Referência no combate à violência contra a mulher, Maria Consentino explica como as artes marciais podem ser úteis na prevenção
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Quando se fala em artes marciais e defesa pessoal, logo vem à mente técnicas de combate que podem ser usadas para se defender em situações de perigo iminente. Entretanto, os benefícios vão além: aumento da autoconfiança e do autocontrole, na melhora do cárdio, dos reflexos e da flexibilidade.
Por esses motivos, a defesa pessoal pode ser considerada uma grande aliada no combate à violência contra a mulher. Isso porque a experiência no tatame dá o poder da autoconfiança. Com a autoestima elevada, ela consegue, muitas vezes, intimidar e, assim, impedir que o agressor pratique os atos. Claro que, em casos extremos, o conhecimento prático de técnicas marciais dá à vítima a chance de se defender.
Referência no combate à violência contra a mulher, a juíza aposentada Maria Consentino, que por anos foi titular no Juizado da Violência Doméstica e Familiar de Belo Horizonte, embora não seja uma especialista em artes marciais, identifica nas modalidades de combate pontos cruciais que podem ajudar a prevenir os casos.
"A mulher vítima de violência tem baixa autoestima. O relacionamento abusivo rouba a sua identidade. Paulatinamente, ela vai perdendo o brilho. Muitas nem se recordam quem eram, entram em depressão. Então, toda atividade que a torne mais forte, que resgate essa conexão da mulher com o seu próprio 'eu', é válida", destaca Consentino.
"O fato da mulher ter uma chance de se desvencilhar de um ataque é maravilhoso, mas não é a panaceia da violência contra a mulher. Eu destaco como importante a habilidade emocional que a arte marcial proporciona, pois pode fazer com que a mulher tenha seus alarmes acionados em situações de risco", completa.
No Brasil existem alguns programas públicos voltados a mulheres. No Rio de Janeiro, Um muito conhecido é o "Empoderadas", liderado pela ex-lutadora Erica Paes e apoiado pela Delegacia da Mulher, que diariamente reúne vítimas de violência para ensiná-las técnicas de defesa pessoal e fortalecê-las emocionalmente.
"Quando a atividade é em grupo, se torna ainda mais interessante, porque uma fortalece a outra e diversos tipos de casos são compartilhados, ligando o alerta de muitas mulheres e impedindo novos casos. Vale lembrar que a violência está presente em todas as camadas sociais e intelectuais da sociedade", aponta Maria Consentino.
"Abusadores estão por aí aos montes. O importante é a mulher estar fortalecida, segura de si e com os alarmes acionados. E, ratifico: Toda campanha que fortaleça a autoestima, individualidade e a conexão da mulher com seu 'eu' é bem-vinda. Pensem em quantos números de casos de violência a gente pode diminuir", sugere.
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