Além dos pedidos de prisão preventiva de quatro membros da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) - incluindo o presidente Coaracy Nunes - a última quinta-feira também contou com mais uma ação (do Ministério Público Federal em São Paulo) de improbidade administrativa contra dirigentes da entidade por desvios de recursos entre 2010 e 2015, apurados pela Operação Águas Claras.
As fraudes envolvem a contratação superfaturada de uma empresa de turismo e a apropriação de quantias destinadas à atletas ou para a realização de competições e preparação de equipes para a Rio-2016. Os danos no cofres públicos ultrapassam R$ 6,9 milhões.
Responderão pelo processo: o presidente da CBDA, Coaracy Gentil Monteiro Nunes Filho; o diretor financeiro da entidade, Sérgio Ribeiro Lins de Alvarenga; os coordenadores técnicos de Natação, Ricardo de Moura, e de Polo Aquático, Ricardo Gomes Cabral. Também são réus a Agência Roxy de Turismo, que protagonizou parte das irregularidades, e seu representante, o empresário Michael Bruno Wernie; as empresas F2 Viagens e Turismo e Mundi Tour Viagens e Turismo, que simularam concorrer com a Roxy em licitações da Confederação, e seus administradores, Flávio Ribeiro Correa e Yvanete Penna Trindade Silva.
A grande parcela dos recursos desviados provinha de convênios do Ministério do Esporte com a CBDA. A Roxy recebeu pagamentos de R$ 3,7 milhões em, pelo menos, quatro deles. A investigação constatou superfaturamentos referentes a passagens, hospedagens e traslados de atletas e comissões técnicas. O valor total atualizado do sobrepreço pago à agência ultrapassa R$ 628,7 mil. Segundo investigadores, todas as cotações de preço foram forjadas, incluindo propostas falsas da F2 e da Mundi.
Testemunhas afirmaram que há uma relação próxima entre Coaracy e o dono da Roxy. Email interceptados, com autorização judicial, revelaram que integrantes da CBDA atuavam juntamente à empresa para montar os orçamentos.
Esta é a segunda ação cível contra membro diretivos da CBDA. Em setembro do ano passado, a MPF processou Nunes e Sérgio Alvarenga por desvios de R$ 1,5 milhão em licitações fraudulentas para compra de material esportivo. Em ambas as ações, a Procuradoria pede que os envolvidos sejam condenados ao ressarcimento dos danos e ao pagamento de multas, além de outras sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8429/92).