O Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou nesta segunda-feira que pela primeira vez disponibilizará um canal para receber denúncias de assédio ou abuso sexual em uma missão internacional organizada pela entidade. A iniciativa entrará em vigor nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires (ARG), entre os dias 6 e 18 de outubro.
O “Canal Protege” visa estabelecer um ambiente seguro para atletas e profissionais envolvidos na missão brasileira. Para orientar ainda mais os atletas sobre o tema, a ONU Mulheres realizou uma atividade educativa com informações sobre o assunto no domingo, durante evento de concentração organizado pelo COB para a delegação, no Rio de Janeiro.
As denúncias durante os Jogos Olímpicos da Juventude poderão ser feitas através do e-mail canalprotege@cob.org.br, por telefone ou até pessoalmente pelos membros da missão brasileira. A preservação da identidade do denunciante será garantida.
– O COB e a ONU Mulheres já vêm trabalhando em parceria há alguns meses na elaboração de uma política de enfrentamento ao abuso e assédio sexual, que englobará todas as atividades do comitê. Mesmo com a política ainda em discussão, o COB decidiu disponibilizar um canal aberto durante os Jogos Olímpicos da Juventude para que os atletas, treinadores e demais integrantes da missão tenham a quem recorrer. Por se tratar de uma competição que envolve menores de idade, temos uma responsabilidade enorme e daremos atenção total para esse assunto – afirmou Sebástian Pereira, chefe da missão brasileira em Buenos Aires.
A dinâmica da ONU Mulheres com os atletas no evento de concentração foi realizada por representantes da ONG Empodera – Transformação Social pelo Esporte, uma das principais parceiras da entidade internacional no Brasil na luta pela igualdade de gênero e direitos da mulher.
– Essa iniciativa do COB é essencial. A abertura que está sendo dada para discutir esse assunto dentro do esporte é muito importante para enfrentar e coibir esse tipo de violência. Sabemos que o assédio está em todos os lugares. Então, a gente só consegue combater através da informação, e os atletas tem o poder de ajudar a multiplicar essas mensagens – afirmou Jane Moura, representante da ONU Mulheres e da Empodera no evento.
A participação dos atletas na atividade foi intensa.
– A abertura que o COB está dando para nós, que somos jovens, sabermos mais sobre este assunto é muito importante. Podemos assim melhorar como seres humanos e ajudar as pessoas com informações para diminuir os casos de assédio – ressaltou o atleta de salto triplo Adrian Vieira, de 17 anos.
Além do Canal Protege, o COB já possui uma ouvidoria, canal aberto para receber qualquer tipo de denúncia e, com a nova política, aprimorará todos os processos internos e externos relacionados a casos de abuso e assédio no ambiente esportivo.