De volta aos treinamentos após o título mundial dos 400 metros com barreiras, conquistado na última semana nos Estados Unidos, Alison dos Santos reservou um espaço na agenda para falar com a imprensa. Em exclusiva ao LANCE!, o velocista falou sobre a vitória e fez projeções para um futuro breve.
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O Piu, como gosta de ser chamado, já fazia uma ótima temporada antes da conquista em questão. Todas as quatro etapas da Diamond League foram vencidas, fazendo com que ele chegasse para a disputa como líder do ranking mundial em uma prova que o Brasil nunca teve tradição.
- O Campeonato Mundial foi muito bom pois me fez sentir o gosto da vitória quando cruzei a linha de chegada. Vários atletas de peso, todo mundo preparado, competição mais importante, e eu ganhei, sabe? Tem aquela sensação de “valeu a pena!”. Todo aquele sofrimento, aquela luta, valeu a pena - disse o atleta ao L!.
Ao cruzar a linha de chegada em 46 segundos e 29 milésimos, o brasileiro estabeleceu o recorde da prova no Campeonato Mundial de atletismo. Essa também é a melhor marca da temporada até o momento, sendo seis décimos à frente do segundo colocado.
Em 2021, Alison dos Santos já fez história ao conquistar o bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio (realizados com um atraso de um ano por conta da pandemia do novo coronavírus) com o tempo de 46s72, apenas 0s02 acima do recorde mundial até aquele dia.
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Natural de São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, e hoje ‘herói a ser batido’ mundialmente, apesar da pouca idade, o velocista conta como foi perceber que poderia, em breve, ser um dos grandes do atletismo brasileiro.
- Em 2014, me classifiquei para o mundial de juniores. Chegando lá, conquistamos a medalha no 4x4 misto e eu cheguei muito competitivo nos 400 metros com barreiras. Então, eu pensei: “cara, eu acho que posso competir com os grandes”. Eu e meus treinadores sempre acreditamos muito. Sempre tivemos sonhos muito vivos e nunca nos limitamos. Sempre deixei a vida me levar (risos) - desabafou.
Alison foi homenageado nesta quarta-feira na sede do Pinheiros, seu clube, onde recebeu uma placa de congratulações diretamente das mãos do presidente do local. Além de presentes mais formais, o atleta foi agraciado com um bolo de chocolate. À reportagem do LANCE!, Piu admitiu que gosta de comer de tudo e explicou como funciona a dieta de um campeão.
- Minha dieta é se alimentar (risos). O meu biotipo permite que eu coma um bolo de chocolate e coisas desse tipo. Essa tranquilidade de comer o que eu quiser é muito boa. Mas, assim, às vezes como um chocolate e depois, quando vou treinar ou competir, me bate a dúvida: “será que se eu não tivesse comido eu me daria melhor?”. Mas eu não ligo! Vou lá e como mesmo! (risos) - concluiu.
Protagonista de uma ascensão meteórica e dono de um carisma ímpar, Alison dos Santos, o Piu, é o retrato perfeito do esporte brasileiro. É leve, como se deve ser, e esbanja talento e gratidão por cada passo dado até a glória.
Além do ouro mundialmente comemorado e do bronze olímpico, o atleta já garantiu também o terceiro lugar no mundial da categoria Sub-20, em 2018, e o título pan-americano em 2019, em Lima, no Peru.
Com apenas 22 anos, Piu pode colorir cinco arcos com cor de ouro, assim como já colore as pistas mundiais com o brilho do sorriso de um garoto que deve correr muito mais longe. Como ele mesmo diz, ‘a questão não é se vai chegar, mas quando’. Em breve, Alison… Em breve.
Confira outras respostas de Piu na coletiva de imprensa:
Sobre ser o cara a ser batido na prova dos 400 metros com barreiras:
- Acho interessante essa pressão a mais por ser campeão mundial. Sempre gostei dessa pressão, me ajuda a melhorar. Ser o cara a ser batido me motiva ainda mais pra treinar mais e evoluir ainda mais. Não posso perder o foco, me abalar e bobear. Não posso fazer tudo que eu quero porque a temporada não acabou. Tenho mais competições para ganhar. A vitória não é um fardo para carregar. É uma pressão que me incentiva a competir. Se hoje eu sou o cara a ser batido é sinal de que estou no caminho certo.
A vida no interior, a mentalidade forte e sonhos altos:
- Às vezes, as pessoas pensam pequeno, mas sempre pensei em fazer grandes coisas e agradeço as pessoas que passaram pela minha vida. Meus treinadores compartilharam esse sonho comigo e me incentivaram. Eu consegui manter viva essa vontade de me tornar um grande atleta e deixar mais do que resultado. Hoje posso inspirar pessoas, não só no âmbito esportivo, em qualquer área. Se você confiar no seu trabalho, pode alcançar o que quiser. É algo gratificante pra mim me tornar esse exemplo para as pessoas.
Projeção para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024:
- Realmente, a gente está mostrando nos treinos e nas pistas com os resultados que não é questão de "se", mas quando vou ter a oportunidade de quebrar esse recorde. É um dos meus sonhos. Quero concretizar isso e ter meu nome entre os maiores da história. Quero chegar em Paris como bicampeão mundial e com o recorde.