"Conquistar a faixa preta e viver do judô”. Esse é o sonho do faixa verde Matheus Moreira, espelhado em seu irmão Guilherme, que dá aula de judô para crianças autistas no Instituto Priorit, no Rio de Janeiro. Para alcançar seu sonho, Matheus treina duro em Petrópolis, com aulas intensivas e acompanhamento de personal trainer. Com foco total, ele se prepara para a Ben van der Eng Memorial 2023 (BENG), na Holanda, um dos principais torneios mundiais de judô inclusivo.
O Brasil Sem Alergia, projeto social que oferece tratamento gratuito para alergias e doenças imunológicas na Baixada Fluminense, decidiu patrocinar a viagem do atleta.
- Após conhecer sua história, decidimos patrocinar a viagem do atleta, verdadeiro exemplo de determinação e força de vontade - comenta o médico Marcello Bossois, coordenador do Brasil Sem Alergia.
- Sem essa ajuda, não conseguiríamos levar o Matheus para a competição - conta André Moreira, pai do judoca.
A ação social, que já realizou mais de 500 mil atendimentos gratuitos em alergias e doenças imunológicas, recebe muitos pacientes com síndrome de Down, em função da fragilidade do sistema imune destes pacientes. Inclusive, abril é o mês de conscientização das imunodeficiências primárias, condição frequentemente encontrada em pessoas com Down.
Com o apoio da Associação Brasileira do Judô Inclusivo, Matheus já participou de quase 40 torneios nacionais em São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Campeão em mais da metade das disputas, o objetivo agora é trazer a primeira medalha internacional. A competição holandesa é 100% adaptada e conta com ampla estrutura e toda preparação para diferentes tipos de deficiências.
Em sua 23ª edição, o torneio recebe delegações com atletas de inúmeros países, inclusive com a participação de mestres do Japão, berço do judô. A disputa é dividida em três categorias, com base em critérios de habilidades e pesos dos atletas. Matheus e sua família embarcam na próxima segunda, dia 10, com início do torneio em 14 de abril.
Para o atleta, judô é muito mais que hobby, é estilo de vida. Além do irmão, ele segue também os passos do pai, faixa marrom. Desde que começou a praticar o esporte há quase 10 anos, Matheus não parou mais. Em busca da preta, treina cinco vezes por semana, inclusive aos sábados e domingos. O diagnóstico da síndrome de Down foi feito após seu nascimento. Com apenas um ano de vida, Matheus foi submetido a uma cirurgia cardíaca.