‘Azarão’ conquista o Giro da Itália e coloca o Equador no mapa esportivo

Richard Carapaz confirma conquista de sua primeira grande prova do ciclismo mundial

imagem cameraLuk BENIES / AFP
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Lance!
Verona (ITA)
Dia 02/06/2019
16:11
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O Giro da Itália, a primeira das três grandes voltas ciclísticas da temporada, produziu mais um herói do esporte. Embora a última etapa, um contrarrelógio de 17km realizado neste domingo, em Verona, tenha sido vencida pelo americano Chad Haga, o equatoriano Richard Carapaz não foi alcançado na classificação geral e se sagrou campeão de maneira improvável.

Para que o leitor imagine a amplitude da conquista, o melhor é tentar comparar com o futebol. Carapaz faz parte de uma das grandes equipes do ciclismo. A Movistar seria como a Seleção Brasileira. E como um time de futebol, ele é um dos jogadores (no ciclismo são 8).

O ciclismo é um esporte coletivo, no qual a equipe define que um membro vai ser o capitão e é ele que receberá a ajuda de todos os outros companheiros para chegar ao título. Na Movistar, o "Neymar" é um colombiano, Nairo Quintana, que ganha o maior salário e é um supercampeão. Só que Quintana resolveu deixar de disputar o Giro (que ele já ganhou uma vez) para tentar vencer a Volta da França.

Sem o "Neymar" Quintana, o posto de capitão passou para o segundo craque, o "Philippe Coutinho", no caso, o espanhol Mikel Landa. Só que lá pela metade do "segundo tempo", a Movistar percebeu que o craque, que estava fazendo os gols, era um dos ajudantes, Richard Carapaz, o "Casemiro". O equatoriano ganhou a quarta etapa, repetiu a dose na 14ª, quando assumiu a ponta na classificação geral, e, daí para a frente, deixou de ser coadjuvante para tornar-se o novo capitão da equipe, não perder mais a dianteira e ser, aos 26 anos, o vencedor da edição 102 do Giro.

Não bastasse isso, há a importância para o esporte no seu país. No Giro-2018, ele tornou-se o primeiro equatoriano a ganhar uma etapa de um grand tour. E ao ficar com a Maglia Rosa em 2019 (a camisa do líder) tornou-se o dono de uma das duas maiores façanhas esportivas do país em todos os tempos - ao lado de Jefferson Pérez, dono do único ouro olímpico (e das duas únicas medalhas olímpicas) que o país já obteve, mas isso na marcha atlética.

Não por acaso, o Equador parou. A prova passou em TV aberta para todo o país (as etapas anteriores foram pela TV fechada). E todos saíram felizes com a confirmação do título deste equatoriano que nasceu a 5km da fronteira da Colômbia, em El Carmelo, e que nas provas finais recebeu o apoio da esposa e dos dois filhos pequenos, que seguiram da América do Sul para a Itália e viram o baixinho (1m69) de 60kg subir no topo do pódio.

– Agora quero desfrutar desta conquista. este é o momento máximo da minha carreira e nem consigo explicar – disse Carapaz, o cara sem grana que treinava nas montanhas de uma cidade de três mil habitantes no interior mais remoto do Equador e que colocou o país no mapa do ciclismo.

No dia 9 de junho começa a Critérium du Dauphiné, de oito etapas. A prova, uma das mais tradicionais do ciclismo, é uma preparação para o Tour da França (de 6 a 28/7) e terá a presença de pesos pesados: Chris Froome, Nairo Quintana, Richie Porte e Romain Bardet. Só fera.

O campeão

Quem é
Richard Antonio Carapaz Montenegro completou 26 anos na quinta-feira e é de El Carmelo, cidade de serra na fronteira do Equador com a Colômbia.

Conquistas
Venceu a Volta de Navarra em 2016 e é o atual bicampeão da Volta das Astúrias. Estas duas provas são competições menores não incluídas no grau máximo do circuito mundial (que tem 38 provas). O Giro é o seu primeiro grande título.

Os campeões

Campeão geral
(Maglia Rosa) - Richard Carapaz - Equador/Movistar

Campeão por pontos
(velocistas, Maglia Ciclamino/Violeta) - Pascal Ackermann -Alemanha/Bora

Campeão da Montanha
(Maglia Azzurra) - Giulio Ciccone - Itália/Bardiani

Campeão Jovem
(Maglia Branca), até 25 anos - Miguel Angel López - Colômbia/Astana
Equipe campeã: Movistar

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