Houve um período no tênis em que Roger Federer parecia imbatível. Gozava de sua juventude, no esplendor da carreira e aparentava não ter adversário. Mas, de Mallorca, surgiu Rafael Nadal para fazer o que parecia impossível: destronar o suíço, virar número 1 do mundo e rumar ao caminho da imbatibilidade. Não tardou até aparecer um oponente de peso (e como!) para o espanhol: Novak Djokovic. Como um meteoro, o sérvio adentrou na rivalidade e humanizou a dupla como nunca ninguém tinha ousado fazer.
Juntos, Federer, Nadal e Djokovic carimbaram uma das épocas mais gloriosas do esporte. E não é força de expressão cravar a sentença: os três somam 64 títulos de Grand Slam - 22 de Djoko e Rafa e 20 de Roger. O Big Three, como ficou conhecido, nunca foi ameaçado. Passaram-se gerações, anos, jogadores e ninguém foi capaz de consistentemente barrá-los.
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Hoje, Federer está aposentado e Nadal luta internamente contra o próprio corpo. Enquanto Djokovic tenta manter vivo o legado de outrora, da Espanha levanta-se o maior projeto de super tenista das últimas décadas: Carlos Alcaraz. Aos 20 anos, o espanhol desembarcou no tênis como o novo fenômeno. Coleciona recordes precoces, já tem no currículo o US Open de 2022 e não tardou a ser o número 1 do ranking da ATP mesmo com tão pouca idade.
Nesta sexta-feira, pela primeira vez Djokovic e Alcaraz vão se encontrar em um confronto de Grand Slam. Na semifinal de Roland Garros, está em jogo muito mais que uma simples ida à final. Para Djoko, o novo passo rumo ao 23º título, que o colocaria isolado como maior vencedor. Para Alcaraz, a oportunidade de seguir trilhando sua história, mas também de passar uma mensagem de que o tênis tem um vigente e definitivo Rei.
É um duelo de mundos diferentes. Djokovic, com 36 anos, desafia o tempo e simboliza a última chama de um período que custa a passar. Alcaraz, por sua vez, é o representante da mudança de ciclo. Mais rápido, forte, preciso e ágil que qualquer outro tenista, tem atropelado todos que vê pela frente em Roland Garros. Nas quartas de final, varreu o número 5, Stefanos Tsitsipas, com uma facilidade assustadora.
Desde o início da temporada, os dois têm se alternado no topo do ranking. Djokovic venceu o Australian Open, mas naturalmente tem sido mais irregular que o normal nos demais torneios. Alcaraz, que não participou do Grand Slam australiano devido a uma lesão, levou os Masters 1000 de Indian Wells e Madrid. Na única vez que se enfrentaram, no Masters de Madrid em 2022, Carlitos saiu vitorioso.
Seja o que for, o jogo desta sexta será mais uma capítulo memorável do tênis: uma lenda do tamanho de Djokovic irá se exibir pela enésima vez ou Alcaraz irá forçar a passagem de bastão permanente? Saberemos em breve.