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Dia 11/04/2025
11:35
Atualizado em 11/04/2025
13:49
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E sexta-feira chega, inexoravelmente depois de quinta, e deliciosamente antes de sábado. Que tal cair no mundo, seja na bucólica Araxá, com a etapa da Copa do Mundo de MTB (a partir de hoje, sexta), emendando num pulinho em El Salvador, onde parece que as ondas voltaram, para fechar a etapa de San Salvador da WSL que, se as ondas perfeitas permitirem, acaba no sábado, e hoje tem quartas de final cheia de brasucas. Vale ficar de olho (Sportv 3 transmite).


Por falar em boas ondas, peguemos fôlego, pois vamos rasgar o Atlântico e baixar lá “terrinha”, pertinho de Nazaré, onde, distante apenas 40 quilômetros da famosa praia do Norte, existe um lugar chamado Rio Maior, uma cidadezinha linda e suave, de uns 12 mil felizardos habitantes, e onde acontece, no sábado, a etapa portuguesa do Circuito Mundial de Marcha, tendo o nosso melhor marchador das Américas. Caio Bonfim encara fortes adversários com a moral elevada, trazendo de sua última competição internacional, no Japão (terra dos melhores marchadores da atualidade) sua melhor performance nos 20 quilômetros (1h17m37seg), em sexto lugar, mas há 13 segundos do vice-campeão. Caio que é, além da prata de Paris 24, bicampeão do Circuito mundial de Marcha. Vale muito à pena acompanhar via “streaming” esta etapa.


Mas não vamos demorar, nem mesmo para experimentar a sardinha do pequeno e simples bistrô que fica em frente ao Centro Olímpico de Treinamento, onde várias delegações brasileiras utilizam como base para as temporadas esportivas na Europa. Ela é crocante, salgada e temperada com o sal das salinas e azeites da região! Sigamos em frente que o fim de semana ainda é criança. De Portugal, mesmo com fome (de esportes olímpicos), sigamos rumo à Paris!

Paris neste fim de semana transbordará de esportes globais:
Sábado e domingo, acontece uma das provas mais aguardadas do ciclismo mundial: a rainha das clássicas, a difícil Paris-Roubaix, num percurso “ponto a ponto” de 260 quilômetros, com subidas desumanas, descidas infernais e os famosos paralelepípedos voadores (aonde quem voa é o ciclista e não as pedras de seis lados) Nesta prova, onde se encontrarão para o tira teima antes das grandes voltas (Itália, Espanha e França), os gigantes Van der Poel, atual bi-campeão, e Tadej Pogačar, que competirá nesta clássica pela primeira vez. Das clássicas (provas de apenas uma etapa, de preferência com alto grau de dificuldade e quilometragens acima de 220 quilômetros, acompanhados de sangue, suor e lágrimas), a Paris – Roubaix é a que mais me cativa. Espero que gostem. A ESPN faz tradicionalmente a cobertura desta prova, apenas a etapa masculina, de domingo.


E por falar em Paris, em domingo e em suor, que tal nos quedarmos um pouco mais na Cidade Luz. Afinal, a deslumbrante Maratona de Paris acontece, sim, neste mesmo domingo, nesta mesma Paris!


A primavera começa a amadurecer em Paris. As manhãs, ainda frias, já tem aquele brilho do sol que faz explodir a cidade em cores vivas. E é neste cenário absolutamente incrível que mais de 50 mil participantes, vindos de 145 países diferentes, se aconchegam na Largada, na imponente Champs-Élysées, à frente do Arco do Triunfo, para desfrutarem de uma experiência única, desfilar por quase todos os pontos turísticos da cidade, correndo.


É uma sequência impressionante de locais icônicos. Dá até vontade de desacelerar um pouquinho, tirar o celular daquele bolso interno de algum lugar de seu uniforme. Afinal serão imagens eternizadas, de um ponto único, que turistas normais nunca terão acesso. A prova é tão linda, e tão bem explorada pela TV local, que, durante os vários anos que participei da transmissão ao vivo dela, recebíamos mensagens de muita gente que não corria, nem se interessava pelos grandes desempenhos dos imbatíveis atletas africanos. Elas queriam desfrutar de Paris madrugada afora, ou adentro, num passeio especial, por mais de duas horas, se deleitando com o Louvre e sua Pirâmide exótica e solitária, com a passagem pela Place de la Concorde, pela Bastille, se encantando com os encantos dos bosques (de Vincennes, e Boulogne).

E tome Notre Dame para não perder a fé que completará a prova. Mas se, lá pelos 30 quilômetros, você quiser se reanimar, olhe para sua esquerda, despretensiosamente, e se inspire com a Torre Eiffel. Quando já estiver duvidando de suas pernas sofridas, deixando sua alma no Bois de Boulogne, lembre disso: falta pouco, a avenida Foch é logo ali, dobrando à direita. Respire fundo, segure as lágrimas, a sombra imponente do Arco do Triunfo te aguarda. Aprume o corpo, esqueça que os últimos 400 metros são em asfalto e paralelepípedos, lembre da Paris – Roubaix ali de cima, que tem quase 60 quilômetros de puro paralelepípedo. É hora de curtir, transcender, prepara corpo e alma para cruzarem a linha de chegada. Paris é de vocês!


Muito bem, agradeça os aplausos, pegue algumas frutas, volte rápido pro hotel, aproveite, é hora de partir. Nosso fim de semana olímpico está acabando. Hora de voltar para casa. Próxima sexta tem mais, cada vez mais!
Mas não esquece que terça é dia de “textão”!

Lauter Nogueira

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