Comissão técnica do Brasil ‘adota’ atleta de Cabo Verde no Mundial de boxe feminino

Nancy Gomes Moreira treina, faz refeições e até fisioterapia com brasileiras e quase conquista medalha em Istambul<br>

imagem cameraCaroline, Jucielen, Nancy, Bia e Viviane posam durante os treinos (Foto: Arquivo Pessoal)
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Lance!
Istambul (TUR)
Dia 17/05/2022
19:34
Atualizado em 18/05/2022
08:40
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Nascida em Cabo Verde, Ivanusa Gomes Moreira, a Nancy, foi "adotada" pelos membros da comissão técnica da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) durante o Campeonato Mundial, que acontece em Istambul, na Turquia. Sozinha na cidade, ela entrou na rotina dos brasileiros, com direito a treinos, fisioterapia e quase beliscou uma medalha.

Nesta quarta-feira, Beatriz Souza (66kg) e Caroline Almeida (57kg) disputam a semifinal de suas categorias. A primeira enfrenta a italiana Alessia Mesiano na semifinal, a partir de 12h (de Brasília).

Nancy nasceu em Cabo Verde, mas vive em Portugal desde os oito anos de idade. No Porto, se divide entre dois negócios que tem com o marido: uma academia onde dá aulas de boxe e a cozinha de uma hamburgueria. Aos 31 anos, sustenta o sonho de ir às Olimpíadas graças a uma ajuda do programa Solidariedade Olímpica, do Comitê Olímpico Internacional (COI), e também à sua força de vontade.

A ajuda mensal de 500 dólares de COI, somada a recursos próprios, foi o que custeou a viagem para a Turquia para competir no Mundial. Mas Nancy viajou sozinha, sem companheiros ou qualquer suporte técnico. Ao chegar em Istambul, primeiro tentou ajuda junto à equipe do Mali, que acabou não se concretizando.

No dia do credenciamento conheceu pessoalmente Mateus Alves, técnico da Seleção Brasileira, a quem seguia nas redes sociais. Sensibilizado com a situação, ele a convidou para compartilhar a estrutura das atletas do Brasil.

- Como a Bia Soares se lesionou 10 dias antes do Mundial e era nossa (atleta dos) 66kg, acabamos adotando a Nancy, que é dessa categoria. Ela ficou junto da gente a partir daí, nos treinos, almoço, jantar, tudo. Fez até fisioterapia com o (Fábio) Conrado, nosso fisio. Foi muito legal. Não fizemos nada mais do que nossa obrigação como treinadores e pessoas que vivem do e para o esporte e o movimento olímpico - disse Mateus.

Nancy abraçada pelos técnicos brasileiros (Foto: Divulgação/IBA)

Nancy tinha na mala duas camisas de Cabo Verde, que couberam perfeitamente em Mateus e no também técnico Leonardo Macedo. Devidamente uniformizados, os dois se desdobraram para dar todo o suporte possível. Nancy ficou encantada com o aprendizado e com a solidariedade recebida.

- Tive azar em vir sozinha, mas também tive muita sorte, pois se não viesse sozinha não teria treinado no meio deles, dos melhores, de meninas tão talentosas. Mateus e Leo me ajudaram bastante a ter um jogo mais efetivo, que funciona bem para o meu estilo. Psicologicamente também deram muito apoio. Senti que não estava sozinha. Foram incríveis. Serei sempre muito agradecida - disse Nancy.

A cabo-verdiana ficou a uma luta da sonhada medalha no Mundial. Fez três combates e se despediu na segunda-feira, nas quartas de final, ao ser superada pela canadense Charlie Cavanagh. Agora ficará na torcida pelas colegas brasileiras.

As semifinais serão disputadas a partir de quarta-feira e terão transmissão ao vivo do Canal Olímpico do Brasil. Caroline Almeida conquistou a vaga na categoria até 52kg após vencer Carly McNaul, da Irlanda, e agora enfrenta Zareen Nikhat, da Índia. Bia Ferreira avançou após superar Natalia Sadrina, da Sérvia, e pega Alessia Mesiano, da Itália, por uma vaga na final.

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