As frases "o esporte muda vidas" e "Jiu-Jitsu é uma família" são bastante conhecidas pelos adeptos da modalidade, porém, no caso da faixa-preta Fernanda Bonatto, se fazem ainda mais importantes. Atualmente aos 40 anos e graduada preta em 2017, Fernanda mora em San Diego, na Califórnia (EUA), onde treina e trabalha como professora voluntária na academia RADA Jiu-Jitsu, de Rafael Dallinha. A caminhada para chegar lá, porém, não foi fácil.
"Eu comecei a treinar em 2006, por curiosidade. Lembro que fiz uma aula e tinha somente uma menina, ela era magrinha e um pouco mais baixa que eu. Na minha adolescência eu sofri muito, porque além de magra, eu também não era atlética e tenho de asma, então ficava difícil pra mim praticar esportes. Essa menina me 'amassou' na aula, mas ao mesmo tempo em que fiquei frustrada, quis aprender mais, mostrar para aquela garota depois que eu também poderia 'amassar' ela", recorda Fernanda, que continuou:
"Na época acabei tendo que me mudar de Santa Catarina para Curitiba, e lá conheci o mestre que me acompanhou e guiou durante toda a minha trajetória no Jiu-Jitsu, o Sebastian Lalli, da Checkmat. O Leo Vieira estava começando a equipe e eu tive a oportunidade de aprender com eles não só a arte marcial, mas como me tornar uma pessoa melhor, mais empática e resiliente".
A partir daquele momento, Fernanda percebeu sua paixão pelo Jiu-Jitsu e os benefícios que podia tirar dele, além de começar a formar sua "família de tatame". Enfrentando problemas com os pais e financeiros, a faixa-preta viu na arte suave acolhimento e o sentimento de que fazia parte de algo a mais, e hoje colhe os frutos da decisão que mudou sua vida.
Em 2016, após dez anos de dedicação ao Jiu-Jitsu, a brasileira resolveu se mudar para a Califórnia (EUA) em busca de melhores oportunidades. E apesar de ainda estar longe dos seus objetivos, Fernanda trabalha arduamente para realizá-los.
"Tive a chance de conhecer o Rafael Dallinha quando me mudei, ele me acolheu na RADA Jiu-Jitsu, seu time, em uma pequena academia localizada em La Jolla, mas que está crescendo. Meu objetivo segue sendo viver do esporte e estou em busca de apoio para retirar minha autorização de trabalho aqui. Eu sei de todas as dificuldades para tornar um sonho desses realidade, mas assim como para se graduar ou competir, você precisa superar emoções, ansiedades, lesões e ter paciência. Ser faixa-preta me fez aprender a nunca desistir", contou a atleta:
"Quando cheguei na Califórnia eu não falava inglês com fluência, então tive que me dedicar e estudar muito para aprender a me expressar e comunicar com os locais. Foi um desafio tremendo. Participar das aulas de Jiu-Jitsu aqui com americanos me ajudou muito, fiz muitos amigos que agregaram no meu aprendizado não somente da arte marcial, mas do idioma local também. Dedicar todos esses anos a essa arte me tornou uma pessoa mais resiliente e disciplinada para conseguir atingir qualquer objetivo que eu tenha na vida, além de aumentar minha autoestima e autoconfiança de uma maneira impressionante", completou.
Por fim, Fernanda Bonatto revelou seus planos de seguir nos Estados Unidos e viver do Jiu-Jitsu: "No ano que vem termino o curso de coaching que estou fazendo, sigo aperfeiçoando o meu inglês e meu Jiu-Jitsu, e buscando oportunidades de emprego na área. Quero estar envolvida com a arte suave até meus últimos dias nesse planeta, pois foi ela que fez com que eu acreditasse em mim mesma, nos meus sonhos, me mostrou que não importa sexo, cor, raça ou nacionalidade, se você se dedicar, ele trará uma força imensurável para sua mente e coração", encerrou a brasileira, mostrando que com força de vontade, é possível atingir seus objetivos.