Chegou ao fim mais uma edição do Mundial de Jiu-Jitsu da IBJJF, anualmente realizado na Califórnia (EUA). E o campeonato, como de costume, marcou a consagração de velhos conhecidos e o surgimento de possíveis novas estrelas. No tatame, porém, o brilho maior ficou com as feras Marcus Buchecha e Nathiely Jesus, ambos ouro duplo na faixa-preta.
Além da dupla, mais destaques foram o título mundial de Bia Mesquita, que agora se torna recordista entre as mulheres, com nove, a finalização recorde do americano Michael Musumeci em apenas 12 segundos, a surpresa Matheus Gabriel Barros no peso pena, as guerras envolvendo Bahiense x Gabriel Arges e Preguiça x Gustavo Batista, entre outros.
Abaixo, veja como foi cada final:
> FEMININO
Peso-galo: Mayssa Bastos x Rikako Yuasa
Em luta muito parelha no peso galo, Mayssa Bastos pareceu sempre um passo à frente da japonesa Rikako Yuasa. Na reta final, porém, Yuasa – uma tetracampeã – empatou a disputa em 6 a 6 nos pontos e assustou a brasileira, que soube segurar o ímpeto da rival para vencer por uma vantagem. Foi o primeiro título mundial de Mayssa na faixa-preta.
Peso-pluma: Amanda Monteiro x Tammi Musumeci
No peso pluma, outra campeã mundial inédita na faixa-preta. Após grande campanha, Tammi Musumeci – irmã do campeão Mike Musumeci – encontrou Amanda Monteiro na decisão e, mais uma vez, fez valer seu jogo agarrado, levando o ouro para casa por 1 a 0 nas vantagens – ataque nas costas – após empate em 0 a 0 nos pontos.
Peso-pena: Ana Carolina Schmitt x Bianca Basílio
Grande final no peso-pena. Ana Schmitt e Bia Basílio deram tudo de si, empatando em todos os quesitos (2 a 2 nos pontos, 2 a 2 nas vantagens e 3 a 3 nas punições). Por decisão unânime dos árbitros, Ana ficou com o ouro e garantiu seu bicampeonato mundial.
Peso-leve: Beatriz Mesquita x Charlotte Von Baumgarten
Após conseguir a montada e abrir boa vantagem, Bia Mesquita começou seu show na final do peso leve. A partir daí, Charlotte Von Baumgarten virou presa fácil para a brasileira, que foi atacando até conseguir encaixar um justo triângulo – depois de algumas tentativas de estrangulamento – e somou seu nono título mundial, um novo recorde entre as mulheres.
Peso-médio: Ana Carolina Vieira x Laurah Elizabeth Hallock
No embalo de Bia Mesquita, Ana Carolina Vieira não teve dificuldades para finalizar Laurah Elizabeth e confirmar seu tricampeonato mundial na divisão dos médios. Em duelo entre duas representantes da GFTeam, mas de partes diferentes do mundo, “Baby” abriu 11 a 0 nos pontos antes de pegar as costas de Laurah e encaixar um estrangulamento.
Peso-meio-pesado: Andressa Cintra x Luiza Monteiro
A final meio-pesado também terminou com finalização, desta vez de Andressa Cintra sobre Luiza Monteiro. Após um início de luta equilibrado, Andressa pegou as costas de Luiza, passou o gancho com as pernas e pressionou até encaixar o estrangulamento. É o primeiro título mundial da jovem lutadora da Gracie Barra como faixa-preta.
Peso-pesado: Nathiely Jesus x Fernanda Mazzelli
No encontro entre as multicampeãs Nathiely Jesus e Fernanda Mazzelli, melhor para Nath. A faixa-preta da Rodrigo Pinheiro BJJ precisou de apenas três minutos para pegar as costas de Mazzelli e encaixar o estrangulamento, somando mais um título mundial.
Peso-super-pesado: Venla Lukkonenn x Cláudia do Val
Em um rápido ataque na metade do duelo, Cláudia do Val resolveu a parada diante de Venla Lukkonenn. Após conseguir a montada, Do Val partiu para o triângulo e, em uma variação do golpe, encaixou uma chave de braço que forçou os três tapinhas de Venla. Terceiro ouro mundial da casca-grossa em três categorias de peso diferentes.
Absoluto: Beatriz Mesquita x Nathiely Jesus
Ouro duplo, de novo. Bia Mesquita, campeã peso-leve, e Nathiely Jesus, campeã peso-pesado, fizeram uma final eletrizante no absoluto feminino. Nathiely abriu 2 a 0 nos pontos logo de cara com uma raspagem. Depois, passou a maior parte da luta se defendendo das diversas investidas de Bia, que chegou a anotar cinco vantagens, mas não foi capaz de passar a guarda ou finalizar a faixa-preta da Rodrigo Pinheiro BJJ. Nos segundos finais, Nathiely ainda anotou mais dois pontos para deixar o placar em 4 a 0 e confirmar seu segundo ouro duplo consecutivo em Mundiais. Bia sai com uma prata e um ouro.
