A vida de José Aldo teve roteiro bastante agitado no último domingo (18), até mesmo para quem teve a história transformada em filme. Logo após a bomba do anúncio de sua aposentadoria estourar sobre as cabeças dos amantes do MMA, ele se tornou pai pela segunda vez, com o nascimento de José Aldo Terceiro.
Mesmo tendo ainda uma luta no contrato, o manauara José Aldo, um dos maiores lutadores de MMA de todos os tempos, fez um acordo com o UFC e pendurou suas luvas aos 36 anos. O site “Combate” foi o primeiro a dar a informação, acrescentando que o Ultimate aceitou o pedido do lutador e que seu nome já não deve constar mais no ranking desta semana.
Ex-campeão e rei do peso-pena, no UFC e no WEC, José Aldo fez a sua última luta no dia 20 de agosto, pelos galos. A mudança de categoria foi considerada como um ressurgimento e o “Campeão do Povo” chegou a disputar o cinturão, mas o título bateu na trave. Curiosamente, sua despedida foi realizada na 'Vivint Arena', em Utah (EUA), casa do Chicago Bulls e de Michael Jordan, lenda do basquete que se aposentou e está eternizado no mesmo local.
Nascido em Manaus, oriundo de uma família muito pobre, José Aldo teve a vida retratada no filme “Aldo – Mais Forte que o Mundo”, de 2016. A infância humilde foi literalmente marcada por sua característica cicatriz no rosto, resultado de um ferimento adquirido numa queda em cima de uma grelha de churrasqueira. Ainda criança, partiu para o Rio de Janeiro sozinho em busca do sonho de lutar Jiu-Jitsu. Morou numa academia e chegou a passar fome.
O seu talento para as diversas modalidades de lutas não demorou a aparecer e a transição para o MMA foi rápida. Em pouco tempo estreou no WEC, competição que também pertencia ao UFC e principal evento dos pesos mais leves. José Aldo, que lutava pelo peso-pena, logo chegou à disputa do cinturão e, depois de vencer cinco lutas, ganhou de Mike Brown por nocaute técnico e conquistou o título com apenas 23 anos.
Na sequência, atropelou Urijah Faber na defesa do título, que até hoje é considerada uma de suas maiores atuações. No ano seguinte, em 2010, o WEC foi extinto e José Aldo passou a lutar no UFC, maior evento de lutas do mundo, e manteve seu título até dezembro de 2015. Foi uma sequência histórica de mais de dez anos sem derrota, com 17 vitórias seguidas em defesas de cinturão, tanto no WEC, como no UFC.
A derrota para Conor McGregor, no entanto, não impediu sua volta ao topo por muito tempo. Mesmo sem ter recebido uma merecida revanche imediata, o brasileiro venceu Frankie Edgar e recuperou o cinturão interinamente. Logo depois, com a migração de McGregor para o peso-leve, ficou com o título em definitivo. Na sequência, foi derrotado por Max Halloway em sua primeira defesa.
O assunto da aposentadoria já estava na pauta de José Aldo desde 2016, justamente após a negativa da revanche contra McGregor. Ele acabou desistindo e se reinventou com a mudança para o peso-galo. Voltou a brilhar na categoria abaixo (até 61,2kg) e não desistiu mesmo com a derrota para Petr Yan, que faturou o cinturão vago, em 2020. José Aldo continuou em busca do título duplo, ganhou três lutas e voltou a ficar com chances.
A partir daí, seu objetivo era vencer as duas lutas que restavam no contrato com o UFC, sendo a segunda como desafiante do título dos galos e pendurar as luvas como campeão. A derrota para Merab Dvalishvili no que depois se transformou em sua última luta precipitou o acordo com o Ultimate e sua despedida. Agora, José Aldo terá tempo de, ao lado da esposa Viviane, cuidar da nova cria e da outra filha do casal, Joana, de dez anos.
O mergulho do “mar de amor imensurável”, descrito por José Aldo nas redes sociais com a chegada do rebento, ficou ainda mais profundo com as inúmeras mensagens de carinho recebidas pelo “Campeão do Povo” que agora deve buscar novos desafios. O Boxe é o caminho mais provável para que o manauara volte a brilhar no mundo da luta.