Ex-campeão do Ultimate, Georges St-Pierre é um dos lutadores que busca combater o doping no esporte, em especial no MMA. O canadense é entusiasta que a USADA (Agência de Antidoping dos EUA), parceira do UFC, melhore no controle feito aos atletas. Em entrevista ao podcast The Joe Rogan Experience, o lutador afirmou que é ainda "muito fácil trapacear" as regras da entidade e até citou um exemplo de como pode ser feito.
- Ainda hoje, é muito fácil trapacear. Vamos dizer que eu queira injetar em mim mesmo um produto que ficará no meu corpo por um ou dois dias. Por conta disso, eu sei que nesse período eu não posso ser testado. Se for, eu estou perdido. O que eu faço? Entro no aplicativo da USADA e coloco que estou viajando para algum lugar, e que volto em dois dias. Aquela substância ficará no meu organismo por aquele tempo, mas o efeito durará por um mês ou mais. E é importante dizer que estamos falando aqui de drogas que melhoram a performance atlética. As pessoas não entendem isso. Elas dizem que "não faz diferença". Sim, em um atleta isso faz toda a diferença. O fato é que é muito difícil flagrar alguém, e é muito fácil conseguir essas drogas. Sempre existe a chance de ser pego, mas se eu fosse usar algo, seria assim que eu faria. Fingiria estar indo para a Antártida, tomaria as injeções, e voltaria depois sem problema nenhum - contou GSP, afirmando que o modo de ação das drogas mudou e não age apenas na questão muscular do atleta.
- Até os anos 80, essas drogas faziam com que quem as utilizasse tivesse mais força, mais resistência física e mais durabilidade muscular. Hoje em dia, com a tecnologia, é possível melhorar seu tempo de reação, sua confiança, a recuperação. Isso conta muito. Se você joga beisebol ou é um lutador, você vê a bola ou o golpe chegando antes do que veria, reage melhor... Seu cérebro fica mais afiado. O que deixa alguém mais atlético não são os músculos. Uma das principais razões pelas quais Usain Bolt é mais rápido que os outros é ter um cérebro e um sistema nervoso mais rápidos. Quanto melhor o seu sistema nervoso, melhor você é como atleta. É claro que o efeito é limitado, mas a memória muscular é algo que pode durar muito tempo, talvez para sempre - apontou o ex-campeão do Ultimate.
No UFC 167, em 2013, quando defendeu o cinturão contra Johnny Hendricks, St-Pierre chegou a comentar que o adversário poderia ter lutado sob influência de alguma substância ilícita. Ao ser indagado por Joe Rogan, o canadense voltou a afirmar que tem dúvida e disse que outros lutadores lutam dopados, mas não possui provas sobre isso.
- Se a pergunta é se Hendricks estava usando drogas para aumento de performance, eu não sei. Tenho minhas suspeitas, mas não é certo acusar alguém sem provas. Mesmo hoje em dia, e acho que muitos lutadores usam esteroides e outras drogas proibidas. Até tenho uma boa ideia de quem sejam e, me baseando na minha intuição, acho que estou 99,9% certo. Mas não tenho nenhuma prova. Não interessa o que você pensa, mas sim o que você sabe e o que pode provar. Eu pertenço ao meio do MMA, converso com muita gente. Entre nós, lutadores, abemos quem usa. Há um grupo pequeno de pessoas que fornecem drogas para as academias. A propaganda é feita no boca a boca.
Quer ficar por dentro do mundo da luta? Clique e acesse o site da TATAME!