LFA 132: Leo Leite celebra luta de despedida ’em casa’
O veterano Leo Leite é uma das atrações do LFA 132, programado para o dia 13 de maio, no Qualistage, na Barra da Tijuca. O carioca de 44 anos entra em ação contra o gaúcho Claiton Trassante pelos meio-pesados na luta que marca a sua despedida do MMA.
O palco não poderia ser melhor. Leo Leite foi campeão peso médio e meio-pesado, simultaneamente, entre 2014 e 2015, quando o evento ainda se chamava Legacy Fighting Championship. Foram três lutas pela organização e três vitórias.
"Eu não poderia deixar de aceitar essa luta: minha aposentadoria, no Rio, na minha casa, no evento onde eu tenho as minhas melhores memórias, onde fiz minhas primeiras lutas internacionais, onde ganhei dois cinturões", lembra o lutador.
"Estou feliz de lutar na minha casa, perto da minha família, amigos, torcida, meu time. É com certeza uma motivação maior. Estou me preparando muito para chegar lá e sair com a vitória na minha casa, na frente da minha torcida", projeta.
Apesar do tom, a aposentadoria só vale para o MMA. O prefixo ex nada combina com o lutador inveterado que é Leo Leite. Tricampeão pan-americano e sul-americano de judô e bicampeão mundial de jiu-jitsu, ele rechaça a possibilidade de se afastar das lutas.
"Eu ainda tenho esse fogo dentro de mim. Eu gosto de chegar em casa cansado, cheio de dor. Eu rezo para o domingo acabar logo para chegar segunda e voltar a treinar, ainda mais com luta marcada", revela o atleta.
"Jiu-jitsu eu com certeza vou lutar. Sou doido para lutar esse mundial master (...) Vamos ver se neste ano esse projeto sai (...) E boxe, eu tenho muita vontade. Acho muito legal essas lutas que estão fazendo agora (...) Se quiserem me chamar, estou aí", avisa.
Confira abaixo a entrevista completa com Leo Leite:
As suas luvas estavam penduradas ou apenas guardadas sabendo que uma última luta aconteceria?
Leo Leite: Pendurada nunca vai ficar (risos). Eu sempre gostei de treinar, ainda gosto muito de treinar, então nem guardar eu vou. Mesmo sem luta, sem uma meta, eu sempre gostei de estar na academia, de treinar, eu gosto de ajudar os garotos, então estou sempre treinando. Talvez eu possa guardar um tempinho, mas pendurar, jamais. Eu ainda tenho esse fogo dentro de mim. Eu gosto de chegar em casa cansado, cheio de dor. Eu rezo para o domingo acabar logo para chegar segunda e voltar a treinar, ainda mais com luta marcada. Gosto desse meio, da preparação. Não é nenhum sacrifício para mim.
Você não luta MMA desde 2018. Seguiu treinando todos os fundamentos ou voltou agora para esta luta de despedida?
Leo Leite: Tem quatro anos que eu não luto. Iria lutar em 2019 e 2020, tinha lutas marcadas nesses dois anos, mas tive dois problemas muito sérios de saúde. Em 2019 tive a tuberculose e, quando me curei, após um longo tratamento, nove meses de antibiótico, eu voltei a treinar e tive uma lesão na perna que me deixou hospitalizado durante um tempo. Tive que cancelar essas lutas para poder me recuperar e depois veio a pandemia, escassez de eventos… mas continuei treinando.
O cage do LFA é especial para você? Você foi campeão peso médio e meio-pesado quando o evento ainda era Legacy. Lutar no LFA, e ainda por cima no Rio, é como estar em casa?
Leo Leite: Quando o LFA me ofereceu essa luta, eu não pensei duas vezes. Liguei para o Pimentel, que é meu preparador físico desde 1999, e disse que eu não poderia deixar de aceitar essa luta: minha aposentadoria, no Rio, na minha casa, no evento onde eu tenho as minhas melhores memórias, onde fiz minhas primeiras lutas internacionais, onde ganhei dois cinturões… Estou feliz de lutar na minha casa, perto da minha família, amigos, torcida, meu time. É com certeza uma motivação maior. Estou me preparando muito para chegar lá e sair com a vitória na minha casa, na frente da minha torcida.
Aonde está sendo seu camp?
Leo Leite: Tenho treinando na Brazilian Top Team mesmo. O boxe eu faço com o Claudinho Coelho e com o Giovanni Tozano, na Nobre Arte; o muay thai eu faço com o Sandrinho, que é um dos primeiros caras que me afiou no muay thai; e o Pimentel, que programa todos os meus treinos, meus estímulos, na periodização de meus treinos. Estamos indo bem, ainda preciso fazer alguns ajustes, mas vamos chegar lá 100%.
Dia 13 é a sua despedida. Após a luta, você vai ser um ex-lutador de MMA. Se você tivesse que escrever um livro sobre sua carreira no MMA, qual seria o título desse livro?
Leo Leite: Acho que "resiliência". Comecei tarde, depois de tentar uma última olimpíada no judô. Quando muitos achavam que não daria, eu com 33 anos, consegui me reinventar e me levantar, pois foi um tombo grande ficar fora daquela olimpíada. Não sabia como ia ser minha carreira no MMA, não sabia nem se eu ia gostar, porque nunca fui de brigar, então não tinha a mínima ideia de como seria. Hoje eu acho que me arrependo por ter começado depois dos 30. Acho que eu poderia ter entrado para o MMA quatro anos antes. Depois de 2008, das Olimpíadas de Pequim, eu deveria ter ouvido o Murilo (Bustamante), que na época já falava para eu migrar para o MMA. Se eu pudesse voltar no tempo, eu teria parado e aproveitado mais quatro anos de MMA, que nem eu sabia do quanto eu ia gostar de treinar e estar dentro dos cages. Então, "resiliência" é a palavra. Depois de tudo o que eu passei no judô, me reinventar e ainda conseguir ter uma carreira vitoriosa no MMA. São 10 vitórias, duas derrotas e quatro cinturões.
Seus fãs ainda poderão vê-lo em ação no jiu-jitsu, no judô? E em super lutas de Boxe, que está na moda, existe a possibilidade?
Leo Leite: Jiu-jitsu eu com certeza vou lutar. Sou doido para lutar esse mundial master, eu nunca fui, todo muito fala da atmosfera desse campeonato, então eu tenho muita vontade de ir. Vamos ver se neste ano esse projeto sai. Judô, sem chance. É muito dolorido. Meu corpo não aguenta mais. E boxe, eu tenho muita vontade. Acho muito legal essas lutas que estão fazendo agora. Antes de migrar para o MMA, eu fiz uma luta de boxe amador. Gosto muito de boxe, acho muito legal, é uma das coisas que eu mais gosto de treinar para o MMA. É muito difícil, mas quando você percebe a evolução, quando você olha para o início dos treinos, quando você não sabia dar um soco… Tenho muita vontade. Se quiserem me chamar, estou aí. Para essas lutas de jiu-jitsu casadas também, estou aí. Parar eu não vou, não. Vou continuar treinando, ajudando os garotos, então qualquer convite aqui vai ser bem aceito.