Maratona olímpica: saiba quem vai correr pelo ouro
Queniano Eluid Kipchoge pode ser bicampeão em prova que será disputada neste sábado, a partir das 19h de Brasília. Mulheres correm nesta sexta
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Tradicionalmente, a maratona olímpica é uma prova de difícil prognóstico sobre qual será o pódio. Tudo pode acontecer em seus 42,195km, pois reúne os 106 melhores maratonistas de 46 países. Mas, pelos resultados dos últimos anos na distância, o queniano Eliud Kipchoge, recordista mundial, com 2h01m39s, e campeão na Rio-2016, com 2h08m44s, pode ser apontado como favorito ao ouro nos Jogos de Tóquio-2020.
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Por causa da temperatura em Tóquio, que pode passar dos 30 graus Celsius, com a alta umidade aumentando o desconforto, a maratona será realizada na cidade de Sapporo, no norte do Japão. A masculina será no domingo (sábado no Brasil), último dia dos Jogos, no Parque Odori. A corrida feminina acontece neste sábado (sexta no Brasil). Ambas as provas começam às 19h (horário de Brasília) e não terão a presença de público por causa da pandemia.
Kipchoge disse que não está preocupado com o calor, pois todos estarão "na mesma frigideira" e o melhor atleta vai vencer.
Há cinco anos, Kipchoge cruzou a linha de chegada no Sambódromo carioca em 2h08m44s, sendo um minuto mais rápido que o segundo colocado, Feyisa Lilesa, da Etiópia. O americano Rupp ficou em terceiro, com 2h10m05s.
“Ainda estou com fome de correr nos Jogos Olímpicos e de ganhar novamente uma medalha de ouro. Ainda me sinto revigorado toda vez que acordo’, disse ele, no início deste mês, à Reuters. “Na verdade, se eu ganhar uma medalha de ouro, será a mais importante em termos de conquista, pois eu realmente valorizo os Jogos Olímpicos e estou lutando e treinando para isso”.
A vida de Kipchoge em Sapporo pode ser mais fácil (será?) já que seu grande adversário dos últimos anos, o etíope Kenenisa Bekele, optou por não participar da Olimpíadas por não concordar com o sistema de seleção da equipe da Etiópia.
Bekele foi bicampeão olímpico dos 10.000m (Atenas-2004 e Pequim-2008) e campeão dos 5.000m (Atenas-2004) e o segundo maratonista mais rápido de todos os tempos, com 2h01m41s.
Ele esperava ser convocado, mas a Federação de Atletismo da Etiópia (EAF) anunciou que iria inscrever os três melhores na seletiva, de 35km, em 1º de maio deste ano. Por considerar que o tempo era muito curto entre a seletiva e a maratona olímpica, ele preferiu ficar de fora. Esta é a segunda vez consecutiva que Bekele fica de fora da seleção olímpica da Etiópia.
"No Japão, vou defender meu título do Rio", disse Kipchoge na última segunda-feira. “Ganhar uma segunda medalha olímpica na maratona significaria muito para mim”.
Se subir ao lugar mais alto do pódio, Kipchoge vai se juntar a dois bicampeões olímpicos: Abeba Bikila, da Etiópia, em Roma-1960 e Tóquio-1964, e Waldemar Cierpinski, da Alemanha Oriental, em Montreal-1976 e Moscou-1980.
Para ficar de olho:
Eliud Kipchoge (KEN): Recordista mundial e atual campeão olímpico, de 36 anos, a lenda do atletismo sofreu uma rara derrota na Maratona de Londres no ano passado, quando ficou em oitavo lugar. Foi a primeira em dez maratonas seguidas que ele não venceu. Em abril deste ano, ele venceu a Maratona de Enschede, na Alemanha. Em Olimpíadas, Kipchoge tem, nos 5.000m, um bronze, em Atenas-2004, e uma prata, em Pequim-2008.
Lelisa Desisa (ETH): Campeão mundial em Doha, em 2019, bicampeão da Maratona de Boston (2013 e 2015) e campeão em Nova York (2018), o etíope, de 31 anos, não tem se destacado desde 2019, não ficando entre os 200 melhores em tempos nas últimas três temporadas, mas seu retrospecto não deve ser ignorado.
Shura Kitata (ETH): O maratonista de 25 anos foi vencedor da Maratona de Londres em 2020, assim como cruzou em primeiro em Roma (2017) e Frankfurt (2017), além de um segundo lugar em Nova York (2017) e Londres (2018).
Lawrence Cherono (KEN): Campeão das maratonas de Boston e Chicago, em 2019, está fora das competições desde dezembro de 2020, quando foi segundo colocado, com 2h03m04s, em Valência.
