Como ‘oásis no deserto’, Érika supera fase ruim do país no basquete para brilhar na WNBA
Em meio a fracassos recentes do esporte no Brasil, pivô se prepara para disputar os playoffs da liga nacional americana pela décima vez na carreira, após 11 anos
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A pivô Érika de Souza pode ser considerada uma antítese no basquete brasileiro. Enquanto bons resultados internacionais de seu país tornam-se cada vez mais escassos, a veterana de 34 anos segue brilhando e, pela décima vez em 11 anos, se prepara para disputar os playoffs da WNBA, o principal campeonato do mundo.
Logo em seu primeiro ano na liga, foi campeã com o Los Angeles Sparks, em 2002. Em 2007, pelo Connecticut Sun, caiu na primeira rodada. No ano seguinte, transferiu-se ao Atlanta Dream, time no qual ficou até o ano passado e foi aos playoffs em todas as temporadas seguintes à de sua chegada.
Agora, pelo Chicago Sky, a brasileira tenta conquistar seu segundo título, enfrentando às 14h (de Brasília) do domingo o Atlanta nas quartas de final (jogo único e em casa), estreando nos playoffs.
Mas o sucesso internacional de Érika contrasta com o fraco desempenho da Seleção no cenário mundial. Nos últimos dez anos, o Brasil coleciona fracassos em grandes torneios. Em Copas do Mundo, o desempenho caiu gradualmente. Em 2006, um quarto lugar, seguido pelo nono em 2010 e 11 em 2014. Em Olimpíadas, por sua vez, o time ficou em 11 em 2008, nono em 2012, e décimo no Rio de Janeiro, em 2016.
– Falta incentivo no Brasil e deixar um pouco de lado isso de que só o masculino pode ter o que tem. Sabemos que estamos em uma fase ruim, mas com o apoio de todos conseguiremos voltar ao que éramos antes – comentou Érika, ao L!.
As glórias na Seleção, por hora, são um sonho. Já a conquista do título da WNBA é algo real. E a ansiedade, apesar da experiência, faz parte do cotidiano de Érika.
Isso porque, nessa temporada, o formato dos playoffs da liga foi alterado, sendo que um jogo único define os vencedores da primeira rodada e das quartas de final.
– Seja com 20, 34 ou 50 anos a expectativa é grande. Quem quer sair de primeira? O formato deveria seguir como estava. Dessa forma, é uma injustiça – disse a jogadora.
Raro exemplo de sucesso do basquete brasileiro nos últimos anos, a pivô busca mais um título da WNBA, na tentativa de ser um espelho para futuras gerações no país e abrir o caminho à “novas Érikas”.
BATE-BOLA - Com Érika de Souza, pivô brasileira do Chicago Sky na WNBA
LANCE! - Logo na estreia dos playoffs, você enfrenta o Atlanta, seu ex-time. Há um sentimento especial?
Érika de Souza - O sentimento fica fora da quadra. Na hora do jogo vou esquecer tudo. O tempo que passei em Atlanta tem de ficar para trás. Tenho de pensar no Chicago, meu novo time. Depois que acabar a partida, a gente comemora ou fica triste, e vai cumprimentar as meninas normalmente. Na Espanha, já enfrentei uma ex-equipe também e ganhei. Espero que isso se repita.
L! - Como é sua parceria com a Clarissa no Chicago?
ES - Nos conhecemos só no olhar. É uma excelente atleta. Ter ela ao lado me faz sentir mais segura. As outras jogadoras me chamam de “vó” aqui (risos). Essa é a primeira vez que sou a mais velha em um time, então é uma troca, elas me ajudam, eu as ajudo.
'As outras jogadoras me chamam de 'vó' aqui (risos). Essa é a primeira vez que sou a mais velha em um time, então é uma troca, elas me ajudam, eu as ajudo' - Érika de Souza
L! - Já tem planos depois de parar?
ES - Tenho alguns. Tenho vontade de montar um projeto social no meu bairro (Jardim Palmares, em Campo Grande, no Rio de Janeiro) e ajudar os jovens que não têm condições de jogar. Mas meu plano ainda é jogar dois, três, quatro anos, se Deus permitir e meu joelho não começar a chamar a atenção (risos). Mas me manter no basquete como técnica ou algo assim, ainda não tenho certeza.
L! - Você acha que a próxima técnica da Seleção deve ser mulher?
ES - Não sei. Se for uma mulher será ótimo, porque temos ex-jogadoras com muito talento. Mas tem de ser o melhor para o basquete feminino. O que for positivo, eu irei apoiar.
L! - Queria ser consultada quando decidirem quem treinará o time?
ES - Como equipe, todas deveriam estar cientes, para formar um grupo de verdade, de tudo o que acontece. Mas essa é apenas a minha opinião.
VETERANA DE RESPEITO
Presença de peso
Criada em 1996, a WNBA teve Érika atuando em 11 das 20 temporadas. A brasileira foi campeã em 2002, com o Los Angeles Sparks, e finalista em três oportunidades (2010, 2011 e 2013) com o Atlanta Dream.
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All-Star
Érika foi eleita para o All-Star Game, que reúne as melhores jogadoras da liga, três vezes: em 2009, 2013 e 2014.
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Deixou saudade
Pelo Atlanta Dream, Érika é a líder na história em rebotes (1.034), tocos (171) e porcentagem de chutes (53%).
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Médias
Em sua carreira de 11 anos na WNBA, a brasileira tem médias de 23,8 minutos por jogo, 9,8 pontos e 7,1 rebotes.
Entenda a disputa da WNBA
Temporada regular
Na primeira fase da WNBA em 2016, os 12 times jogam entre si, com os oito melhores indo aos playoffs: Minnesota Lynx, Los Angeles Sparks, New York Liberty, Chicago Sky, Indiana Fever, Atlanta Dream, Seattle Storm e Phoenix Mercury, em ordem, do primeiro ao oitavo.
Playoffs
Do quinto ao oitavo lugar, os times se enfrentam em jogo único pela primeira rodada. Na sequência, os vencedores encaram os terceiro e quarto lugares, também em jogo único, pelas quartas. Novamente, quem triunfar vai à semi contra primeiro ou segundo da primeira fase (em cinco jogos) e, depois, para a final, que também é decidida em melhor de cinco partidas.
Calendário dos playoffs:
Primeira Rodada:
(5º) Indiana Fever 78 x 89 Phoenix Mercury (8º)
(6º) Atlanta Dream 94 x 85 Seattle Storm (7º)
Quartas de final:
Sábado (24/9), às 20h - (3º) New York Liberty x Phoenix Mercury (8º)
Domingo (25/9), às 14h - (4º) Chicago Sky x Atlanta Dream (6º)
Semifinal:
(1º) Minnesota Lynx x Vencedor com pior ranking
(2º) Los Angeles Sparks x Vencedor com melhor ranking
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