela gosta de lutar com meninas maiores e mais pesadas, ela vai de super-pesado. Então, não existe nenhuma desculpa para nenhuma das duas. Respeito ela como atleta, mas vou para vencer. Vou dar o meu máximo. Eu não sou invencível, já perdi e todo mundo sabe, mas quando estou inscrita em um campeonato, eu entro preparada. Tenho uma luta antes dessa superluta com a Claudia e, se a luta contra ela fosse hoje, eu já estaria preparada. Eu tenho plano A, B, C, mas meu plano A é diferente de tudo o que as pessoas já viram. Mas vai ser a mesma Gabi, com a mesma agressividade, eu vou para pegar nessa luta, para ganhar o prêmio de melhor luta e melhor finalização da noite.
– Como foi o treinamento durante a pandemia? Como se manteve em forma?
Não teve só a pandemia. Teve os protestos aqui nos EUA, eu passei por uma cirurgia no útero e passei por um divórcio não amigável. Foram tantas coisas esse ano que os meus alunos olham pra mim e perguntam como eu ainda consigo sorrir, treinar e dar aulas. Desde a morte do meu irmão, passando pelo ADCC, ser acusada de algo que não fiz, as vaias que recebi das pessoas em várias competições… Mas eu sempre voltei mais forte. E acho que essa pandemia fez isso comigo, me deixou mais forte neste 2020. Eu passei tudo aqui sozinha, sem ver a minha família, só eu e o meu cachorro. Eu abri a minha academia em janeiro, sou a primeira mulher da Alliance a abrir uma academia de Jiu-Jitsu. Não tive ajuda nenhuma do governo ou um investidor por trás, e eu mantive a academia em pé. Estou reabrindo nesse novo formato com um número grande de alunos. E a cada dia entram novos alunos. Estou muito feliz com o resultado da academia. Eu me apeguei aos meus treinos para afastar esses problemas que tive. Estou treinando muito. Além da minha preparação física, estou correndo todos os dias. É onde consigo mentalmente pensar nas coisas que estão acontecendo comigo.
Tem a academia, treino com quimono, sem quimono, filme, estou longe da família e das pessoas que eu gosto. Eu sempre fui uma pessoa que passei muita força para as pessoas lutarem pelo que elas desejam, e eu conquistei tudo o que desejei dentro e fora da luta porque sempre coloquei 100% da minha energia. Mas nesses últimos anos, eu acabei concordando com algumas coisas dentro de um relacionamento abusivo. Muita gente acha que relacionamento abusivo é apenas sofrer uma agressão, mas eu simplesmente aceitava algumas coisas que não deveria ter aceitado. Hoje eu enxergo, e também posso falar porque os meus advogados me deixam falar um pouco sobre isso. Mas eu vi o pior lado do ser humano, e isso me serviu, mais uma vez, para me reerguer mais forte. Eu me apeguei aos treinos, pois é onde eu consigo descarregar toda a minha energia e isso fez com que eu atingisse o meu melhor fisicamente. Estou fazendo dieta, estou focada, treinando Jiu-Jitsu, MMA, fazendo bastante preparação física. Então, tomara que depois de tudo o que passei, eu consiga vencer os desafios que tenho pela frente.
– O evento acontece em novembro. Onde você fará o seu camp para essa luta?
Quando eu fechei a minha luta no BJJ Stars eu já estava treinando, pois tinha outro evento para lutar antes. Estou treinando também na Alliance San Diego. Tem o (Charles) Cobrinha em Los Angeles. Por enquanto, a área dele está mais restrita, mas quando liberarem eu vou lá treinar também. E eu tenho a minha academia também. Tenho muito treino bom aqui. A Talita Treta está aqui comigo, tem o Marlon que é um dos coachs da minha academia. A Talita acabou de ganhar o ouro no Abu Dhabi Grand Slam, o Marlon foi ouro no Oklahoma Open no mesmo final de semana. O bom de ter a minha escola hoje é fazer o meu treino, o meu camp. Eu sei o caminho para ser campeã, são 15 anos no topo do esporte. Não tem segredo. Eu não preciso de várias estrelas treinando comigo para ser campeã. Eu sei qual é o caminho e estou contando com a ajuda de todos os meus companheiros da Alliance San Diego, e também dos meus alunos na academia.