Coluna do Bichara: Uma boa notícia? O campeonato de Fórmula 1 embolou

Verstappen vive sob ameaça de Lando Norris em busca do tetracampeonato mundial

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A capital do Azerbaijão, Baku, ficou marcada na história contemporânea em função da campanha alemã no Cáucaso durante a 2ª Guerra Mundial. Eis que tanto o eixo como os aliados reputavam indispensável tomada de suas reservas de petróleo e gás. Embora o circuito de rua da capital azerbaijana estivesse lindo como sempre - misturando paisagens seculares com arranha-céus super modernos –, a atenção parecia estar mais nos acontecimentos fora da pista.

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Uma peça fundamental no mercado da F1 se encaixou. Curiosamente não se trata de um piloto, mas sim do gênio das pranchetas Adrian Newey, projetista que tem no bolso do colete 12 títulos de construtores e responsável também pelo enfadonho predomínio recente da Red Bull. Após muita especulação de que teria sua carteira de trabalho assinada pela Ferrari, o inglês foi seduzido pela fortuna de Lance Stroll e fechou com a Aston Martin. A equipe, convém lembrar, terá motores Honda em 2026, e as especulações dão conta que essa unidade de potência estará muito bem adaptada para as novas regras do regulamento que passarão a vigorar.

Tudo indica que o time estará fortíssimo, e será muito curioso saber se Fernando Alonso tentará pilotar até os 45 anos, para ter a tão sonhada chance do tricampeonato. Por outro lado, é de se imaginar que a Honda há de querer um piloto japonês, e também que Papa Stroll não vai tirar o doce da boca de Lance.

Duas informações para nós brasileiros: a primeira é que Gabriel Bortoletto passa a liderar a temporada da F2, com chance efetiva de se tornar campeão logo no ano de estreia, o que parece fortalecer a disputa pela última vaga remanescente no grid de 2025, na equipe Sauber - futura Audi. A segunda é que, ano que vem, voltaremos a assistir a F1 na telinha do plim plim. A Globo retomou os direitos de transmissão da categoria, desbancando a Band. Resta saber se o time de apresentadores será mantido.

Uma dica: eu assisto às corridas pelo app oficial da F1. É realmente bem melhor. Há vários ex-pilotos como comentaristas - como David Couthard - e a transmissão é mais adulta, sem uma certa infantilização que se vê na Band, com os locutores dando apelidinhos para os pilotos (Max Verstappen é o “massa bruta”; Lando Norris é “Orlando”; Charles Leclerc é o “monegato” etc.). Vamos combinar, um troço ridículo, de dar vergonha alheia. #Ficaadica.

Charles Leclerc é o piloto monegasco da Ferrari (Foto: Nicolas Tucat / AFP)

No sábado, a classificação foi animada, ficando a pole mais uma vez – a 4ª seguida em Baku – com Leclerc. Oscar Piastri fez o 2º tempo, Carlos Sainz e Sergio Perez fecharam a 2ª fila. Não se assuste, distinto leitor: realmente o mexicano ficou à frente de Verstappen, que obteve apenas a 6ª posição. Já Lando Norris foi vítima de uma bandeira amarela desastrosa - acenada por engano somente para ele! – no Q1, e acabou largando apenas em 17º. Uma falta de sorte terrível para alguém que se legitimou como um contendor ao título. Aliás, nas vésperas da prova, finalmente a McLaren, numa entrevista coletiva meio canhestra, admitiu que priorizará o inglês, fazendo jogo de equipe. Me pareceu uma decisão correta; não dá para, a essa altura do campeonato (literalmente), operar na base do “let them race” e desprezar a chance de ter um piloto campeão do mundo.

No domingo, Leclerc largou bem defendendo a sua posição. Isso até a volta 20, quando Piastri se jogou de surpresa, fazendo uma manobra espetacular e assumindo a ponta - para não perdê-la mais. Embora seja muito comum a entrada do safety car em Baku, desta vez isso (quase) não aconteceu, e a prova seguiu meio morna até perto do final. Foi quando, na penúltima volta, Perez tentou ultrapassar Leclerc, mas não conseguiu e ainda perdeu a posição para Sainz que vinha na cola.  O mexicano tentou dar o troco, e isso resultou numa batida violenta entre os dois – Sainz, aparentemente, se moveu milímetros na direção de Perez, e as rodas se tocaram provocando aquele efeito catapulta.  Naturalmente a colisão provocou a entrada do safety car já quase no fim da prova, e garantiu o 3º lugar para George Russell.

Já Norris escalou bem o pelotão e também deu vivas a essa batida, que o fez chegar em 4º, uma posição à frente de Verstappen. Com isso, a diferença entre os dois cai para 59 pontos. Já a McLaren assume a liderança do campeonato de construtores (o que não acontecia desde 2014), com 476 pontos, superando os 456 da Red Bull . Curioso é que a Ferrari vem logo atrás, com 425 – e em franca ascensão.

Entre os estreantes, o argentino Franco Colapinto, da Williams, brilhou ao terminar em 8º, pontuando já em sua 2ª corrida. Ele correu duas vezes e tem 4 pontos. Logan Sargeant, seu predecessor, disputou 36 GP’s e fez um ponto.  Oliver Bearman, da Haas, também fez uma corrida sólida e fechou o top 10, sendo o único piloto na história a pontuar em seus dois primeiros GP’s por equipes diferentes (lembrando que o inglês correu pela Ferrari, na Arábia Saudita, e também pontuou).

No próximo final de semana, teremos corrida no desafiador circuito de Rua de Singapura, único em que Verstappen nunca venceu. E não parece que será dessa vez.

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