Um ano após a largada dos Jogos Olímpicos Rio-2016, governo federal e prefeitura do Rio de Janeiro ainda batem cabeça sobre a gestão e o uso das instalações esportivas. A cidade, com suas áreas revitalizadas e novas opções de transporte, se apega à mobilidade urbana para falar de legado em meio a uma crise econômica que dificulta a manutenção das arenas.
O fracasso na tentativa do município de criar uma Parceria Público-Privada para gerir o Parque Olímpico, como queria o ex-prefeito Eduardo Paes, impediu que o plano inicial saísse do papel. Em dezembro, o governo federal assumiu parte das instalações (veja mais ao lado) e criou a Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO). Aos trancos e barrancos, o órgão tenta atrair eventos.
Atualmente, o Parque abre apenas aos finais de semana. Escolas deixaram de ser erguidas, e a Arena do Futuro, sede do handebol, e o Estádio Aquático não foram desmontados por falta de recursos. Em Deodoro, o Parque Radical, que deveria ter se tornado área de lazer à população, está fechado. O complexo tem recebido poucos eventos:
– Temos vários eventos já realizados no Parque Olímpico e outros por vir, já confirmados. Tem 15 realizados, 18 confirmados e 40 na fila de espera. A entrada da via olímpica é responsabilidade de Prefeitura. Se ela não abre durante a semana, não posso ser cobrado por isso – disse o presidente da AGLO, Paulo Márcio, que falou sobre a situação das instalações não utilizadas.
– A desmontagem das arenas da parte de trás também é responsabilidade da Prefeitura. O gestor público não pode ter medo de ser fiscalizado. O legado é de todos. Se seguirmos a corrente da transparência, dando conhecimento dos nossos atos, as coisas tendem a funcionar de forma mais tranquila.
A prefeitura diz que não há recursos previstos no orçamento de 2017 para a construção das escolas e tenta dar início à desmontagem das arenas nos próximos meses.
De acordo com a última versão da Matriz de Responsabilidades, obras essenciais aos Jogos, como a construção de arenas, consumiram R$ 7,23 bilhões. Para este ano, o Parque Olímpico deve demandar R$ 45 milhões só em manutenção.
Se não bastassem os problemas que envolvem os governos, o Comitê Rio-2016 ainda tem um rombo de R$ 130 milhões no caixa um ano após os Jogos,