> MASCULINO
Peso-galo: Rodnei Barbosa x Michael Musumeci
Mike Musumeci teve uma atuação de gala no Mundial 2019. Depois de eliminar o favorito Bruno Malfacine na semifinal do peso galo, Mike precisou de apenas 12 segundos – novo recorde em uma final mundial na faixa-preta – para finalizar Rodnei Barbosa com uma chave de pé e confirmar seu terceiro ouro mundial. Ele é o único americano a conseguir.
Peso-pluma: João Miyao e Paulo Miyao
Um fechamento “diferente” aconteceu na divisão dos plumas. Com quatro representantes da Cícero Costha nas semifinais (João Miyao, Paulo Miyao, José Tiago Barros e Hiago George), os irmãos Miyao avançaram e, na decisão, João ficou com o seu primeiro título.
Peso-pena: Matheus Gabriel Barros x Marcio André
Se antes o jovem Matheus Gabriel não era um nome dos mais conhecidos no cenário do Jiu-Jitsu competitivo, depois do Mundial 2019 essa história vai mudar. Em seu primeiro ano como faixa-preta, o lutador da Checkmat fez bonito. Na final, contra o casca-grossa Marcio André, Matheus abriu 2 a 0 nos pontos e soube administrar até encaixar uma bela chave de braço partindo do triângulo invertido e explodir em vibração.
Peso-leve: Lucas Lepri x Lucas Valente
Seis vezes Lucas Lepri. A final dos leves contra Lucas Valente, da Gracie Barra, foi dura, bastante pegada e sem alterações no placar. Porém, Lepri manteve a pressão por cima durante quase dez minutos, evitou os ataques de Valente e, no fim, garantiu mais um ouro mundial para o seu currículo. Foi a sexta conquista do recordista na divisão dos leves.
Peso-médio: Isaque Bahiense x Gabriel Arges
Que confronto foi a decisão dos médios! Isaque Bahiense e Gabriel Arges deram um verdadeiro show de Jiu-Jitsu e emoção para os presentes na Pirâmide de Long Beach. Após muita ação, o placar marcava 4 a 4 e Bahiense vencia por uma vantagem faltando menos de 20 segundos para o fim. Foi aí que Arges ligou o “turbo”, tentou um ataque nas costas e anotou as vantagens necessárias para virar o placar e somar seu segundo ouro mundial.
Peso-meio-pesado: Felipe Preguiça x Gustavo Batista
Os fãs mal haviam conseguido se recuperar de Bahiense x Arges quando Felipe Preguiça e Gustavo Batista pisaram no tatame. Porém, não houve tempo para respirar. Os dois meio-pesados fizeram um combate eletrizante, também decidido nos últimos segundos. Eles estavam empatados em 4 a 4 nos pontos quando foram para o tudo ou nada e anotaram uma vantagem cada, Batista por um ataque no Pé e Felipe por subir. No fim, por decisão, Preguiça conquistou o bicampeonato, repetindo o feito do ano passado.
Peso-pesado: Leandro Lo x Kaynan Duarte
Kaynan Duarte é mais um nome da nova geração que com certeza fez história no Mundial 2019. Diante do multicampeão Leandro Lo, o pupilo de André Galvão não se intimidou e ditou o ritmo da luta desde o início, vencendo por 5 a 2 nos pontos com uma queda e uma passagem de guarda. Foi o primeiro título mundial de Kaynan como faixa-preta.
Peso-super-pesado: Mahamed Aly x Nicholas Meregali
Mordido após perder no absoluto, Nicholas Meregali não deu chances para Mahamed Aly na final do super-pesado. O gaúcho da Alliance buscou a finalização o tempo inteiro e deixou Aly em apuros, quase pegando o braço. Porém, se o armlock não veio, um estrangulamento forçou os três tapinhas de Mahamed e garantiu o bi para Meregali.
Peso-pesadíssimo: Marcus Buchecha x Ricardo Evangelista
Como era de se esperar, Marcus Buchecha imprimiu o ritmo desde o começo do combate contra Ricardo Evangelista no pesadíssimo. O multicampeão da Checkmat anotou algumas quedas, montada, passagem de guarda e costas, e quando o placar já estava em 18 a 2, encaixou um estrangulamento para aumentar seu recorde como campeão mundial.
Absoluto: Marcus Buchecha x Leandro Lo
Repetindo o gesto de Buchecha no ano passado quando ele fechou com Leandro Lo e cedeu o título absoluto para o amigo, que estava lesionado, o líder da NS Brotherhood fez o mesmo. Ou seja, mais um ouro na conta de Buchecha, que chega ao 13º na faixa-preta.