Birhanu Legese (ETH): Duas vezes campeão da Maratona de Tóquio (2019 e 2020, com 2h04m15s) e segundo colocado na Maratona de Berlim, em 2019, com 2h02m48s, o etíope, de 26 anos, é líder do ranking de maratona da World Athletics.
Vincent Kipchumba (KEN): O maratonista, de 31 anos, foi campeão da maratona de Amsterdã, com 2h05m09s, e segundo lugar na Maratona de Londres do ano passado, com 2h05m42s.
Os melhores tempos em 2020/2021
1 - Lawrence Cherono (KEN), com 2h03m04s, em Valência (6/12/20);
2 - Amos Kipruto (KEN), com 2h03m30s, em Valência (6/12/20);
3 - Eliud Kipchoge (KEN), com 2h04m30s, em Enschede (18/4/21);
4 - Bashir Abdi (BEL), com 2h04m49s, em Tóquio (1/3/20);
5 - Sisay Lemma (ETH), com 2h04m51s, em Tóquio (1/3/20);
6 - Gabriel Gerald Geay (TAN), com 2h04m55s, em Milão (16/5/21);
7 - Suguru Osako (JPN). com 2h05m29s, em Tóquio (1/3/20);
8 - Tola Shura Kitata (ETH), com 2h05m41s, em Londres (4/10/20);
9 - Oqbe Kibrom Ruesom (ERI), com 2h05m53s, em Valência (6/12/20);
10 - Othmane El Goumri (MAR), com 2h06m18s, em Ampugnano (11/4/21).
Campeão olímpico: Eliud Kipchoge (KEN), com 2h08m44.
Recordista olímpico: Samuel Wanjiru (KEN), com 2h06m32s, em Pequim- 2008.
Campeão mundial: Lelisa Desisa (ETH), com 2h10m30s, em Doha.
Recordista mundial: Eliud Kipchoge (KEN), com 2h01m39s, em Berlim-2018
Brasil na maratona olímpica
Daniel Chaves (ICB-RJ), Paulo Roberto de Almeida Paula (São Paulo/Kiatleta-SP) e Daniel Ferreira do Nascimento (ABDA-SP) serão os representantes do Brasil na maratona olímpica.
Os três superaram o índice de 2h11m30s exigido pela World Athletics para estarem nas Olimpíadas. O primeiro foi Daniel Chaves. O petropolitano, de 33 anos, marcou 2h11m10s na Maratona de Londres, na Inglaterra, no dia 28 de abril de 2019. Já Paulo Roberto, paulista de Pacaembu, de 42 anos, completou a Maratona de Sevilha, na Espanha, em 2h10m08s, no dia 23 de fevereiro de 2020.
Daniel Nascimento, de 23 anos, foi o último a carimbar o passaporte para Tóquio. Nascido em Paraguaçu Paulista, ele conseguiu o índice na primeira maratona que participou. Daniel venceu “O Bicentenário do Peru”, em Lima, no dia 23 de maio deste ano, com o tempo de 2h09m04s. No dia 29 de maio, menos de uma semana depois de garantir a qualificação olímpica, Danielzinho, como é conhecido, venceu os 10.000m do Campeonato Sul-Americano de Guayaquil, no Equador.
Enquanto Daniel Chaves e Daniel Nascimento vão estrear em Olimpíadas, Paulo Roberto segue para a terceira. Ele foi oitavo em Londres-2012, com 2h12m17s, e 13º na Rio-2016, com 2h13m56s.
Na corrida feminina, que não terá nenhuma brasileira, duas quenianas se destacam com probabilidade de vitória: Brigid Kosgei e Ruth Chepngetich. Kosgei venceu a Maratona de Londres em 2019 e 2020 e é a recordista mundial, com 2h14m04s, em Chicago, em 2019. Chepngetich, que vai para sua primeira Olimpíadas, tornou-se campeã mundial de maratona em 2019, em Doha, e em abril deste ano bateu o recorde mundial da meia maratona em Istambul, com 1h04m02s.
Conheça o percurso
O percurso da maratona olímpica contará com uma volta maior, de aproximadamente 21km, e por uma menor, de aproximadamente 10km, que será percorrida duas vezes. Os atletas vão começar correndo duas voltas no Parque Sapporo Odori, tendo como pano de fundo a Torre de TV de Sapporo. Eles seguirão para o sul, ao longo da Avenida Sapporo Ekimae-dori, em direção à área movimentada da estação, passando por ruas repletas de prédios comerciais. Os atletas vão cruzar o Rio Toyohira, originalmente conhecido como Rio Sapporo, que deu nome à cidade, e depois vão para o norte em direção à Universidade de Hokkaido, uma das antigas universidades imperiais do Japão. (Iúri Totti)
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