Dupla número 1 do mundo no beach tennis exalta profissionalismo feminino no esporte

Rafaella Miiller e Patty Díaz relatam início desafiador até o topo do ranking

imagem cameraRafa Miiller e Patty Díaz, a dupla número 1 do beach tennis, com o troféu do Campeonato Mundial de 2023 (Foto: Oly Bart/Divulgação)
Dia 08/03/2025
08:30
Atualizado há 20 horas
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A brasileira Rafaella Miiller e a venezuelana Patty Díaz formam a dupla número 1 do mundo no beach tennis, uma fusão do tênis, vôlei e badminton.

A modalidade começou a ser praticada na Itália, em 1970, e está sob os cuidados da Federação Internacional de Tênis. No Brasil, começou a se desenvolver em 2008, no Rio de Janeiro.

Elas atuam juntas desde 2019, mas a adaptação no início foi muito difícil pela diversidade do estilo de jogo.

Dupla número 1 do beach tennis é formada pela brasileira Rafaella Miiller e a venezuelana Patty Díaz. (Foto: Marcos Limonti)

Em entrevista exclusiva ao Lance! no Dia Internacional da Mulher, a dupla bicampeã mundial relatou como foi a trajetória até o topo do ranking mundial e também celebrou a evolução do profissionalismo feminino da modalidade.

Na opinião de Patty o cenário mudou completamente e teve uma melhora.

-Eu sinto muito orgulho de como tudo tem mudado no esporte para a mulher. Na Olimpíada, tivemos uma delegação brasileira com mais mulheres do que homens. As medalhas também foram conquistadas por elas. Nem se compara como era no início. No beach tennis, a minha visão é de que as duplas enxergaram a importância do trabalho em equipe, que realmente você tem que acreditar. Vejo mais profissionalismo. e um número de praticantes superior. O papel da mulher tem mudado ao longo dos anos. É muito pessoal. Não deveria se comparar aos homens, pois somos diferentes. Merecemos respeito e oportunidade. O esporte é uma ferramenta fantástica para isso - explicou a venezuelana.

A brasileira Rafa destacou que as duplas femininas tem um prazo de validade maior.

-Mudou muito. As mulheres conseguiram conquistar o seu espaço dentro do esporte e fora dele. Na nossa modalidade, as mulheres são mais profissionais. O valor de ser uma dupla e fazer um trabalho diradouro, de treino, de organização. Temos mais duplas que se mantém. Mais constância do que no masculino. Tenho muito orgulho de poder falar isso e de ser referência para outras pessoas - explicou Rafa Miiller.

Confira a entrevista completa:

QUAL É O SEGREDO DE UMA PARCERIA DE SUCESSO?

Rafaella: Eu acho extremamente dificil um esporte em dupla, pois temos criações difrentes especialmente em modos de agir e pensar. O mais importante para fazer uma dupla duradoura é a gente acreditar que vai dar certo. A gente se completa com o estilo de jogo. Cada ano tem sido melhor. Agora, temos a ajuda do nosso treinador, o italiano Polo Tazzari. Se temos os mesmos valores, funciona bem mesmo que a gente não ganhe todos os torneios. O fato da gente acreditar no processo faz com que a dupla seja duradoura.

Patty: O maior desafio do esporte coletivo é acreditar em uma dupla a longo prazo, acreditar no processo. O resultado não vem de imediato e o jogo precisa casar. Mais umportante do que isso é você ter os mesmos valores e objetivos. Temos muito respeito uma pela outra dentro e fora de quadra. Vamos na mesma linha de disciplina, sacrifício e vontade de evoluir. Nos dedicamos 100% ao beach tennis. Não somos perfeitas, pois somos pessoas diferentes. Enfrentamos desafios diários por formas de pensar diferente. Mas, faz parte do nosso trabalho. Sempre pesa mais a nossa vontade de crescer juntas do que as nossas diferenças. Muitas pessoas buscam a perfeição, mas ela não existe em nada na vida.

O AUMENTO DA POPULARIDADE DO BEACH TENNIS:

Rafaella: É um esporte fácil para quem deseja começar uma atividade física. A areia acaba complicando um pouco, mas quem consegue o domínio da bola, fica feliz e acaba se estimulando. Conhecemos histórias e é gratificante; de pessoas que mudaram a vida por causa do beach tennis e até se curaram da depressão.

Patty: A gente vê esse momento como uma mudança positiva para o esporte. Pratico há 13 anos e eu precisava explicar como era o jogo anteriormente. Agora, não preciso explicar. Vejo muitos praticantes e no Brasil casou com a cultura por causa das praias e locais movimentados com música. A gente sempre tenta fazer com que o lado profissional seja valorizado. Como tem mais gente praticando, tudo tem mudado. O nosso esporte exige 100% com alimentação adequada e descanso.

A TRAJETÓRIA INDIVIDUAL E A FORMAÇÃO DA DUPLA

Rafaella: Eu comecei jogando tênis e fiquei um tempo parada trabalhando com o meu pai. Foi tudo na brincadeira. Tudo muito natural. Comecei no final de 2014. Dois anos depois, acabei levando mais a sério. Joguei contra a Patty pela primeira vez em 2016, quando ela era a número um do mundo. Nos juntamos quando a gente estava sem parceira fixa. No primeiro torneio, perdemos na primeira rodada. Com muito trabalho e esforço vimos que poderia funcionar.

Patty: Também vim do tênis e fazia hipismo. Parei com o alto rendimento por causa de lesão. Entrei no beach tennis sem expectativa de fazer outro esporte no alto rendimento, mas para minha surpresa eu não conseguia pensar mais em outra coisa. Quando conheci a Rafa, vi que o jogo dela era de esquerda e isso poderia me ajudar. No início, foi muito difícil. A gente tinha estilos diferentes, não nos entendíamos. Não dava pra achar o equilíbrio e quando o Paollo chega, ele melhora as nossas qualidades. Fizemos uma jogar pela outra.

O CALENDÁRIO DE 2025

Rafaella: Tivemos um ano muito bom. Ainda estamos na pré-temporada. Nosso calendário é super cheio. Vamos competir em Cuiabá, a partir do dia 11. Depois, vamos para Balneário Camburiú e Rio de Janeiro. Pretendemos levar o nosso técnico e a fisio. Não vejo a hora de competir.

Patty: A nossa dupla vive um bom momento com muita saúde. Os resultados não dependem só da gente, mas estamos preparadas. Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance com a nossa equipe. As nossas expectativas só aumentam.

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