Se há um assunto que mexe com lutadores de MMA na atualidade, especialmente aqueles que atuam no UFC, é a nova era onde a esportividade se vê enfraquecida diante do poder do entretenimento na modalidade. A competência e o merecimento não são mais o suficiente para garantir a um atleta uma posição de destaque na organização. Rankings são ignorados por "lutas do dinheiro" e atletas mais populares têm mais voz do que aqueles que tem mais vitórias. O LANCE! ouviu astros do UFC Fortaleza de diferentes personalidades para debater o assunto.
Ex-campeão dos meio-pesados do UFC, Mauricio Shogun passa longe do estilo polêmico. Ele não chega a julgar atletas que esbanjam autopromoção, adotam de provocações e medidas que elevam suas popularidades, mas garante que jamais mudaria sua postura. Há mais de 15 anos no MMA, ele teme pela imagem que tais atitudes podem passar em relação a modalidade.
- Acho que cada atleta tem uma personalidade, um perfil. Meu perfil é ficar na minha, quieto, e lutar. Me sinto bem assim e temos de fazer o que nós gostamos. Se os caras se sentem bem gerando brigas, e se promovendo, é com eles. Mas nosso esporte sofreu muito preconceito no começo, até hoje tem um pouco. Então se nós, que fazemos esse esporte não mudarmos esse cenário, acho que fica difícil as pessoas entenderem isso diferente. Tento passar para as pessoas que o meu rival é rival só lá em cima (do octógono), não no dia-a-dia - ponderou Shogun, que encara Gian Villante no UFC Fortaleza, neste sábado.
Outro veterano do esporte, Vitor Belfort, não chega a temer pelo futuro do MMA, apenas alerta que é preciso encontrar um equilíbrio entre esportividade e entretenimento. Ele também opina sobre o crescimento da modalidade no Brasil em tempos onde o entretenimento fala mais alto do que a esportividade.
- Nossa luta é às 2h30 da manhã, é como se fosse coisa de boate... Não existe competidor lutar às 2:30. Somos entretenimento, sim. Precisamos, sim, ser mais esporte. Precisamos oferecer isso a sociedade, pois eles querem mais o entretenimento do que o esporte, é uma balança que tem que ser equilibrada. Somos esporte antes de ser entretenimento. Mas nos tornamos um entretenimento antes de ser um esporte. Agora os executivos têm de equilibrar essa balança - comentou Belfort, que ainda falou sobre o crescimento do MMA no Brasil, que hoje está em ritmo menor do que anos atrás.
- Estamos andando para trás. Podemos ser o esporte mais assistido, que o povo ama, mas o negócio ainda não gira, ainda dependemos de uma empresa americana, precisamos ter base. Não vejo isso no Brasil - reclamou.
Edson Barboza é outro brasileiro que apesar dos novos tempos não cede à postura que lhe daria uma condição melhor no UFC. O carioca prefere se manter firme ao que aprendeu com o respeito propagado nas artes marciais.
- Sou criado na arte marcial, e principalmente tenho uma boa educação. Jamais faltaria respeito a uma pessoa para conseguir uma "luta do dinheiro" ou uma luta pelo cinturão. Não é da minha índole, hoje tenho um filho e sei que sou um exemplo para ele. Mas isso está dentro de mim, não preciso fazer nada forçado. Jamais faria algo que não respeito só por dinheiro - afirmou.
Além de Vitor Belfort, Mauricio Shogun e Edson Barboza, o UFC Fortaleza, que acontece neste sábado, conta dom diversos astros brasileiros em ação.