Para quem acha que brasileiro está acostumado com calor, verão e sol, não conhece a Maratona das areias, uma competição de seis etapas, no Marrocos, que se estende por 250km das dunas do Deserto de Saara, que, em sua 32ª edição, reuniu 1.167 corredores. Em temperaturas superiores a 50 graus, a ultramaratonista Fernanda Maciel, nascida em Belo Horizonte, repetiu a boa performance do ano passado e garantiu a terceira colocação entre as mulheres, com um tempo acumulado de 24 horas, 44 min e 59 s. A sueca Elisabet Barnes ficou na primeira colocação e a francesa Natalie Mauclair, na segunda.
- Terminar esta prova significa uma vitória e um sonho. Sempre ouvi falar desde pequena da MDS e sabia que um dia poderia corrê-la. É a única prova que me faz chorar de dor e de prazer em cruzar a linha de chegada de cada etapa diária - disse Fernanda, que participou da prova pela segunda vez.
Uma das particularidades da competição é a autossuficiência. Do primeiro ao último estágio, os atletas devem carregar consigo, o tempo inteiro, o próprio alimento para os sete dias em que ocorrem as seis etapas, aumentando o peso da mochila e a dificuldade para cruzar o deserto.
- A parte mais desafiadora foi durante a primeira etapa. Comecei a passar mal do estômago, não conseguia respirar bem e nem comer. A mochila pesava 8,5kg. Não corria bem subindo ou descendo as dunas. Foi um martírio! Pensei em abandonar a prova, mas segui firme até acabar a etapa - afirmou Fernanda.
A Maratona das Areias reúne amadores e profissionais da ultramaratona do mundo inteiro, mas a disputa pelo pódio ficou mais acirrada desde o ano passado, pois a prova passou a ser uma das mais importantes no Ultra Trail World Tour.
- A competição este ano foi difícil e bem disputada por causa do maior número de competidoras femininas que disputam o mundial Ultra Trail World Tour. Houve muita disputa pelo pódio durante cada etapa. Fiquei feliz com o resultado de terceiro lugar, porque correr "atacando" no deserto é perigoso. Tive que administrar a falta de comida, condição extrema de calor, as horas corretas para acelerar e não passar dos meus limites. Corri de forma conservadora e inteligente para sobreviver até a linha de chegada ao meio do deserto. Tive muitos hematomas no corpo por conta do peso da mochila (8kg) e bolhas nos pés este ano, mas consegui superar a dor. Foi uma experiência maravilhosa como sempre correr por sete dias, os 250km no Saara de forma autossuficiente, sem telefone, realmente conectada comigo mesma, foi mágico - disse Fernanda.