O Comitê Olímpico do Brasil (COB) planeja lançar, nos próximos 15 dias, um Manual Técnico do Esporte de Formação e Alto Rendimento em um Ambiente de COVID-19. A informação foi publicada pelo "Estadão" e pelo "Globo Esporte", neste sábado.
O documento, com mais de 200 páginas, deve servir como protocolo para as federações esportivas nacionais na retomada das atividades nos próximos meses.
Diretor de esportes do COB, Jorge Bichara revelou como o manual foi feito:
– O nosso objetivo é compilar informações e oferecer como foco de consulta. Em outros aspectos, preconizar o que o COB conseguiu verificar em outros países o que é válido e importante, como é o caso dos testes – disse ele.
De acordo com Bichara, cerca de 20 pessoas (médicos e profissionais do esporte) participaram da elaboração do documento, inspirados em protocolos do Instituto Australiano de Esportes, do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, do Comitê Olímpico da Suécia e da Federação Portuguesa de Natação, entre outros
Ele falou sobre como a volta aos treinos será tratada:
– A questão da retomada é conseguir trabalhar a graduação do retorno. Isso me preocupa muito. O melhor material que vi foi da Federação Americana de Ginástica, o primeiro a recomendar carga de trabalho semana a semana, para também evitar o risco das lesões. Porque a pessoa quando volta, ela não está lesionada, então se sente apto. Os atletas de alto rendimento não estão acostumados a estarem bem fisicamente e passarem por uma interrupção de treino de dois a três meses. Quando isso acontece é por causa de procedimento cirúrgico que passou. Férias no alto rendimento é de duas a três semanas. E às vezes são férias ativas. Existe uma preocupação grande de como vai ser esse retorno. O atleta emocionalmente vai querer voltar e recuperar o tempo que perdeu. Não é à toa que a gente viu oito lesões na primeira semana de retorno do Campeonato Alemão de Futebol. Os esportes coletivos têm ainda mais riscos. Porque tem a questão do jogo coletivo e entrosamento que são perdidos. O futebol naturalmente tem uma pressa grande, a pré-temporada têm duas ou três semanas – explicou Bichara.
Ainda não é possível estabelecer uma data para o retorno das atividades no CT do Time Brasil, no Rio de Janeiro.
- O COB vai seguir as determinações dos órgãos de saúde pública, porque isso foi o que a gente viu no mundo inteiro. O mundo inteiro coloca a área médica como dominante dentro do processo. Eles determinam os níveis de liberação, as outras áreas são assessórios, ajudam a controlar - disse o dirigente.
O COB também comprará testes de COVID-19 para serem aplicados no local, tanto os de diagnósticos de sorologia, para verificar a resposta imune, quanto os RT-PCR, considerados padrão ouro na resposta à doença.
- O COB reconhece que o teste é caro, que não há dinheiro hoje. Mas dizemos que é importante e que se deve buscar todos os meios para fazer os testes nos atletas e profissionais do esporte. No CT o COB vai bancar esses testes. Mas há alternativas simples. Eu vi uma que trouxeram de hospital. Um dos sintomas da Covid é a perda do olfato. Então havia um teste do café, se a pessoa sentisse o aroma, odor, ela não tinha esse sintoma . E era um café. Uma sugestão para monitorar sintoma - afirmou Bichara.